quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A vida de Madre Teresa de Calcutá


Madre Teresa de Calcutá, também chamada Beata Teresa de Calcutá, cujo nome verdadeiro é Agnes Gonxha Bojaxhiu (Skopje, 26 de Agosto de 1910 — Calcutá, 5 de Setembro de 1997), foi uma missionária católica albanesa, nascida na República da Macedônia e naturalizada indiana, beatificada pela Igreja Católica em 2003. Considerada, por alguns, a missionária do século XX, fundou a congregação “Missionárias da Caridade”, tornando-se conhecida ainda em vida pelo cognome de “Santa das sarjetas”. Biografia

Agnes Gonxha Bojaxhiu, nasceu em 26 de agosto de 1910, em Skopje, na Macedônia, filha de pais albaneses, numa família de três filhos, sendo duas moças e um rapaz. Freqüentou uma escola não católica.

Aos 12 anos, ouviu um jesuíta que era missionário na Índia dizer: “Cada qual em sua vida deve seguir seu próprio caminho”. Tais palavras a impressionaram e se determinou a dar um sentido à sua vida, a entregar-se a serviço dos outros: fazer-se missionária. E já nesta idade procurou o referido jesuíta para saber como fazer isso, ao que o prudente homem respondeu que aguardasse a confirmação do tempo e da “voz de Deus”.

Seis anos mais tarde, cada vez mais convicta de sua vocação, solicitou a admissão na Congregação das Irmãs do Loreto que trabalhava em Bengala, mas teve primeiro de aprender a língua inglesa em Dublim. De Dublim foi enviada para a Índia em 1931 a fim de iniciar seu noviciado em Darjeeling no colégio das Irmãs de Calcutá.

No dia 24 de maio de 1931, fez a profissão religiosa, e emitiu os votos temporários de pobreza, castidade e obediência tomando o nome de “Teresa”. A origem da escolha deste nome residiu no fato de ser em honra à monja francesa Teresa de Lisieux, padroeira das missionárias, canonizada em 1927 e conhecida como Santa Teresinha.

De Darjeeling passou para Calcutá, onde exerceu, durante os anos 30 e 40, a docência em Geografia no colégio bengalês de Sta Mary, também pertencente à congregação de Nossa Senhora do Loreto. Impressionada com os problemas sociais da Índia, que se refletiam nas condições de vida das crianças, mulheres e velhos que viviam na rua e em absoluta miséria, fez a profissão perpétua a 24 de maio de 1937.

Com a partida do colégio, tirou um curso rápido de enfermagem, que veio a tornar-se um pilar fundamental da sua tarefa no mundo.
Em 1946, decidiu reformular a sua trajetória de vida. Dois anos depois, e após muita insistência, o Papa Pio XII permitiu que abandonasse as suas funções enquanto monja, para iniciar uma nova congregação de caridade, cujo objetivo era ensinar as crianças pobres a ler. Desta forma, nasceu a sua Ordem – As Missionárias da Caridade. Como hábito, escolheu o sári, nas cores — justificou ela — “branco, por significar pureza e azul, por ser a cor da Virgem Maria”. Como princípios, adotou o abandono de todos os bens materiais. O espólio de cada irmã resumia-se a um prato de esmalte, um jogo de roupa interior, um par de sandálias, um pedaço de sabão, uma almofada e um colchão, um par de lençóis, e um balde metálico com o respectivo número.

Começou a sua atividade reunindo algumas crianças, a quem começou a ensinar o alfabeto e as regras de higiene. A sua tarefa diária centrava-se na angariação de donativos e na difusão da palavra de alento e de confiança em Deus.
No dia 21 de dezembro de 1948, foi-lhe concedida a nacionalidade indiana. A partir de 1950 empenhou-se em auxiliar os doentes com lepra.
Em 1965, o Papa Paulo VI colocou sob controle do papado a sua congregação e deu autorização para a sua expansão a outros países. Centros de apoio a leprosos, velhos, cegos e doentes com HIV surgiram em várias cidades do mundo, bem como escolas, orfanatos e trabalhos de reabilitação com presidiários.

Servindo ao mundo

Ao primeiro lar infantil ou “Sishi Bavan” (Casa da Esperança), fundada em 1952, juntou-se o “Lar dos Moribundos”, em Kalighat.
Mais de uma década depois, em 1965, a Santa Sé aprovou a Congregação Missionárias da Caridade e, entre 1968 e 1989, estabeleceu a sua presença missionária em países como Albânia, Rússia, Cuba, Canadá, Palestina, Bangladesh, Austrália, Estados Unidos da América, Ceilão, Itália, antiga União Soviética, China, etc.

O reconhecimento do mundo pelo seu trabalho concretizou-se com o Templeton Prize, em 1973, e com o Nobel da Paz, no dia 17 de outubro de 1979.
Morreu em 1997 aos 87 anos, de ataque cardíaco, quando preparava um serviço religioso em memória da Princesa Diana de Gales, sua grande amiga e falecida ela própria 6 dias antes, num acidente de automóvel em Paris. Tratado como um funeral de Estado, vários foram os representantes do mundo que quiseram estar presentes para prestar a sua homenagem. As televisões do mundo inteiro transmitiram ao vivo durante uma semana, os milhões que queriam vê-la no estádio Netaji. No dia 19 de outubro de 2003, o Papa João Paulo II beatificou Madre Teresa.

O seu trabalho missionário continua através da irmã Nirmala, eleita no dia 13 de março de 1997 como sua sucessora.
Um de seus pensamentos era este: “Não usemos bombas nem armas para conquistar o mundo. Usemos o amor e a compaixão. A paz começa com um sorriso”.

A “noite escura” de Madre Teresa

Uma coleção de cartas dirigidas a uns poucos conselheiros espirituais e recolhidas no livro “Madre Teresa venha, seja minha luz” (Mother Teresa: Come Be My Light) publicado em 4 de setembro de 2007, traduzido e publicado no Brasil pela editora Thomas Nelson, organizado pelo Padre Brian Kolodiejchuk, postulador da causa da sua canonização revelaram, segundo alguns, dúvidas profundas de madre Teresa sobre sua fé em Deus, provocando discussões sobre uma possível posição agnóstica.

Madre Teresa, em suas cartas, descreveu como sentia falta de respostas de Deus.[1] Em 1956 escreveu: “Tão profunda ânsia por Deus – e … repulsa – vazio – sem fé – sem amor – sem fervor. Almas não atrai – O céu não significa nada – reze por mim para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo.” Em 1959: “Se não houver Deus – não pode haver alma – se não houver alma então, Jesus – Você também não é real.”

Uma de suas cartas ao Padre Neuner dizia: “Pela primeira vez ao longo de 11 anos – cheguei a amar a escuridão. – Pois agora acredito que é parte, uma parte muito, muito pequena da escuridão e da dor de Jesus neste mundo. O Senhor ensinou-me a aceitá-la [como] um ‘lado espiritual de sua obra’, como escreveu. – Hoje senti realmente uma profunda alegria – que Jesus já não pode passar pela agonia – mas que quer passar por mim. – Abandono-me a Ele mais do que nunca. – Sim – mais do que nunca estarei à disposição.”

No entanto, o texto de suas cartas não deve afetar a campanha por sua santificação, já que a Igreja defende que outros santos também demonstraram dúvidas em relação a sua fé, como por exemplo São Tomé.

A crise espiritual.


Segundo o postulador da causa da canonização de Madre Teresa e autor do livro, a sua crise espiritual começou nos anos 50, logo após a fundação da ordem das Missionárias da Caridade; a partir daí “viveu uma grande fase de escuridão interior que se prolongou até a sua morte”. “Sabia que estava unida a Deus, mas não conseguia sentir nada” Este fenômeno é conhecido na tradição e na teologia mística cristã, e foi São João da Cruz quem o chamou de noite escura do espírito, o que considera uma etapa no caminho de alguns santos no caminho de identificação com Deus.

Silêncio divino.

Bento XVI comentando as cartas disse que este silêncio serve para que os crentes percebam a situação daqueles que não acreditam em Deus. Falando sobre as experiências místicas da beata disse que “tudo aquilo que já sabíamos se mostra agora ainda mais abertamente: com toda a sua caridade, a sua força de fé, Madre Teresa sofria com o silêncio de Deus”.

Antídoto contra o sentimentalismo.


Kolodiejchuk enxerga na atitude da beata um antídoto contra o sentimentalismo: “A tendência em nossa vida espiritual, e também na atitude mais geral relativamente ao amor, é que o que conta são os nossos sentimentos. Assim a totalidade do amor é o que sentimos. Mas o amor autêntico a alguém requer o compromisso, fidelidade e vulnerabilidade. Madre Teresa não “sentia” o amor de Cristo, e poderia ter cortado, mas levantava-se às 4:30 h. cada manhã por Jesus e era capaz de escrever-lhe: Tua felicidade é o único que quero. Este é um poderoso exemplo, inclusive em termos não puramente religiosos.”

Santa da escuridão.

O jornal The New York Times em editorial de 5 de setembro de 2007 assinala que Madre Teresa em uma de suas cartas afirma que se alguma vez chegarei a ser santa, seguramente o serei da escuridão. O editorial cita a jornalista e escritora Flannery O’Connor, católica, que passou por uma difícil enfermidade de natureza degenerativa, que escreveu que existem pessoas que “pensam que a fé é um grande cobertor elétrico, quando é com certeza a cruz”.

O artigo procura estabelecer um paralelismo entre o sofrimento dessas duas mulheres quando considera que “ambas não falaram sobre o seu próprio sofrimento e continuaram a trabalhar. “Madre Teresa, enferma de nostalgia por um sentido do divino, manteve a fé com os enfermos de Calcutá”, conclui o editorial.

Michael Gerson, colunista do Washington Post, a respeito da “noite escura” de Madre Teresa, escreve que este fato interior e o contraste externo de sua alegria e sorriso não podem ser considerados como se fosse hipocrisia. Afirma que “Há uma espécie de valentia na perda da ilusão sem perder o coração” e que “a santidade tem que ver mais com obediência que com sentimentos espirituais, que a fé pode coexistir com o sofrimento e a dúvida, que a santidade pode ser mais áspera e mais difícil do que imaginamos”.

Papa comenta “noite escura” que viveu Madre Teresa de Calcutá

Bento XVI mostrou-se atento às novas revelações sobre a vida de Madre Teresa de Calcutá e disse, que a Beata, “com toda a sua caridade, a sua força de fé, sofria com o silêncio de Deus”.

O Papa falava perante quase meio milhão de jovens reunidos na localidade de Loreto, na Itália, numa peregrinação de dois dias promovida pela Conferência Episcopal Italiana e com representações juvenis de toda a Europa, incluindo Portugal.

“Todos nós, mesmo os crentes conhecem o silêncio de Deus. Até mesmo a Madre Teresa”, disse Bento XVI, em resposta a uma questão dos jovens, acrescentando que esse silêncio serve para os crentes perceberem a situação das pessoas que não acreditam em Deus.

O livro que levou o Papa a falar sobre o “silêncio de Deus” chama-se Mother Teresa: Come Be My Light (Madre Teresa: vem iluminar-me) e vai ser lançado amanhã, véspera do décimo aniversário da morte de Teresa de Calcutá.

Bento XVI falou das “experiências espirituais de Madre Teresa” e disse que “tudo aquilo que já sabíamos se mostra agora ainda mais abertamente: com toda a sua caridade, a sua força de fé, Madre Teresa sofria com o silêncio de Deus”.

Aos jovens, o Papa disse que “a beleza da criação é uma das fontes em que podemos realmente tocar na beleza de Deus, podemos ver que o Criador existe e é bom”.

HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II
DURANTE O SOLENE RITO DE BEATIFICAÇÃO
DE MADRE TERESA
NO DIA MISSIONÁRIO MUNDIAL

Domingo, 19 de Outubro de 2003

1. “Quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se servo de todos” (Mc 10, 44). Estas palavras de Jesus aos discípulos, que ressoaram há pouco nesta Praça, indicam qual é o caminho que leva à “grandeza” evangélica. É o caminho que o próprio Cristo percorreu até à Cruz; um itinerário de amor e de serviço, que inverte qualquer lógica humana. Ser o servo de todos! Madre Teresa de Calcutá, Fundadora dos Missionários e das Missionárias da Caridade, que hoje tenho a alegria de inscrever no Álbum dos Beatos, deixou-se guiar por esta lógica. Estou pessoalmente grato a esta mulher corajosa, que senti sempre ao meu lado. Ícone do Bom Samaritano, ela ia a toda a parte para servir Cristo nos mais pobres entre os pobres. Nem conflitos nem guerras conseguiam ser um impedimento para ela.

De vez em quando vinha falar-me das suas experiências ao serviço dos valores evangélicos. Recordo, por exemplo, as suas intervenções a favor da vida e contra o aborto, também quando lhe foi conferido o prémio Nobel pela paz (Oslo, 10 de Dezembro de 1979). Costumava dizer: “Se ouvirdes que alguma mulher não deseja ter o seu menino e pretende abortar, procurai convencê-la a trazer-mo. Eu amá-lo-ei, vendo nele o sinal do amor de Deus”.

2. Não é significativo que a sua beatificação se realize precisamente no dia em que a Igreja celebra o Dia Missionário Mundial? Com o testemunho da sua vida, Madre Teresa recorda a todos que a missão evangelizadora da Igreja passa através da caridade, alimentada na oração e na escuta da palavra de Deus. É emblemática deste estilo missionário a imagem que mostra a nova Beata que, com uma mão, segura uma criança e, com a outra, desfia o Rosário.

Contemplação e acção, evangelização e promoção humana: Madre Teresa proclama o Evangelho com a sua vida inteiramente doada aos pobres mas, ao mesmo tempo, envolvida pela oração.

3. “Quem quiser ser grande entre vós faça-se Vosso servo” (Mc 10, 43). É com particular emoção que hoje recordamos Madre Teresa, grande serva dos pobres, da Igreja e do Mundo inteiro. A sua vida é um testemunho da dignidade e do privilégio do serviço humilde. Ela escolheu ser não apenas a mais pequena, mas a serva dos mais pequeninos. Como mãe autêntica dos pobres, inclinou-se diante dos que sofriam várias formas de pobreza. A sua grandeza reside na sua capacidade de doar sem calcular o custo, de se doar “até doer”. A sua vida foi uma vivência radical e uma proclamação audaciosa do Evangelho.

O brado de Jesus na cruz, “Tenho sede” (Jo 19, 28), que exprime a profundidade do desejo que o homem tem de Deus, penetrou no coração de Madre Teresa e encontrou terreno fértil no seu coração. Satisfazer a sede que Jesus tem de amor e de almas, em união com Maria, Sua Mãe, tinha-se tornado a única finalidade da existência de Madre Teresa, e a força interior que a fazia superar-se a si mesma e “ir depressa” de uma parte a outra do mundo, a fim de se comprometer pela salvação e santificação dos mais pobres.

4. “Sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40). Este trecho do Evangelho, tão fundamental para compreender o serviço de Madre Teresa aos pobres, estava na base da sua convicção, cheia de fé, que ao tocar os corpos enfraquecidos dos pobres tocava o corpo de Cristo. O seu serviço destinava-se ao próprio Jesus, escondido sob as vestes angustiantes dos mais pobres. Madre Teresa realça o significado mais profundo do serviço: um gesto de amor feito aos famintos, aos sequiosos, aos estrangeiros, a quem está nu, doente, preso (cf. Mt 25, 34-36), é feito ao próprio Jesus.

Ao reconhecê-l’O servia-O com grande devoção, exprimindo a delicadeza do seu amor esponsal. Assim, no dom total de si a Deus e ao próximo, Madre Teresa encontrou a sua satisfação mais nobre e viveu as qualidades mais elevadas da sua feminilidade. Desejava ser um “sinal do amor de Deus, da presença de Deus, da compaixão de Deus” e, desta forma, recordar a todos o valor e a dignidade de cada filho de Deus “criado para amar e para ser amado”. Era assim que Madre Teresa “levava as almas para Deus e Deus às almas”, aliviando a sede de Cristo, sobretudo das pessoas mais necessitadas, cuja visão de Deus tinha sido ofuscada pelo sofrimento e pela dor.

5. “Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10, 45). Madre Teresa partilhou a paixão do Crucificado, de modo especial durante longos anos de “obscuridade interior”. Aquela foi a prova, por vezes lancinante, acolhida como um singular “dom e privilégio”.

Nos momentos mais difíceis ela recorria com mais tenacidade à oração diante do Santíssimo Sacramento. Esta difícil angústia espiritual levou-a a identificar-se cada vez mais com aqueles que servia todos os dias, experimentando o sofrimento e por vezes até a recusa. Gostava de repetir que a maior pobreza é não sermos desejados, não ter ninguém que se ocupe de nós.
6. “Dai-nos, Senhor, a Vossa graça, em Vós esperamos!”. Quantas vezes, como o Salmista, também Madre Teresa, nos momentos de desolação interior, repetiu ao seu Senhor: “Em Vós, meu Deus, em Vós espero!”.

Prestemos honra a esta pequena mulher apaixonada por Deus, humilde mensageira do Evangelho e infatigável benfeitora da nossa época. Aceitemos a sua mensagem e sigamos o seu exemplo.

Virgem Maria, Rainha de todos os Santos, ajuda-nos a ser mansos e humildes de coração como esta intrépida mensageira do Amor. Ajuda-nos a servir com a alegria e com o sorriso todas as pessoas que encontramos. Ajuda-nos a ser missionários de Cristo, nossa paz e nossa esperança. Amém!


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Madre_Teresa_de_Calcutá#Biografia

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