quarta-feira, 6 de junho de 2018

O caminho de volta... Crônica de Teta Barbosa

P/ ler c/ calma e guardar na alma...
Vi a placa de retorno e estou assim, procurando o caminho de volta...






"Que belo texto"

O caminho de volta...  
 (Teta Barbosa - jornalista, publicitária e mora no Recife)


"Já estou voltando. Só tenho 50 anos e já estou fazendo o caminho de volta. Até o ano passado eu ainda estava indo... Indo morar no apartamento mais alto, do prédio mais alto, do bairro mais nobre.  Indo comprar o carro do ano, a bolsa de marca, a roupa da moda. Claro que para isso, durante o caminho de ida, eu fazia hora extra, fazia serão, fazia dos fins de semana eternas segundas-feiras.  Até que um dia, meu filho quase chamou a babá de mãe!  Mas, com quase cinquenta, eu estava chegando lá. Onde mesmo?  No que ninguém conseguiu responder. Eu imaginei que quando chegasse lá, ia ter uma placa com a palavra "fim".  Antes dela, avistei a placa de "retorno" e, nela mesmo, dei meia volta.  Comprei uma casa no campo (maneira chique de falar, mas ela é no meio do mato mesmo).  É longe que só a gota serena! Longe do prédio mais alto, do bairro mais chique, do carro mais novo, da hora extra, da babá quase mãe. Agora tenho menos dinheiro e mais filho. Menos marca e mais tempo.  E não é que meus pais (que quando eu morava no bairro nobre me visitaram quatro vezes em quatro anos), agora vêm pra cá todo fim de semana?  E meu filho anda de bicicleta, eu rego as plantas e meu marido descobriu que gosta de cozinhar (principalmente quando os ingredientes vêm da horta que ele mesmo plantou). Por aqui, quando chove, a Internet não chega. Fico torcendo que chova, porque é quando meu filho, espontaneamente (por falta do que fazer mesmo), abre um livro e, pasmem, lê.  E no que alguém diz: "a internet voltou!", já é tarde demais, porque o livro já está melhor que o Facebook, o Instagram e o Snapchat juntos. Aqui se chama "aldeia" e tal qual uma aldeia indígena, vira e mexe eu faço a dança da chuva, o chá com a planta, a rede de cama. Aos domingos, converso com os vizinhos. Nas segundas, vou trabalhar, contando as horas para voltar... Aí eu me lembro da placa "retorno", e acho que nela deveria ter um subtítulo que diz assim: "retorno – última chance de você salvar sua vida!"  Você, provavelmente, ainda está indo. Não é culpa sua. É culpa do comercial que disse: "Compre um e leve dois".  Nós, da banda de cá, esperamos sua visita.  Porque sim, mais dia menos dia, você também vai querer fazer o caminho de volta..."

CUIDE DO SEU TEMPO, CUIDE DA SUA FAMÍLIA. Que possamos encontrar a “placa de retorno” e valorizar o que realmente é importante!❣💕🌹❤




Tags: cinquentão, cinquentona, volta, snapchat, caminhos, 

5 comentários:

Robson Ramos disse...


Conhecer seu blog foi
uma satisfação enorme!
Está de parabéns pelo blog!
Espero por sua visita em meu blog também.
https://www.robsonpensador.blog.br

Unknown disse...

Bom
😂

Cláudio Cesar de Lima disse...

Um belo texto, puxado lá do fundo da alma, sem medo, sem pressa, sem contornos e a pura alegria que nos chega das pequenas (pequenas?) coisas que na corrida maluca não vimos por aquele caminho que tinha várias pedras, onde tropeçávamos (ou tropicava) e seguia, imaginando ser o correto.
Portanto, só se percebe o que foi deixado quando o achamos bem a nossa frente, ali, reluzindo ao sol e nos convidando para nos jogar. Não há, no entanto, que os caminhos tortos não sejam ensinados, como bem o faz a escritora merecedora de aplausos.
Um grande abraço a todos que, mesmo ainda tropicando conseguem, assim, desviar das pedras do caminho.

Gabriel J Reis disse...

Lindo texto de reflexão do nosso viver. Interssante ao dizer minha "Casa de Campo", por acaso fica no meio do mato ou na entrada do mato ou na saida do mato.

sfghsfh disse...

its cool