terça-feira, 22 de outubro de 2013

Vinícius de Moares amou um homem


Louco pelas mulheres, o poeta Vinicius de Moraes também amou um homem e a ele dedicou sonetos e canções: o chileno Pablo Neruda.

vinicius de moraes pablo neruda
Vinicius de Moraes e Pablo Neruda (Foto: Pedro de Moraes)
Cynara Menezes, em seu blog
Louco pelas mulheres, Vinicius de Moraes também amou um homem e a ele dedicou sonetos e canções: o chileno Pablo Neruda. Os dois poetas se conheceram em julho de 1945, quando Neruda veio ao Brasil e fez contato com vários de nossos escritores. Segundo os especialistas na obra de Neruda, foi uma viagem importante na carreira do autor de Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, por ter sido o começo de seu reconhecimento fora do Chile, como escritor e intelectual comprometido.
Pablo Neruda declamou um poema para o Pacaembu lotado na homenagem ao líder comunista Luiz Carlos Prestes, experiência que descreveria assim em suas memórias, Confesso que Vivi: “aqueles aplausos tiveram profunda ressonância em minha poesia. Um poeta que lê seus versos diante de 130 mil pessoas não continua sendo o mesmo nem pode escrever mais da mesma forma.”
Em 1960, ele e Vinicius viajariam de navio de Montevidéu até a França, consolidando a amizade. Escreveu Vinicius no livro História Natural de Pablo Neruda:
Minha vida, tua morte, nosso amor, nossa poesia.
Por acaso em 60 nos encontramos
Em Montevidéu e viajamos juntos de navio
Ocorreram poesias
Trocamo-nos sonetos de muito amor, amigo
Tu e eu escrevíamos nas tardes quietas
No convés vazio…
O livro foi uma homenagem do brasileiro ao chileno após sua morte, em 1973, apenas doze dias após o golpe que derrubou Salvador Allende. Saiu em edição artesanal pela Macunaíma, de Salvador, com apenas 300 exemplares, ilustrado com as xilogravuras de Calasans Neto. Em 2006, a Companhia das Letras relançou a obra, ainda disponível no catálogo da editora, com prefácio de Ferreira Gullar.
No volume que dedicou à viúva de Neruda, Matilde, Vinicius escreveu: “Com muito amor e dor”. O livro também se transformaria num espetáculo com Toquinho e Quarteto em Cy, no Tuca, em São Paulo, no mesmo ano. Era uma época em que poetas não tinham pudores de se dedicar poemas mutuamente. Vinicius se derramava em amores por Pablo:

Soneto a Pablo Neruda

Quantos caminhos não fizemos juntos
Neruda, meu irmão, meu companheiro…
Mas este encontro súbito, entre muitos
Não foi ele o mais belo e verdadeiro?
Canto maior, canto menor — dois cantos
Fazem-se agora ouvir sob o Cruzeiro
E em seu recesso as cóleras e os prantos
Do homem chileno e do homem brasileiro
E o seu amor — o amor que hoje encontramos…
Por isso, ao se tocarem nossos ramos
Celebro-te ainda além, Cantor Geral
Porque como eu, bicho pesado, voas
Mas mais alto e melhor do céu entoas
Teu furioso canto material!
E a paixão do brasileiro era correspondida:

A Vinicius de Moraes

No dejaste deberes sin cumplir;
Tu tarea de amor fue la primera;
Jugaste con el mar como un delfín
Y perteneces a la primavera.
Cuanto pasado para no morir!
Y cada vez la vida que te espera!
Por tí Gabriela supo sonreír
(Me lo dijo mi muerta compañera).
No olvidaré que en esa travesía,
Llevavas de la mano a la alegría
Como tu hermano del país lejano.
Del pasado aprendiste a ser futuro
Y soy más joven porque, en un dia puro,
Yo vi nacer a Orpheu de tu mano.
Como diria outro poeta: e quem há de negar que a amizade é superior ao amor?
Ouça Vinicius declamando em homenagem a seu grande amigo Pablo Neruda no show História Natural de Pablo Neruda (1974).
Breve consideração à margem do ano assassino de 1973
Que ano mais sem critério
Esse de setenta e três…
Levou para o cemitério
Três Pablos de uma só vez.
Três Pablões, não três pablinhos
No tempo como no espaço
Pablos de muitos caminhos:
Neruda, Casals, Picasso.
Três Pablos que se empenharam
Contra o fascismo espanhol
Três Pablos que muito amaram
Três Pablos cheios de Sol.
Um trio de imensos Pablos
Em gênio e demonstração
Feita de engenho, trabalho
Pincel, arco e escrita à mão.
Três publicíssimos Pablos
Picasso, Casals, Neruda
Três Pablos de muita agenda
Três Pablos de muita ajuda.
Três líderes cuja morte
O mundo inteiro sentiu.
Ôh ano triste e sem sorte:
– Vá pra puta que o pariu!
Nestes 100 anos do poeta brasileiro, não deixe de assistir também ao documentário Vinicius, de Miguel Faria Jr. (2005). Saravá!

fonte: www.pragmatismopolitico.com.br
tags: neruda, vinícius de moraes, paixão, poema, 

A Recepção - Crônica de Luis Fernando Veríssimo


Escritor Luis Fernando Veríssimo chega ao céu e pergunta se lá há lugar para ateu?


A recepcionista que me recebe na porta do céu é simpática. Digita meu nome no computador, sorrindo. Mas o sorriso desaparece de repente. É substituído por uma expressão de desapontamento.
Ai, ai, ai… – diz a recepcionista. – Aqui onde diz “Religião”. Está: “Nenhuma”
- Pois é…
- O senhor não tem nenhuma religião? Pode ser qualquer uma. Nós encaminhamos para o céu correspondente. Ou, se o senhor preferir reencarnação…
- Não, não. Não tem céu só pra ateu?
Não existe um céu só para ateus. Nem para agnósticos. Também não são permitidas conversões “post-mortem” ou adesões de última hora. E me deixar entrar numa eternidade em que nunca acreditei, talvez tirando o lugar de um crente, não seria justo, eu não concordo?

- O que?
- Espere! – digo, dando um tapa na testa. – Me lembrei agora. Eu sou
Univitalista.
- Univitalista. É uma religião nova. Talvez por isso não esteja no computador.
- Em que vocês acreditam?
- Numa porção de coisas que eu não me lembro agora, mas a vida eterna é certamente uma delas. Isso eu garanto. Pelo menos foi o que me disseram quando me inscrevi.
A recepcionista não parece muito convencida mas pega um livreto que mantem ao lado do computador e vai direto na letra U. Não encontra nenhuma religião com aquele nome.
- Ela é novíssima – explico. – Ainda estava em teste.
A recepcionista sacode a cabeça mas diz que irá consultar o supervisor. Eu devo voltar ao meu lugar e esperar a decisão. Sento ao lado de outro descrente, que pergunta

- Você acredita nisto?
Eu… – começo a dizer, mas o outro não me deixa falar. – É tudo encenação. Tudo truque. Quem eles pensam que estão enganando?
E o outro se levanta e começa a chutar as nuvens que cobrem o chão da sala de espera.
- Olha aí. Isto é gelo seco! Você acha mesmo que existe vida depois da morte? Você acha mesmo que nós estamos aqui? É tudo propaganda religiosa! É tudo…
Salto sobre o homem, cubro sua cabeça com a camisola, atiro-o no chão e sento em cima dele. Para ele não estragar tudo. Claro que também acredito que aquilo é uma encenação. Mas seja o que for, durará uma eternidade.
Luis Fernando Veríssimo


tags: veríssimo, crônica, céu, religião, universal, recepção


domingo, 8 de setembro de 2013

São Francisco de Paula - Rio Grande do Sul - Brasil

Deixo com vocês algumas fotos da bela cidade de São Francisco de Paula no Rio grande do Sul, onde dia desses fomos passear. Não faltaram lugares bonitos para mostrar, então selecionei alguns aí pra vocês. Espero que gostem.








Homenagem ao chimarrão



 Lago São Bernardo

 Lago São Bernardo

Lago São Bernardo

 Lago São Bernardo



 Lago São Bernardo


 Monumento em homenagem ao gaúcho carreteiro






tags: são francisco, fotos, chimarrão, gaúcho, terra gaúcha, rio grande do sul

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Filhos, melhor não tê-los - Vinícius de Moraes

Deixo aí no blog para vocês um dos poemas mais lindos que ouvi nos últimos tempos, tentarei traduzir para o inglês ( google tradutor kkk ) para meus amigos do G+ possam também curtir.
 
Vinícius de Moraes
Poema de Vinicius de Moraes, "filhos, melhor não te-los"
Muito Lindo mesmo

Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Vinicius de MoraesPoem of Vinicius de Moraes, "children, better not have them"
Very Beautiful even

Children ... Children?
Better not to have them!
But if you do not have
How to know it?
If you do not have
That consultation
as silence
Because we want to!
Sea bathing
He says it is a club ...
spouse flies
Transposes space
water swallows
salt is
If iodifica
After that good
what morenaço
His wife is!
Result: son.
And then begins
The annoyance:
Poop is white
Poop is black
bebe ammonia
Ate button.
Children? children
Better not to have them
Sleepless nights
premature gray hair
convulsive weeping
My God, save it!
Children are the demo
Better not to have them ...
But if you do not have
How do you know them?
how to know
that softness
In your hair
That warm smell
In his flesh
It tastes sweet
In your mouth!
suck razor
drink shampoo
firing
the block
But that thing
What a crazy thing
What a beautiful thing
Children are
!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Os Caminhos das Pedras - Bento Gonçalves - Serra gaúcha

Os Caminhos de Pedra é um vale próximo à cidade serrana de Bento Gonçalves cortado por uma estrada ao longo da qual estão várias casas centenárias de imigrantes italianos. Apesar do nome, poucas são as casas de pedra no vale.
Nos últimos anos, os Caminhos de Pedra vem atraindo a atenção dos turistas que visitam a Serra Gaúcha. Algumas de suas casas podem ser visitadas.

Na cultura popular, os Caminhos de Pedra serviram de cenário para o filme O Quatrilho (1995), de Fábio Barreto, estrelado por Glória Pires e Patrícia Pillar, baseado no romance homônimo de José Clemente Pozenato.

Os mapas que eu recebi da região não informam o nome nem o número da estrada que corta o vale dos Caminhos de Pedra. A estrada é asfaltada em quase toda sua extensão, porém sem área de acostamento. O pequeno trecho final, onde fica a Casa da Erva Mate, ainda é de terra, porém em boas condições.


Foto 01: Os Caminhos de Pedra em relação à mancha urbana da cidade de Bento Gonçalves.

Foto 02: Casa dos Doces Predebon, a primeira casa com visitação dos Caminhos de Pedra.

Foto 03: A estrada principal dos Caminhos de Pedra.

Foto 04:

Foto 05:

Foto 06:

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Foto 08: Restaurante Nona Ludia.

Foto 09: Vista lateral do Restaurante Nona Ludia.

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Foto 11: Moinho Bertarello.

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Foto 13: Casa da Ovelha.

Foto 14: Restaurante Casa Vanni.

Foto 15: Uma casa antiga. Notem que há uma porta que abre para o lado de fora no segundo pavimento. Imagino que havia uma escada ali antes.

Foto 16: Casa da Erva Mate. Achei essa a casa mais interessante dos Caminhos de Pedra, não só pela roda d’água do lado de fora, mas também pelo fato de ali dentro ser produzida a erva mate de maneira artesanal. A roda d’água move o moinho que faz a trituração da erva mate.

Foto 17:

Foto 18: A roda d’água da Casa da Erva Mate.

Foto 19: Forno nos fundos da Casa da Erva Mate onde as folhas da erva mate passam pelo primeiro processo, que é a secagem.

Foto 20: Atenção gaúchos: eis um arbusto de erva mate. São as folhas e caules secos e triturados desse arbusto que viram a erva mate do nosso chimarrão.

Foto 21: Uma geral da Casa da Erva Mate.

Foto 22:

Foto 23:

Foto 24: O trecho desviado do córrego cujas águas vão mover a roda d’água da Casa da Erva Mate.

Foto 25: Essa casa fica em frente à Casa da Erva Mate. Depois de visitar a Casa da Erva Mate, eles nos levam até essa casa onde podemos experimentar chimarrão com a erva artesanal que eles mesmos produzem. Ali também é possível comprar artigos de artesanato, cartões postais, uvas, sucos, produtos coloniais, produtos de beleza (cremes e sabonetes líquidos) feitos com erva mate. Ah, e é claro, podemos também comprar a erva mate artesanal produzidas por eles mesmos. A casa pertence à família que produz a erva mate e são eles mesmos que nos conduzem a uma visita à Casa da Erva Mate.

Foto 26:

Foto 27: Simplesmente bucólico.

Foto 28: Há parreirais, também, no vale dos Caminhos de Pedra.

Foto 29: Vinícola Salvati e Sirena.

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Foto 31:

Foto 32: Esta foto é muito interessante. Lá atrás, a casa nova da família dona da propriedade, ainda em construção. Em primeiro plano, as construções antigas em madeira que eles preservam. Se fosse aqui em Porto Alegre, as construções em madeira já estariam todas destruídas.

Foto 33: Aparentemente, são duas casas. Mas, na verdade, é uma única casa.

Foto 34: .

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Foto 37: Esse é o mesmo riachinho que vem lá da Casa da Erva Mate e que faz mover aquela roda d’água.

Foto 38: Um casarão mais simples do vale dos Caminhos de Pedra.

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Foto 40: Típica casa dos imigrantes italianos, de madeira e telhado de zinco, repleta de janelas. Não sei se ela ainda é habitada. Acho que sim.

Foto 41: Um forno à lenha em uma das propriedades da região.

Foto 42: Casa da Tecelagem.

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Foto 44: Casa do Artesanato e Casa das Massas.

Foto 45: Casa do Artesanato e Casa das Massas.

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Foto 54: A pista molhada depois da chuva.

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Foto 59: Conjunto Residencial Barp.

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Foto 61: Conjunto Residencial Barp (detalhe).

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Foto 64: Casa Merlin.

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Foto 66: Uma cachoeira vista da estrada.

Foto 67: Capela Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Barracão, no início dos Caminhos de Pedra.

Foto 68: Destilaria Busnello em Barracão.

Espero que tenham gostado! 




crédito: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1072359


tags: o quatrilho, serra gaúcha, terra do vinho, bento gonçalves,