“Primeiramente, quero dizer que quem
está falando aqui, nesta entrevista, é Carlos Ray Norris Junior. O homem
que há mais de 40 anos tem sido abençoado com o carinho de seus fãs na
América e no mundo. Este homem precisa falar a todos sobre sua vida e
revelar algo muito sério”, dizia o lendário Chuck Norris no teaser de quinze segundos da última edição do programa 60 Minutes
veiculado recentemente durante os intervalos da programação da rede de
TV norte-americana CBS. A chamada da entrevista, concedida pelo ator ao
repórter Steve Kroft, ainda continha cenas em que Norris aparecia
visivelmente emocionado. Não foi à toa que a exibição do programa no
início da noite de hoje atingiu um público estimado de 112 milhões de
espectadores, recorde de audiência nos EUA.
“Esta
entrevista, com certeza, está entre os principais acontecimentos de
minha vida. Vocês irão entender do que estou falando… É algo difícil o
que tenho a dizer… Se me sinto menos digno em alguma coisa, talvez seja
por não ter trazido isto antes ao conhecimento de todos. O fato é que
eu… Minha orientação sexual sempre foi dirigida a homens. Homossexual,
gay, bicha… Eu não sei qual é o termo assimilado por vocês para definir
isso. Sei apenas que eu sou o que sou. Sou assim. Nunca me senti menos
homem ou anormal por isto.
Pelo contrário, homens memoráveis preencheram
com felicidade a minha existência.“
Com tais palavras, Norris se declarou
homossexual para o mundo. Ao longo de uma hora de entrevista, o astro,
que, graças a um domínio quase sobre-humano de diversas artes marciais,
adquiriu fama protagonizando dezenas de filmes de ação, relatou
acontecimentos importantes de sua vida e algumas de suas experiências
amorosas. A principal delas foi o romance de seis anos mantido em
segredo com o ator Bud Spencer durante a década de 70. Spencer faleceu
em junho deste ano e sua morte incentivou a decisão de Norris em revelar
sua orientação sexual. “Bud foi o amor de minha vida… O que posso dizer
sobre ele? Bud era um ursinho. Uma delícia, cara”, revelou emocionado.
Questionado por Steve Kroft se temia reações negativas vindas da
sociedade frente à sua manifestação, Chuck respondeu que conviveu com
tal medo durante muito tempo.
“De
certa forma, a pretensão dos covardes a praticar diversas formas de
violência com quem se desvia dos padrões doentios do que é considerado por eles
a normalidade foi o que me levou a aprender a lutar. Acho que já
demonstrei durante minha carreira o que pode acontecer com quem me
ameaça…. Mas, brincadeiras a parte, eu acho que essas pessoas deveriam
temer a si mesmas. Não acredito que as almas que se realizam através da
prática da intolerância estejam satisfeitas com o que vivem. Digo isso
tanto sobre quem espanca um ser humano por dividir sua intimidade com
alguém do mesmo sexo quanto de quem procura convencer o mundo de que
isso é uma doença de qualquer tipo. Quem se orienta por valores assim
acaba revelando aos outros uma natureza muito mais bizarra do que
qualquer uma já atribuída a homossexuais em qualquer sociedade
existente. É este o tipo de coisa que realmente destina a humanidade à
perdição.“
Norris manifestou ainda que há alguns
anos mantém uma fundação dedicada ao ensino de artes marciais a vítimas
da homofobia. “Essas pessoas precisam recuperar seu sentimento de
segurança de alguma forma. Mesmo que, para isso, tenham que aprender a
eliminar o inimigo com apenas um gesto… Acredite, o toque de um dedo no
lugar certo pode fazer qualquer otário desaparecer da sua frente, ou
cair de amor aos seus pés”, declarou bem humorado encerrando a
entrevista.
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fonte: diario de pernambuco