quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Rio Grande do Sul contará com mais um parque de energia eólica.

Bom, pessoal, esta é uma matéria antiga como vocês irão constatar quando forem ler, mas o que não é antigo e o que não é mentira são as fotos, pois ontem quando eu passava por lá, parei o carro e tirei algumas fotos pois fiquei impressionado com o tamanho destes " cataventos ".  
Mas vale aí o registro.  






O Rio Grande do Sul contará com mais um parque de energia eólica. O lançamento da pedra fundamental do novo empreendimento, que será instalado no Cassino, ocorrerá no final do ano. Com investimentos de R$ 400 milhões da Odebrecht, o parque produzirá 100 megawatts. O anúncio foi realizado neste sábado (3), em Havana, pelo diretor da Odebrecht, Alexandrino de Alencar, durante visita do governador Tarso Genro às obras do Porto de Mariel.


Com a ampliação dos parques eólicos no Estado, principalmente na Metade Sul, o RS amplia as iniciativas para produção de energias renováveis. O governador afirmou que o novo empreendimento é resultado das articulações promovidas pela Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI). “A energia eólica tem enorme importância para o RS, pela produção de energia limpa e por ser um investimento de R$ 400 milhões. É uma boa notícia para o Estado, que está alavancando desenvolvimento.”


O governador afirmou que a construção do parque eólico vai aumentar a capacidade da Região Sul. “Esse investimento vai nos colocar num patamar superior de desenvolvimento e de civilidade democrática, porque vai gerar emprego, renda, impostos e desenvolvimento para toda a sociedade”. Alencar garantiu que o lançamento deverá ocorrer até o final do ano. “É uma energia limpa, que o Estado precisa para crescer e ampliar a infraestrutura, criando uma base para o desenvolvimento industrial no RS”.




Com informações www.estado.rs.gov.br

Guitarrista do Queen detona o programa " The Voice "


Guitarrista do Queen classifica programa The Voice como um insulto à música: “entediante, burro e deprimente”
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Há quem adore e não sai ada frente da TV para assistir o programa, mas tem aqueles que detestam o reality show musical “The Voice”.

Bryan May, guitarrista do “Queen” está entre os artistas que não aprovam o formato do programa. O reality é transmitido pela BBC no Reino Unido, onde ele mora e tem versões espalhadas pelo mundo todo, inclusive no Brasil.


May até pede desculpas em seu site, diz que detesta ser negativo, mas para ele, ‘The Voice’ é o programa mais entediante, mais burro, mais deprimente da TV. É o insulto definitivo à música e aos artistas.

A versão britânica, à qual os comentários de May foram dirigidos, conta com um júri composto por Jessie J, Tom Jones e will.i.am e Bryan lamentou que Tom Jones, de quem ele é fã, participasse do programa.

Sobre a audição às cegas feita no programa ele não poupou críticas: “Toda vez que vejo alguns cantores jovens arrebentando suas tripas para tentar ganhar a atenção de alguém, que está sentado de maneira rude, virado de costas para eles…eu tenho nojo”, disparou. E mais, Bryan deseja a morte natural do programa.

Não é a primeira vez que um roqueiro se manifesta contra reality shows musicais. Em entrevista à revista britânica “NME” em março, Dave Grohl, líder do Foo Fighters, disse que os jurados desses programas são muito duros com os competidores que não têm tanto talento musical. Será que eles estão pegando pesado?

Segue a íntegra da declaração do guitarrista do Queen


“Desculpe, eu odeio ser negativo – mas eu tenho que dizer isso.

Na minha opinião, o ‘The Voice’ é absolutamente o programa mais irritante, estúpido e depressivo na televisão. É também um insulto à música e aos músicos.

Toda vez que eu vejo jovens cantores arrebentando suas entranhas para tentar conquistar a atenção de alguém, que está grosseiramente sentado de costas para o cantor… eu me sinto enojado.

O programa rebaixa o ato de cantar a um nível de um obstáculo estúpido. Isso não é definitivamente o sentido da música.

Quando alguém canta ou toca, de verdade, não precisa ficar se esgoelando para tentar persuadir alguém a notá-lo. Basta ter alguma mensagem, emoções sublimes, algo belo que possa ser compartilhado pelo músico com um público, que dá a atenção àquilo que ele acredita merecer. A apresentação é tudo que um músico pode oferecer… sua voz, seu som, sua linguagem corporal, sua expressão facial, um contato visual íntimo. É totalmente estúpida a ideia de que alguém possa julgar um cantor virado de costas para ele e perder todo esse contato. Para mim, isso não faz o menor sentido. É totalmente venenoso para o crescimento de jovens músicos.

Eu odeio ver o ótimo Tom Jones preso nesse cenário, que parece depravar todos a perderem sua dignidade.

Eu espero que esse programa tenha uma morte natural em breve.”

Banda Metallica 30 anos de história



História de orgulho, vitórias, dificuldades, contradições e música pesada. O conceituado jornalista britânico Mick Wall, ex-editor da revista 'Classic Rock' e autor de 'Led Zeppelin: Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra', realizou extensa pesquisa, mergulhou na vida da banda norte-americana Metallica e coloca agora nas prateleiras o livro 'Metallica - A Biografia' (Editora Globo, 472 páginas, R$ 49,90 em média).

O grupo criado pelo vocalista e guitarrista James Hetfield e pelo baterista Lars Ulrich - e que hoje conta também com o guitarrista Kirk Hammett e o contrabaixista Robert Trujillo - surgiu na Califórnia, nos Estados Unidos, em 1981, e começou a trilhar caminho em pequenos bares da região. Dois anos mais tarde veio 'Kill' Em All', disco de estreia.



Após uma década, já com quatro álbuns poderosos nas costas e o quinto - conhecido como álbum negro - saindo do forno, o Metallica conquistava não só o mundo como também não deixava dúvidas de ser criador e percussor do estilo conhecido como
thrash metal.

As páginas trazem também trechos de entrevistas com figuras como o cantor Glenn Danzig (do Misfits) e conversas realizadas entre Wall e o guitarrista Dave Mustaine (hoje no Megadeth), expulso do Metallica ainda nos primórdios da banda, Ulrich, Hammett e Hetfield.

Fotos ilustram 24 das páginas da publicação. Entre elas, relíquias como a tirada em 1982, em bastidor de show, quando a banda contava ainda com o contrabaixista Ron McGovney e Mustaine, e outras que registram momentos da grupo ainda em pequenos clubes.


Em meio aos diversos assuntos tratados, estão a mudança de gravadora ainda no segundo disco, a ascensão que veio já com o álbum 'Master Of Puppets' (1986), terceiro trabalho do grupo, e a exposição mundial, mérito do famoso disco negro. Problemas com drogas, o cansativo episódio em que o Metallica entrou na batalha judicial contra o Naspter (site de compartilhamento de músicas que disponibilizou canções da banda gratuitamente) e a saída conturbada do contrabaixista Jason Newsted também são revelados. "A separação aconteceu porque James não queria deixar Jason lançar um disco de seu projeto paralelo Echobrain", relata o autor sobre a briga entre os roqueiros.

O momento mais delicado e emocionante da biografia fica por conta dos detalhes que envolvem o fim da formação clássica, com a morte do contrabaixista Cliff Burton, em 1986. O músico morreu em acidente de ônibus que levava a banda em estrada na Suécia durante turnê de
'Master of Puppets'. O veículo derrapou na pista, Burton voou pela janela e foi esmagado pelo ônibus.


"O sol estava prestes a nascer, mas ainda estava escuro, um frio de congelar. Um dos primeiros a sair dos destroços foi o baterista.(...) Pela saída de emergência traseira saiu o vocalista, alto, transtornado.(...) Ele - tour manager - estava tão chocado que nem imaginava contar aos outros que, enquanto entravam nas ambulâncias e partiam para o hospital, eles estavam deixando para trás um dos seus.(...) Aquele de quem mais gostavam, aquele que sempre respeitaram", diz o autor.





quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Mário Quintana - 100 Anos

"Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas.
Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha,
nem desconfia que se acha conosco desde o início
das eras. Pensa que está somente afogando problemas
dele, João Silva... Ele está é bebendo a milenar
inquietação do mundo!"

Mário Quintana













































Eternamente Chorão - Um Ídolo não morre, vira lenda


Uma pequena homenagem a este grande sujeito. 








































































tags: chorão, charlie brown, banda rock, rock nacional, eternamente, líder

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Receita de pão de queijo na sanduicheira





Os loucos por Pão de Queijo não vão acreditar nisso!


Modo de Preparo: Bata no liquidificador 1 xícara de leite, 1 xícara de óleo de cozinha e 3 ovos, depois acrescente 2 xícaras de polvilho doce e a metade de um pacote de queijo ralado parmesão e sal a gosto. Bata até ficar homogêneo. Unte a sanduicheira com óleo com a ajuda de um papel toalha, depois despeje o conteúdo na sanduicheira, preenchendo o desenho do sanduíche. Coloque um pouco de queijo sobre a massa líquida e feche a sanduicheira. Deixe assando por aproximadamente 5 min. Quando corar está pronto! *A máquina de waffle também funciona para essa receita.





tags: receita, pão de queijo, shanduicheira
Fonte: Troca Troca Fashion

“Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro”- Entrevista com Giorgio Agamben, um dos maiores filósofos vivos.






 Confira abaixo a excelente entrevista com Giorgio Agamben, um dos principais intelectuais de sua geração
“O capitalismo é uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro”, afirma Giorgio Agamben, em entrevista concedida a Peppe Salvà.

Giorgio Agamben é um dos maiores filósofos vivos. Amigo de Pasolini e de Heidegger, foi definido pelo Times e pelo Le Monde como uma das dez mais importantes cabeças pensantes do mundo. Pelo segundo ano consecutivo ele transcorreu um longo período de férias em Scicli, na Sicília, Itália, onde concedeu a entrevista.

Segundo ele, “a nova ordem do poder mundial funda-se sobre um modelo de governabilidade que se define como democrática, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas”. Assim, “a tarefa que nos espera consiste em pensar integralmente, de cabo a cabo, aquilo que até agora havíamos definido com a expressão, de resto pouco clara em si mesma, “vida política”, afima Agamben.

A tradução é de Selvino J. Assmann, professor de Filosofia do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC [e tradutor de três das quatro obras de Agamben publicadas pela Boitempo].

“Crise” e “economia” atualmente não são usadas como conceitos, mas como palavras de ordem, que servem para impor e para fazer com que se aceitem medidas e restrições que as pessoas não têm motivo algum para aceitar. “Crise” hoje em dia significa simplesmente “você deve obedecer!”. Creio que seja evidente para todos que a chamada “crise” já dura decênios e nada mais é senão o modo normal como funciona o capitalismo em nosso tempo. E se trata de um funcionamento que nada tem de racional.

Para entendermos o que está acontecendo, é preciso tomar ao pé da letra a ideia de Walter Benjamin, segundo o qual o capitalismo é, realmente, uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro. Deus não morreu, ele se tornou Dinheiro. O Banco – com os seus cinzentos funcionários e especialistas – assumiu o lugar da Igreja e dos seus padres e, governando o crédito (até mesmo o crédito dos Estados, que docilmente abdicaram de sua soberania), manipula e gere a fé – a escassa, incerta confiança – que o nosso tempo ainda traz consigo. Além disso, o fato de o capitalismo ser hoje uma religião, nada o mostra melhor do que o titulo de um grande jornal nacional (italiano) de alguns dias atrás: “salvar o euro a qualquer preço”. Isso mesmo, “salvar” é um termo religioso, mas o que significa “a qualquer preço”? Até ao preço de “sacrificar” vidas humanas? Só numa perspectiva religiosa (ou melhor, pseudo-religiosa) podem ser feitas afirmações tão evidentemente absurdas e desumanas.

A crise econômica que ameaça levar consigo parte dos Estados europeus pode ser vista como condição de crise de toda a modernidade?
A crise atravessada pela Europa não é apenas um problema econômico, como se gostaria que fosse vista, mas é antes de mais nada uma crise da relação com o passado. O conhecimento do passado é o único caminho de acesso ao presente. É procurando compreender o presente que os seres humanos – pelo menos nós, europeus – são obrigados a interrogar o passado. Eu disse “nós, europeus”, pois me parece que, se admitirmos que a palavra “Europa” tenha um sentido, ele, como hoje aparece como evidente, não pode ser nem político, nem religioso e menos ainda econômico, mas talvez consista nisso, no fato de que o homem europeu – à diferença, por exemplo, dos asiáticos e dos americanos, para quem a história e o passado têm um significado completamente diferente – pode ter acesso à sua verdade unicamente através de um confronto com o passado, unicamente fazendo as contas com a sua história.

O passado não é, pois, apenas um patrimônio de bens e de tradições, de memórias e de saberes, mas também e sobretudo um componente antropológico essencial do homem europeu, que só pode ter acesso ao presente olhando, de cada vez, para o que ele foi. Daí nasce a relação especial que os países europeus (a Itália, ou melhor, a Sicília, sob este ponto de vista é exemplar) têm com relação às suas cidades, às suas obras de arte, à sua paisagem: não se trata de conservar bens mais ou menos preciosos, entretanto exteriores e disponíveis; trata-se, isso sim, da própria realidade da Europa, da sua indisponível sobrevivência. Neste sentido, ao destruírem, com o cimento, com as autopistas e a Alta Velocidade, a paisagem italiana, os especuladores não nos privam apenas de um bem, mas destroem a nossa própria identidade. A própria expressão “bens culturais” é enganadora, pois sugere que se trata de bens entre outros bens, que podem ser desfrutados economicamente e talvez vendidos, como se fosse possível liquidar e por à venda a própria identidade.




Giorgio Agamben nasceu em Roma em 1942
. É um dos principais intelectuais de sua geração, autor de muitos livros e responsável pela edição italiana das obras de Walter Benjamin 

Há muitos anos, um filósofo que também era um alto funcionário da Europa nascente, Alexandre Kojève, afirmava que o homo sapiens havia chegado ao fim de sua história e já não tinha nada diante de si a não ser duas possibilidades: o acesso a uma animalidade pós-histórica (encarnado pela american way of life) ou o esnobismo (encarnado pelos japoneses, que continuavam a celebrar as suas cerimônias do chá, esvaziadas, porém, de qualquer significado histórico). Entre uma América do Norte integralmente re-animalizada e um Japão que só se mantém humano ao preço de renunciar a todo conteúdo histórico, a Europa poderia oferecer a alternativa de uma cultura que continua sendo humana e vital, mesmo depois do fim da história, porque é capaz de confrontar-se com a sua própria história na sua totalidade e capaz de alcançar, a partir deste confronto, uma nova vida.

A sua obra mais conhecida, Homo Sacer, pergunta pela relação entre poder político e vida nua, e evidencia as dificuldades presentes nos dois termos. Qual é o ponto de mediação possível entre os dois pólos?

Minhas investigações mostraram que o poder soberano se fundamenta, desde a sua origem, na separação entre vida nua (a vida biológica, que, na Grécia, encontrava seu lugar na casa) e vida politicamente qualificada (que tinha seu lugar na cidade). A vida nua foi excluída da política e, ao mesmo tempo, foi incluída e capturada através da sua exclusão. Neste sentido, a vida nua é o fundamento negativo do poder. Tal separação atinge sua forma extrema na biopolítica moderna, na qual o cuidado e a decisão sobre a vida nua se tornam aquilo que está em jogo na política.





O que aconteceu nos estados totalitários do século XX reside no fato de que é o poder (também na forma da ciência) que decide, em última análise, sobre o que é uma vida humana e sobre o que ela não é. Contra isso, se trata de pensar numa política das formas de vida, a saber, de uma vida que nunca seja separável da sua forma, que jamais seja vida nua.

O mal-estar, para usar um eufemismo, com que o ser humano comum se põe frente ao mundo da política tem a ver especificamente com a condição italiana ou é de algum modo inevitável?

Acredito que atualmente estamos frente a um fenômeno novo que vai além do desencanto e da desconfiança recíproca entre os cidadãos e o poder e tem a ver com o planeta inteiro. O que está acontecendo é uma transformação radical das categorias com que estávamos acostumados a pensar a política. A nova ordem do poder mundial funda-se sobre um modelo de governamentalidade que se define como democrática, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas. E que este modelo seja, do ponto de vista do poder, mais econômico e funcional é provado pelo fato de que foi adotado também por aqueles regimes que até poucos anos atrás eram ditaduras. É mais simples manipular a opinião das pessoas através da mídia e da televisão do que dever impor em cada oportunidade as próprias decisões com a violência. As formas da política por nós conhecidas – o Estado nacional, a soberania, a participação democrática, os partidos políticos, o direito internacional – já chegaram ao fim da sua história. Elas continuam vivas como formas vazias, mas a política tem hoje a forma de uma “economia”, a saber, de um governo das coisas e dos seres humanos. A tarefa que nos espera consiste, portanto, em pensar integralmente, de cabo a cabo, aquilo que até agora havíamos definido com a expressão, de resto pouco clara em si mesma, “vida política”.

O estado de exceção, que o senhor vinculou ao conceito de soberania, hoje em dia parece assumir o caráter de normalidade, mas os cidadãos ficam perdidos perante a incerteza na qual vivem cotidianamente. É possível atenuar esta sensação?
Vivemos há decênios num estado de exceção que se tornou regra, exatamente assim como acontece na economia em que a crise se tornou a condição normal. O estado de exceção – que deveria sempre ser limitado no tempo – é, pelo contrário, o modelo normal de governo, e isso precisamente nos estados que se dizem democráticos. Poucos sabem que as normas introduzidas, em matéria de segurança, depois do 11 de setembro (na Itália já se havia começado a partir dos anos de chumbo) são piores do que aquelas que vigoravam sob o fascismo. E os crimes contra a humanidade cometidos durante o nazismo foram possibilitados exatamente pelo fato de Hitler, logo depois que assumiu o poder, ter proclamado um estado de exceção que nunca foi revogado. E certamente ele não dispunha das possibilidades de controle (dados biométricos, videocâmeras, celulares, cartões de crédito) próprias dos estados contemporâneos. Poder-se-ia afirmar hoje que o Estado considera todo cidadão um terrorista virtual. Isso não pode senão piorar e tornar impossível aquela participação na política que deveria definir a democracia. Uma cidade cujas praças e cujas estradas são controladas por videocâmeras não é mais um lugar público: é uma prisão.

A grande autoridade que muitos atribuem a estudiosos que, como o senhor, investigam a natureza do poder político poderá trazer-nos esperanças de que, dizendo-o de forma banal, o futuro será melhor do que o presente?
Otimismo e pessimismo não são categorias úteis para pensar. Como escrevia Marx em carta a Ruge: “a situação desesperada da época em que vivo me enche de esperança”.

Podemos fazer-lhe uma pergunta sobre a aula que o senhor deu em Scicli? Houve quem lesse a conclusão que se refere a Piero Guccione como se fosse uma homenagem devida a uma amizade enraizada no tempo, enquanto outros viram nela uma indicação de como sair do xeque-mate no qual a arte contemporânea está envolvida.

Trata-se de uma homenagem a Piero Guccione e a Scicli, pequena cidade em que moram alguns dos mais importantes pintores vivos. A situação da arte hoje em dia é talvez o lugar exemplar para compreendermos a crise na relação com o passado, de que acabamos de falar. O único lugar em que o passado pode viver é o presente, e se o presente não sente mais o próprio passado como vivo, o museu e a arte, que daquele passado é a figura eminente, se tornam lugares problemáticos. Em uma sociedade que já não sabe o que fazer do seu passado, a arte se encontra premida entre a Cila do museu e a Caribdis da mercantilização. E muitas vezes, como acontece nos templos do absurdo que são os museus de arte contemporânea, as duas coisas coincidem.

Duchamp talvez tenha sido o primeiro a dar-se conta do beco sem saída em que a arte se meteu. O que faz Duchamp quando inventa o ready-made? Ele toma um objeto de uso qualquer, por exemplo, um vaso sanitário, e, introduzindo-o num museu, o força a apresentar-se como obra de arte. Naturalmente – a não ser o breve instante que dura o efeito do estranhamento e da surpresa – na realidade nada alcança aqui a presença: nem a obra, pois se trata de um objeto de uso qualquer, produzido industrialmente, nem a operação artística, porque não há de forma alguma uma poiesis, produção – e nem sequer o artista, porque aquele que assina com um irônico nome falso o vaso sanitário não age como artista, mas, se muito, como filósofo ou crítico, ou, conforme gostava de dizer Duchamp, como “alguém que respira”, um simples ser vivo.

Em todo caso, certamente ele não queria produzir uma obra de arte, mas desobstruir o caminhar da arte, fechada entre o museu e a mercantilização. Vocês sabem: o que de fato aconteceu é que um conluio, infelizmente ainda ativo, de hábeis especuladores e de “vivos” transformou o ready-made em obra de arte. E a chamada arte contemporânea nada mais faz do que repetir o gesto de Duchamp, enchendo com não-obras e performances em museus, que são meros organismos do mercado, destinados a acelerar a circulação de mercadorias, que, assim como o dinheiro, já alcançaram o estado de liquidez e querem ainda valer como obras. Esta é a contradição da arte contemporânea: abolir a obra e ao mesmo tempo estipular seu preço.
Sobre o autor

Giorgio Agamben nasceu em Roma em 1942. É um dos principais intelectuais de sua geração, autor de muitos livros e responsável pela edição italiana das obras de Walter Benjamin. Deu cursos em várias universidades europeias e norte-americanas, recusando-se a prosseguir lecionando na New York University em protesto à política de segurança dos Estados Unidos. Foi diretor de programa no Collège International de Philosophie de Paris. Mais recentemente ministrou aulas de Iconologia no Istituto Universitario di Architettura di Venezia (Iuav), afastando-se da carreira docente no final de 2009. Sua obra, influenciada por Michel Foucault e Hannah Arendt, centra-se nas relações entre filosofia, literatura, poesia e, fundamentalmente, política. Entre seus principais livros destacam-se Homo sacer (2005), Estado de exceção (2005), Profanações (2007), O que resta de Auschwitz (2008) e O reino e a glória (2011), os quatro últimos publicados no Brasil pela Boitempo Editorial.







Fonte: pragmatismo político
Instituto Humanitas Unisinos