sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

As previsões de Isaac Asimov para 2014, 50 anos atrás

Escritor e professor Isaac Asimov fez, há 50 anos, surpreendentes previsões de como seria o mundo em 2014

isaac asimov previsões 2014
Professor Isaac Asimov fez impressionantes previsões para 2014… há 50 


Em 1964, durante a Feira Mundial de Nova York, o New York Times convidou o escritor de ficção científica e professor de bioquímica Isaac Asimov a fazer previsões de como seria o mundo 50 anos depois, ou seja, este ano. Asimov escreveu mais de 500 trabalhos, entre romances, contos, teses e artigos e sempre se caracterizou por fazer projeções acuradas sobre o futuro. As previsões do escritor, que morreu em 1991, são surpreendentes.



Cozinha

Asimov prevê que os equipamentos de culinária pouparão a humanidade de fazer trabalhos tediosos. “As cozinhas estão equipadas para fazer “auto-refeições”. “Almoços e jantares serão feitos com comidas semi-preparadas, que poderão ser conservadas em freezer. Em 2014, as cozinhas terão equipamentos capazes de preparar uma refeição individual em alguns poucos segundos”. Só faltou mesmo ele usar a palavra “microondas”.


Computadores

O escritor previu um mundo repleto de computadores capazes de fazer as mais complexas tarefas. “Em 2014, haverá mini computadores instalados em robôs”, escreve ele, no que parece ser uma alusão aos chips. E garantiu que será possível fazer traduções com uma dessas máquinas, como se previsse a existência do Google Translator.


Comunicação

As ligações telefônicas terão imagem e voz, garantiu Asimov em seu texto.
“As telas serão usadas não apenas para ver pessoas, mas também para estudar documentos e fotos e ler livros”. E prevê que satélites em órbita tornarão possível fazer conexões telefônicas para qualquer lugar da Terra e até mesmo “saber o clima na Antártica”. Mas em Terra haverá outras soluções. “A conexão terá que ser feita em tubos de plástico, para evitar a interferência atmosférica”, escreve ele, como se já conhecesse a fibra ótica.


Cinema

Asimov previu que em 2014 o cinema seria apresentando em 3-D, mas garantiu que algumas coisas nunca mudariam: “Continuarão a existir filas de três horas para ver o filme”.


Energia

Ele previu que já existiriam algumas usinas experimentais produzindo energia com a fusão nuclear. Errou. Mas acertou quando vaticinou a existência de baterias recarregáveis para alimentar muitos aparelhos elétricos de nossa vida cotidiana. Mais ainda: “Uma vez usadas, as baterias só poderão ser recolhidas por agentes autorizados pelos fabricantes” — o que deveria acontecer, mas nem sempre acontece.


Veículos

Asimov erra feio nas suas previsões relacionadas ao transporte.

Ele acreditou que carros e caminhões pudessem circular sem encostar no chão ou água, deslizando a uma altura de “um ou dois metros”. E que não haveria mais necessidade de construir pontes, “já que os carros seriam capazes de circular sobre as águas, mas serão desencorajados a fazer isso pelas autoridades”.


Marte

Para o escritor, em 2014 o homem já terá chegado a Marte com espaçonaves não tripuladas, embora “já estivesse sendo planejada uma expedição com pessoas e até a formação de uma colônia marciana”. O que nos faz lembrar da proposta pública de uma viagem a Marte só de ida, feita recentemente, para formar a primeira colônia no planeta.


Televisão

Asimov cita a provável existência de “televisões de parede”, como se pudesse prever as telas planas, mas acredita que os aparelhos serão substituídos por cubos capazes de fazer transmissões em 3-D, visíveis de qualquer ângulo.


População

O escritor previu que a população mundial seria de 6,5 bilhões em 2014 (já passou dos 7 bilhões) e que áreas desérticas e geladas seriam ocupadas por cidades — o que não é exatamente errado. Mas preconizou, também, a má divisão de renda: “Uma grande parte da humanidade não terá acesso à tecnologia existente e, embora melhor do que hoje, estará muito defasada em relação às populações mais privilegiados do mundo. Nesse sentido, andaremos para trás”, escreve ele.


Comida

“Em 2014 será comum a ‘carne falsa’, feita com vegetais, e que não será exatamente ruim, mas haverá muita resistência a essa inovação”, escreve Asimov, referindo-se provavelmente aos hambúrgueres de soja.


Expectativa de vida

O escritor preconizou problemas devido à super população do planeta, atribuindo-a aos avanços da medicina: “O uso de aparelhos capazes de substituir o coração e outros órgãos vai elevar a expectativa de vida, em algumas partes do planeta, a 85 anos de idade”. A média mundial subiu de 52 anos em 1964 para 70 anos em 2012. Em alguns países, como Japão, Suíça e Austrália, já está em 82 anos.


Escola

“As escolas do futuro”, escreve Asimov, “apresentarão aulas em circuitos fechados de TV e todos os alunos aprenderão os fundamentos da tecnologia dos computadores”. O que ele não previu foi a possibilidade de os alunos ensinarem os professores quando se trata de uso de computadores — como, aliás, ocorre em algumas escolas públicas brasileiras.


Trabalho
Asimov previu uma população entediada, como sinal de uma doença que “se alastra a cada ano, aumentando de intensidade, o que terá consequência mentais, emocionais e sociais”. Depressão? “Ouso dizer”, prossegue ele, “que a psiquiatria será a especialidade médica mais importante em 2014. Aqueles poucos que puderem se envolver em trabalhos mais criativos formarão a elite da humanidade”.



fonte: pragmatismo político

As mais belas quarentonas do cinema e tv



Aos 42 anos, Alessandra Negrini diz que não chegou ao auge. E quem é capaz de duvidar?



Flávia Alessandra é tão poderosa que virou nome de orla em Arraial do Cabo. Completamente compreensível. Ela chega aos quarenta em pouco tempo…



Uma Thurman (43), musa maior de Quentin Tarantino, é uma das grandes representantes das quarentonas. Vida longa à eterna Noiva, de “Kill Bill”


Rachel Weisz, como comprova matéria publicada em ALFA, faz a linha de musa cabeça. Bem, a imagem acima comprova, que aos 43, o corpo também não é nada dispensável



Courtney Cox (49), a eterna Monica de “Friends”, segue como sucesso da televisão americana. Dá para entender os motivos




Nicole Kidman (46) esteve em todas as listas de mais desejadas do planeta por anos. Com a carreira um tanto quanto estagnada, ela está fora da mídia. O que não significa não mereça nossa atenção!



Charlie Sheen voltará para Two and a Half Men



Aos que estavam pedindo para que Charlie voltasse à Two and a Half Men: suas preces foram atendidas! No entanto, Charlie Harper voltará… mas não Charlie Sheen. Achou confuso? É porque a idéia dos escritores para trazer o personagem de volta não é muito normal.

Antes que suas cabeças fiquem ainda mais confusas, deixem-me explicar: no episódio que será exibido nos EUA no dia 30 de abril, Alan sofrerá um pequeno ataque cardíaco e, como resultado, reencontrará o seu irmão Charlie… ou pelo menos o espírito dele. E o tal espírito estará no corpo da atriz Kathy Bates (da série Harry’s Law). Bizarro, né?

Pessoalmente, acho melhor não ter um Charlie do que tê-lo assim, em uma situação tão estranha. Mas é melhor esperar até o episódio para dar o veredicto final.

Os veículos mais estranhos do mundo


Com vocês uma seleção dos veículos mais estranhos do mundo. Criatividade é o que não falta. Tem carro pra todos os gostos, espero que curtam, pois deve ter dado muito trabalho para esta gente!


























































511958 fotos de carros estranhos 1 Fotos de carros estranhos






tags: carros, estranho, mundo, diferente, criativo, fora de série

Lemmy Kilmister do Motörhead lança fones de ouvido para fãs de rock 'n' roll


O ACESSÓRIO DESTACA OS SONS MÉDIOS, DIFERENTEMENTE DE OUTROS QUE PRIVILEGIAM OS BAIXOS
Lemmy Kilmister, líder do Motörhead  (Foto: Getty Images)

Lemmy Kilmister, líder da banda Motörhead, apresentou sua linha de fones de ouvido durante a Consumer Electronics Show, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, em Las Vegas. Desenvolvido para os fãs de rock 'n' roll, os fones destacam os sons médios - diferentemente dos outros que privilegiam o baixo. "Parece que você está ouvindo atrás de uma toalha", disse Kilmister. Os acessórios foram batizados como Motörheadphones e são feitos de metal e vêm em nove diferentes modelos, custando de US$ 49,99 a US$ 129,99 (R$ 101,80 a R$ 264,80).

ch (Foto: gh)
op (Foto: opk)

Os 100 maiores guitarristas da história do Rock



Montamos um painel dos principais guitarristas e outros especialistas para classificar seus favoritos e explicar o que separa as lendas de todos os outros. Com Keith Richards em Chuck Berry, Carlos Santana em Jerry Garcia, Tom Petty sobre George Harrison e muito mais.





Os eleitores: Trey Anastasio, Dan Auerbach (The Black Keys), Brian de Bell (Weezer), Ritchie Blackmore (Deep Purple), Carl Broemel (My Morning Jacket), James Burton, Jerry Cantrell (Alice in Chains), Gary Clark Jr. , Billy Corgan, Steve Cropper, Dave Davies (The Kinks), Anthony DeCurtis (editor Contribuindo, Rolling Stone ), Tom DeLonge (Blink-182), Rick Derringer, Luther Dickinson (North Mississippi Allstars), Elliot Easton (The Cars), Melissa Etheridge, Don Felder (The Eagles), David Fricke (escritor sênior, Rolling Stone ), Peter Guralnick (Autor),




 Kirk Hammett (Metallica), Albert Hammond Jr. (The Strokes), Warren Haynes (The Allman Brothers Band), Brian Hiatt (escritor sênior, Rolling Stone ), David Hidalgo (Los Lobos), Jim James (My Morning Jacket), Lenny Kravitz, Robby Krieger (The Doors), Jon Landau (Manager), Alex Lifeson (Rush), Nils Lofgren ( The E Street Band), Mick Mars (Mötley Crüe), Doug Martsch (Built to Spill),



 J Mascis (Dinosaur Jr.), Brian May, Mike McCready (Pearl Jam), Roger McGuinn (The Byrds), Scotty Moore, Thurston Moore (Sonic Youth), Tom Morello, Dave Mustaine (Megadeth), Brendan O'Brien (produtor), Joe Perry, Vernon Reid (Living Colour), Robbie Robertson, Rich Robinson (The Black Crowes), Carlos Santana, Kenny Wayne Shepherd , Marnie Stern, Stephen Stills, Andy Summers, Mick Taylor, Susan Tedeschi, Vieux Farka Touré, Derek Trucks, Eddie Van Halen, Joe Walsh, Nancy Wilson (do coração)













COLABORADORES : David Browne, Patrick Doyle, David Fricke, Will Hermes, Brian Hiatt, Alan Light, Rob Tannenbaum, Douglas Wolk

Read more: http://www.rollingstone.com/music/lists/100-greatest-guitarists-20111123#ixzz2pO71IYZD 
Follow us: @rollingstone on Twitter | RollingStone on Facebook

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A história de Lupicínio Rodrigues



“Magnífico Reitor, que a tua sabedoria e soberba não venha a ser um motivo de humilhação para o teu próximo. Guarda domínio sobre ti e nunca te deixes cair em arrogância. Se preferires a paz definitivamente, sorri ao destino que te fere. Mas nunca firas ninguém. Nestes termos, pede deferimento.”
Assinado: Lupicínio Rodrigues, porteiro-
 Ofício ao Reitor justificando faltas decorrentes de uma boemia





Lupicínio Rodrigues



Lupicínio Rodrigues, cantor e compositor, nasceu na Ilhota, vila pobre do bairro Cidade Baixa em Porto Alegre, RS, no dia 16/9/1914 e faleceu, por insuficiência cardíaca, na mesma cidade no dia 27/8/1974.

Quarto filho do funcionário público Francisco Rodrigues e da dona-de-casa Abigail Rodrigues, Lupicínio teve 20 irmãos.




Nunca foi um bom aluno. Desde criança não prestava atenção nas aulas, só pensava em cantar, batucar e paquerar as meninas. Precoce, aos 12 anos já fugia de casa para participar das rodas de música de seu bairro, e aos 14, em 1928, compôs sua primeira música, a marchinha Carnaval, que nunca foi gravada. Lupicínio explica: "Três anos depois a marcha conquistou o primeiro lugar num concurso oficial, executada pelo cordão carnavalesco Prediletos. Um ano mais tarde, (...) a música foi executada pelo cordão carnavalesco Rancho Seco e novamente ganhei o primeiro lugar. E agora o mais interessante: vinte anos depois, quando eu fazia parte de uma comissão que julgava músicas carnavalescas, me apareceu novamente a marchinha, desta vez cantada pelo grupo Democratas, e como sendo de autoria de outros dois compositores. Eu não falei nada aos outros membros da comissão e a música novamente venceu. Deixei os meninos receberem o prêmio e até convidei-os para tomarem uma cerveja comigo." 



Durante sua infância, o que mais gostava de fazer era jogar futebol, paixão essa que o levou, anos depois, em 1959, a compor o hino oficial de seu time predileto, o Grêmio, de Porto Alegre.

Com certa dificuldade, completou o curso ginasial e aprendeu o ofício de mecânico. Sua família era humilde e numerosa, então, desde menino Lupicínio trabalhava para ajudar nas despesas: "foi fazedor de parafusos na Fábrica de Cipriano Micheletto, empurrador de roda de bonde na Cia. Carris Porto-alegrense, baleiro na frente do Cinema Garibaldi e entregador de pacotes na Livraria do Globo." 

Toda sua família tinha talento para a música. Seu pai, astuto, percebeu que o jovem, boêmio desde garoto, não queria saber de trabalho. Então, aos 15 anos, com documentos falsificados para 18, S. Francisco apresentou Lupicínio ao Exército como "voluntário". Nas horas de folga, Lupi cantava no conjunto formado pelos soldados de seu batalhão. Em 1932, foi mandado para São Paulo, mas não chegou até a frente de batalha da Revolução Constitucionalista. Foi promovido a cabo e transferido para Santa Maria, RS, onde se apaixonou perdidamente por Inah, para quem compôs Felicidade, Zé Ponte e Nervos de aço..

Em 1935, deu baixa do Exército e retornou a Porto Alegre. Nesse mesmo ano, sua música Triste história, em parceria com o cantor e compositor Alcides Gonçalves, venceu o concurso da Prefeitura de Porto Alegre em comemoração ao Centenário da Revolução Farroupilha. No ano seguinte Alcides gravou em disco Triste história e Pergunta aos meus tamancos, também dos dois compositores e Lupicínio passou a trabalhar como bedel na Faculdade de Direito. Seu primeiro grande sucesso veio em 1938: Se acaso você chegasse.

Junto com o sucesso veio sua primeira desilusão amorosa, o que lhe inspirou a compor vários sucessos. Inah, seu grande amor, não suportou sua vida de boêmio e, decidida, no começo de 1939 rompeu o noivado.

"Um dos poucos casos de projeção nacional fora do eixo Rio-São Paulo, Lupicínio teve inicialmente dificuldades para gravar suas músicas, em parte devido ao isolamento em Porto Alegre. A solução encontrada foi dar co-autoria a alguém encarregado da divulgação, Felisberto Martins, diretor da Odeon." 

A partir de 1946 tornou-se representante da SBACEN no Rio Grande do Sul. Ao contrário do que muitos pensam, Lupicínio não tocava nenhum instrumento musical. Compunha assobiando e fazendo ritmo com uma caixa de fósforos. Criador do gênero dor-de-cotovelo, construiu uma obra rica, com letras que, em sua maioria, falavam dos relacionamentos amorosos e das mulheres. Compôs cerca de 600 músicas, com aproximadamente 150 gravadas. Foi muito influenciado em seu modo de cantar por Mário Reis, e seus biógrafos acreditam que ele foi um dos precursores da bossa-nova.

Em 1947 foi aposentado por problemas de saúde. Ele costumava dizer que havia sido aposentado "por amor".

Depois de Inah Lupicínio ficou seriamente envolvido durante cinco anos com Mercedes, a Carioca, que o trocou por outro. Para ela o compositor dedicou Briga de amor, Minha ignorância, Nunca e Vingança. Nesse ínterim, teve uma filha com Juraci de Oliveira, que estava à beira da morte. Para legalizar a situação de sua filha, Tereza, Lupi casou-se com Juraci. Com sua segunda esposa, Cerenita Quevedo, Lupicínio teve mais um filho, o advogado Lupicínio Rodrigues Filho. Cerenita, que lhe inspirou uma de suas músicas mais bonitas, Exemplo, adotou Tereza (Clara Terezinha Rodrigues), que deu nove netos a Lupicínio.

Boêmio profissional, teve várias casas noturnas e restaurantes em Porto Alegre. Dizia que não queria ganhar dinheiro, mas reunir amigos. Entre eles estavam o Jardim da Saudade, o Clube dos Cozinheiros, O Batelão, o Galpão do Lupi, Vogue e o Bar Vingança.

Nos anos 60 sua produção diminuiu, e entrou, como vários compositores da MPB, num período de obscuridade. Suas músicas não tocavam mais nas rádios, agora invadidas pela bossa-nova e pelo rock. Lupi passou a escrever uma coluna todos os sábados para o jornal Última Hora (de 1963 a 1964), onde abordava temas como a boêmia, o ciúme, a tristeza ou ainda fazia análises de suas composições.

Na década seguinte, graças à iniciativa da Abril Cultural, que lançou um disco contendo músicas de Lupi com intérpretes da nova geração, como Paulinho da Viola, Gal Costa, Gilberto Gil, Elis Regina e Caetano Veloso, Lupicínio foi redescoberto. "Na última grande entrevista que deu à imprensa, para o Pasquim, em 1973, perguntado sobre o que estava achando do panorama musical brasileiro, se não se sentia meio deslocado, respondeu com uma ponta de amargura (ainda não havia sido redescoberto) e outra de orgulho: ‘Eu não tenho nada com o ambiente musical brasileiro. Eu não sou músico, não sou compositor, não sou cantor. Não sou nada. Eu sou um boêmio" . A gravação de Felicidade tornou-se conhecida em todo o Brasil. Lupicínio ficou muito honrado com isso. Mas pouco tempo depois, no dia 27 de agosto de 1974, Lupicínio faleceu, deixando Cerenita e "todas as mulheres" desamparadas. Morreu o homem, nasceu o mito.

Lupicínio Rodrigues
Cravo Alvim

http://www.dicionariompb.com.br/lupicinio-rodrigues/biografia



Lupicínio, como todo boêmio, foi um homem de bares, amores e muitos  amigos. Fez época na noite porto-alegrense, juntando-os em seus sucessivos estabelecimentos, que abriam e fechavam ao sabor da vida. Quando morreu, em 1974, deixou saudades. De sua alma sensível. De sua personalidade marcante. De seu talento reconhecido. Tudo por amor, até a aposentadoria precoce...



Lupicínio Rodrigues e a ditadura militar






Por José Ribamar Bessa Freire

A Comissão da Verdade não sabe, mas depois do golpe militar de
1964, o compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974) foi preso e permaneceu vários meses trancafiado, primeiro no Quartel da PE, no centro de Porto Alegre e, depois, no presídio da Ilha da Pintada, apesar de nunca ter tido qualquer atividade política. Lá, foi humilhado, espancado e torturado, teve a unha arrancada para não tocar mais violão e contraiu uma tuberculose agravada pelo vento frio do rio Jacuí.




Quem me confidenciou isso foi um dos filhos de Lupicínio, Lôndero Gustavo Dávila Rodrigues, também músico, 67 anos, que hoje trabalha como motorista na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O fato é pouco conhecido, pois Lupicínio não gostava de tocar no assunto. Preferiu silenciá-lo. Morria de vergonha. "E a vergonha é a herança maior que meu pai me deixou", cantava ele em "Vingança", um grande sucesso dois anos antes de sua morte. - Pra quem tem dinheiro ou diploma, a prisão política pode até ser uma medalha, tem algo de heróico. 



Mas para as pessoas humildes, como ele, que não se metia em política, a prisão é sempre uma humilhação, algo que deve ser escondido, esquecido - conta o filho de Lupicínio, a quem conheci recentemente, quando ele, dirigindo o carro da Universidade, veio me buscar para participar de uma banca de mestrado lá em Seropédica.

 A viagem de ida-e-volta durou mais de cinco horas. Nos primeiros cinco minutos, eu já havia lhe contado que era amazonense, do bairro de Aparecida e, quando deu brecha, mostrei-lhe fotos da minha neta. Nos cinco minutos seguintes, ele já tinha me falado de Lupicínio, seu pai, de dona Emilia, sua mãe, de sua infância em Rio Pardo (RS) e de suas andanças como músico por 29 países. Quando nos despedimos, já éramos amigos de infância.