terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Califórnia da canção nativa











O que é a Califórnia


Califórnia vem do grego, "conjunto de coisas belas". Aqui no Rio Grande do Sul, inicialmente se chamaram califórnias as incursões guerreiras que Chico Pedro, chamado de Moringue, fez na Cisplatina.

Depois disso, califórnia passou a designar "corridas de cavalos em que participassem mais de dois animais em busca de grandes prêmios".

Com as significações de "conjunto de coisas belas" ou "competição entre vários concorrentes em busca de grandes prêmios" é que o nome Califórnia da Canção Nativa prevaleceu para seus idealizadores.

O prêmio máximo concedido é a Calhandra de Ouro, símbolo da Califórnia. A calhandra é pássaro útil e de belo canto, amigo do gaúcho e íntimo das casas de estâncias e dos fogões; imitador do canto de outros pássaros e responde ao assobio do homem.

Simboliza também a autenticidade, a elegância, a humildade e a liberdade, pois não suporta o cativeiro.

O trófeu Calhandra de Ouro, patrocínio do Conselho Regional da Ordem dos Músicos do Brasil, ficará na posse de quem for vencedor três vezes consecutivas ou cinco alternadas.


Objetivos


O Centro de Tradições Gaúchas Sinuelo do Pago, com o apoio da Prefeitura Municipal de Uruguaiana, Sindicato Rural de Uruguaiana, Governo do Estado do Rio Grande do Sul e da Ordem dos Músicos do Brasil, promove a XXX Califórnia da Canção Nativo do Rio Grande do Sul, com os seguintes objetivos básicos:

  • Oportunizar integração de poetas, músicos e musicistas, analistas, estudiosos e críticos, no interesse da preservação e divulgação da identidade cultural gaúcha;

  • propiciar reflexão e debates que depurem qualitativamente a arte em geral, considerada como o mundo de representatividade - expressividade - comunicabilidade do universo gaúcho;

  • elevar a expressão artística de temas e gêneros / ritmos regionais, buscando valorizar a música do Rio Grande do Sul, através de linguagem atual e criativa, considerando origens e constantes do gaúcho;

  • premiar e divulgar, regional e internacionalmente, as composições que melhor expressem os obietivos acima referidos;

  • valorizar artistas que representem caracteristicamente a linguagem e a cultura sul-riograndense.


A Califórnia no Século XXI

Outra vez a Califórnia da Canção Nativa do RS diz presente.

Com a mudança do século (e do milênio), que já registramos, a Califórnia também muda, mantendo-se, embora, a céu aberto; uma opção que já agrada a muitos.

Estamos fazendo duas experiências importantes: uma, a da mudança da data. Estávamos acostumados com a Califórnia em dezembro e parecia impossível realizá-la em outra data. Não o é. Março surge como uma bela possibilidade.

Outra a de sua localização e de sua franquia. Optamos por um parque central - o parcão! onde as pessoas podem assistir aos espetáculos sem pagar ingresso. Exceto os que preferirem as poucas reservas que forem feitas. Isso é indiscutivelmente uma novidade e há de ser uma forte motivação para pensarmos a respeito deste novo modelo por acreditar na grande afluência de um público amante de nossa arte musical.

De qualquer sorte, a Califórnia não foi interrompida. Trinta anos depois de sua criação, com todas as alternâncias já experimentadas, ela está viva, realmente muito viva, sem cessar suas atividades paralelas, enriquecidos neste 2001, com a feira do livro e do CD. É a própria história do festival que está sendo contada e cantada, porque não podemos permitir que se apague ou se perca o que foi feito com tanto interesse, dedicação e esforço por uma geração capitaneada por Colmar Duarte e Henrique Dias de Freitas Lima.

Aliás, Uruguaiana jamais conhecera promoção deste porte e nem o país conta com experiência musical semelhante, sustentada ao longo de três décadas.

Ao abrir-se o palco da Califórnia neste ano, estaremos abrindo mais uma expressiva página no livro de sua história, em especial se consideramos o que ela vai significar para a arte musical e para o mundo dos festivais no Estado e fora dele. Porque jamais podemos perder de vista o fato de que nosso festival projetou-se e projetou a cidade para muito além de suas fronteiras, de tal modo que nós, aqui, muito perto dela, não conseguimos avaliá-la como o fazem os que são de fora e os que vêm de longe.

Para todos a Califórnia é um marco e um símbolo e é preciso conservá-la viva.


Composições Vencedoras até a XXIX Califórnia foram:



  • 1971 - Reflexão
    Colmar Duarte e Júlio M. da Silva Filho

  • 1972 - Pedro Guará
    Cláudio Boeira Garcia e José Cláudio L. Machado

  • 1973 - Canto de Morte de Gaudêncio Sete Luas
    Luiz Coronel e Marco A. Vasconcelos

  • 1974 - Canção dos Arrozais
    José Hilário Retamozzo

  • 1975 - Roda Canto
    Apparício Silva Rillo e Mário Barbará Dornelles

  • 1976 - Um Canto para o Dia
    Ernani Amaro Oliveira

  • 1977 - Negro da Gaita
    Gilberto Carvalho e Airton Pimentel

  • 1978 - Pássaro Perdido
    Gilberto Carvalho e Marco Aurélio Vasconcelos

  • 1979 - Esquilador
    Telmo de Limo Freitas

  • 1980 - Veterano
    Antonio Augusto Ferreira e Everton dos Anjos Ferreira

  • 1981 - Desgarrados
    Sérgio Napp e Mário Barbará

  • 1982 - Tertúlia
    Jader Moreci Teixeira (Leonardo)

  • 1983 - Guri
    João Batista Machado e Júlio Machado da Silva Neto

  • 1984 - O Grito dos Livres
    José Fernando Gonzales

  • 1985 - Astro Aragano
    Jerônimo Jardim

  • 1986 - Tropeiro do Futuro
    Armando Vasquez e Adão Quintana Vieira

  • 1987 - Pampa Pietá
    Dilan Camargo e Newton Bastos

  • 1988 - Toada de Mango
    Mauro Ferreiro e Elton Saldanha

  • 1989 - Mandala das Esporas
    Vaine Darde e Elton Saldanha

  • 1990 - Mostra das Composições Antológicas dos Vinte Anos

  • 1991 - Florêncio Guerra e seu Cavalo
    Mauro Ferreiro e Luiz Carlos Borges

  • 1992 - O Minuano e o Poeta
    Louro Simões e Clóvis de Souza

  • 1993 - Domador dos Sesmarias
    Elmo de Freitas

  • 1994 - Milonga-me
    Vinícius Brum

  • 1995 - Querências
    Silvio Aymone Genro e Getúlio Rodrigues

  • 1996 - Canto e Reflexão para a Província
    Sérgio Rojas

  • 1997 - O Forasteiro
    Vinicius Brum, Mauro Ferreiro e Luiz Carlos Borges

  • 1998 - O Nada
    Rodrigo Bauer e Chico Saratt

  • 1999 - Poema não escrito
    Tadeu Marfins e Lenin Nuñes
(material extraído do Livro de Poemas Oficial da XXX Califórnia da Canção Nativa)


  • 2001 - Rastros de Ausência
    Adão Quevedo e Mauro Marques

  • 2002 - Feito o Carreto
    Mauro Moraes

Edição 2001

E que tal?!

Pois olha guri, guria... Viajei 650 kms até Uruguaiana e não me arrependo nem um pouco.

Primeiro, por que a cidade é recheada de gente fina barbaridade. Se eu gostava bastante da região missioneira devido a hospitalidade dos viventes de lá, quero dizer que a fronteira nada deixa a dever!

Segundo, por que sempre um grande festival de música tem uma magia... São os músicos ansiosos pela apresentação e depois pelo resultado; é o movimento do povo pra lá e pra cá; o pessoal da filmagem e luzes; o seu Zé vendendo cachorro-quente pra turma que chega esfomeada e pelaí se bamo.

De prima, eu quero dizer que achei as instalações precárias. As cadeirinhas que nos ajeitaram me lembraram por demais o meu curso de psicologia na Ufrgs. Elas eram de plástico e e o encosto até a altura de dois palmos acima da cintura. Pois não suportava nada, nada...

Em segundo lugar, o local foi arrumado debaixo de uma tenda e BEM na frente do palco, tinha uma coluna suportando a dita cuja. Bueno, o músico era obrigado a cantar do lado de lá ou de cá, por que no meio era brabo.

Segundo, eu não fui reconhecido pelo pessoal, de tal forma que tive que pagar os 3 x 2 (eu e a patroa) x R$ 5,00 de todas as noites... Hehehe, pois até que foi barato.

Também me pareceu estranho existirem várias mesas depois das cadeiras reservadas e que eram utilizadas mais pro pessoal sentar feito baile. Mas o que problema é que aos arredores o povão todo de PÉ assistindo ao festival. Entonces criou um clima meio estranho. Não vai daqui uma crítica, por que só quem está lá é que sabe o trabalhão que dá organizar. Mas é uma constatação.

Tá bueno, chega de reclame?

Do lado bom...

Bueno, antes de mais nada ninguém sabe o que é organizar um festival assim... O custo chega ligeirito a uns 300 mil reais... E onde é que se arruma patrocinador pra isso? Telão, ajuda de custo pros músicos, armar tenda, energia elétrica, divulgação, hotel, premiação, bla-bla-blá...

É mano véio, é pila que não acaba mais pra isso...

É inegável também o esforço dos organizadores para fazer acontecer aquele que é o mais antigo festival de música dos pagos. Teve que mudar de prefeito pra coisa acontecer. E até de secretário estadual de cultura.

Mas ACONTECEU.

E isso é magnífico.

Ver aquela turma toda se apreparando pra cantar. O povo se reunindo pra assistir.

E não deu zebra alguma. Pelo menos que eu tenha constatado. A luz luziu. A música musicou. O som soou. Os telões telaram. Os microfones fonaram. A organização foi impecável. Os bebâdos e arruaceiros não apareceram. As noites foram por demais agradáveis e nem quentes e nem frias. Os garçons pra lá de gentis.

NADA. Nada saiu errado. Ao menos na minha vista.

Foi um festival DEZ.

Um festival pro pessoal da terra se orgulhar. Mesmo aqueles que não participaram, por que afinal de contas foi na terra. Algo pra nós, gauchada, estufarmos o peito e registrarmos que um festival concebido há mais de 30 anos segue firme.

El fabuloso macanudo taura Cohen, em 06/04/2001. (E como diria meu tio quando alguém tenta ser mais do que é: - mas vai te deitar, sagú! hehehe...)

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