O que palavras teoricamente sem conexão como Disney, cachorro e amendoim têm em comum? Para a maioria, elas não revelam muito mas, se digitadas no Google, apontam que a interessada nos temas é possivelmente uma mulher, mãe de filhos pequenos e que sofre de alergias específicas.
Talvez ainda, a partir da identificação de seu perfil, a internauta veja mais propagandas de produtos infantis, indicações imobiliárias e, dali a alguns anos, até sugestões de escolas para adolescentes.
Não se trata de adivinhação, mas da era onde informações aparentemente simples viram material precioso para previsões comportamentais. É o que relata Siva Vaidhyanathan, professor da Universidade da Virgínia em sua obra “A Googlelização de Tudo“.
Habilidoso em criar conexões invisíveis baseadas nos interesses dos internautas pesquisados no buscador, o Google é, na visão de Siva, a principal ameaça à privacidade de dados pessoais nos dias de hoje. Isso porque não é claro que tudo o que se coloca na rede pode ser monitorado por seus sistemas de identificação de navegação (os chamados cookies) nem informa com precisão como os usuários podem configurar seus critérios de busca para proteger suas informações.
A lógica perversa do Google, segundo o autor, está ainda em transmitir ao mundo que o acesso a seus serviços é gratuito, enquanto o custo verdadeiro está na troca por detalhes de nossa personalidade. São esses dados que renderão lucro à empresa, com a venda de anúncios direcionados a perfis específicos de usuários.
Dividida em seus capítulos, a primeira parte da narrativa se concentra em mostrar o triunfo da aceitação da “googlelização“. Indica ainda a criação de uma geração superficial, que aceita ver o mundo por meio dos resultados de buscas no Google em detrimento de conhecimentos profundos.
Na segunda parte do livro, Siva apresenta elementos políticos, filosóficos e até psicológicos pelos quais tenta provar necessária a reação dos internautas às forças dominantes na rede.
A obra é para quem quer conhecer os bastidores dessa potência da internet, mas não traz provas concretas sobre se o Google é bom, mau ou se é apenas esperto ao aproveitar o espírito de “compartilhamento” dos internautas na rede. É o início da análise sobre a dinâmica do controle da informação virtual, mas está longe de ser uma resposta final para a questão.
A GOOGLELIZAÇÃO DE TUDOFonte: http://www.plantaonerd.com/
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