sábado, 24 de março de 2012

Botox contra a paralisia cerebral infantil

A toxina botulínica tipo A, muito popular por suas indicações estéticas contra as rugas, é usada com muito sucesso na reabilitação de crianças com paralisia cerebral. O neurologista Nasser Allam, pioneiro no uso desse produto no país como terapia neurológica, explica que, aplicada diretamente nos músculos afetados, a substância relaxa a musculatura e bloqueia a atividade motora involuntária.

— Além de aumentar a amplitude do movimento, a toxina reduz a dor provocada pela rigidez muscular — esclarece o médico do Ambulatório de Dissonais do Hospital de Base do Distrito Federal.

O neurologista Cristiano Milani explica que a melhora é fundamental em todas as etapas do tratamento, pois permite que membros afetados sejam manejados pelos fisioterapeutas, facilitando as manobras de reabilitação, como o uso de próteses e o treino de marcha.

— A aplicação da toxina botulínica, combinada com o trabalho de reabilitação, pode reduzir o uso de relaxantes musculares orais e, ainda, retardar ou evitar intervenções cirúrgicas — diz Milani.

Esse tratamento é feito pelo SUS e coberto pelos planos de saúde regulamentados pela Lei nº 9656/98.


A pessoa portadora de paralisia cerebral tem inteligência normal, a não ser que a lesão tenha afetado áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e pela memória. A questão é que, se a criança tiver sua visão ou audição prejudicadas, ela terá dificuldades para entender algumas informações. Se os músculos da fala forem atingidos, terá dificuldade para comunicar seus pensamentos ou necessidades.

A doença tem cura?

A paralisia cerebral é um distúrbio persistente, porém não imutável da motricidade, pois, com os tratamentos atualmente disponíveis, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, promovendo o relaxamento e o alongamento muscular, facilitando o equilíbrio, a marcha e a postura, além de amenizar a dor.

Como a sociedade deve tratar uma criança com paralisia cerebral?

Ela deve tratá-la como um cidadão, com os mesmos direitos e deveres que os não portadores de uma determinada alteração motora têm. Obviamente, algumas necessidades são fundamentais para que ela possa desenvolver todas as suas potencialidades com menor dificuldade. O fundamental é saber que isso não é sinônimo de incapacidade.


Fonte: Cristiano Milani, neurologista


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