Desde 1983, o Fofão, ser misterioso vindo do planeta Fofolândia, está na Terra passando um tempo enquanto sua mãe faz o almoço. Afinal, ele é jovem ainda, “pouco mais de oito milhõezinhos de anos...”, diz Orival Pessini, o homem por trás do boneco que surgiu no programa infantil “A Turma do Balão Mágico”, na Globo.
Pelo visto, a mãe de Fofão continua fazendo o tal do almoço. Afinal, ele está por essas bandas há 26 anos, e até hoje ainda desperta emoção nas crianças e nos adultos – as crianças de ontem.
        “Muitos deles choram, querem apertar a bochecha,         às vezes preciso de reforço na segurança” (risos), conta Orival.         “Certa vez, encontrei a atriz Adriana Lessa em um programa de         TV, mas eu já havia tirado a fantasia. Foi só falar com a voz do         Fofão ao pé do ouvido, que ela começou a chorar. O personagem         relembra uma fase boa da vida das pessoas, que é a infância”,         avalia.          
Várias faces                   
Orival Pessini e Jô Soares em 'Planeta dos Homens'
O ator, hoje com 65 anos, conta que sempre trabalhou com máscaras         que ele mesmo criou. “Faço as máscaras em uma cabeça de gesso,         feita nos moldes da minha própria cabeça”. Inspirou-se nos anos         70, ao assistir o “Chico Anysio Show”, em que o humorista         interpretava vários personagens. Autodidata, Orival aprendeu         sozinho a fazer esculturas, e depois foi atrás de fábricas de         látex para criar as máscaras.
        Seus primeiros personagens de destaque na         televisão foram os macacos Sócrates e Charles. O programa era         “Planeta dos Homens” (1976 a 1982) e tinha no elenco Jô Soares,         Paulo Silvino, Costinha, Agildo Ribeiro e outros comediantes.          
        “Aí o Boni me pediu para criar um personagem         infantil. Eu nunca tinha feito nada para crianças, os macacos         eram divertidos, mas tinham um viés político. Como na época         estava na moda o E.T. (do filme de Steven Spielberg), feio mas         com um grande coração, resolvi criar algo no gênero. O Fofão         acabou sendo uma mistura de urso, cachorro, palhaço, gente, tem         de tudo. O bochechão dele virou sucesso absoluto”, lembra o         ator.          
Somos amigos, amigos do peito...                   
Junto com Fofão surgiu o “Balão Mágico”, apresentado por ele e         por Simony. No início, Fofão não falava, mas o personagem ganhou         espaço ao tomar a sopa de letrinhas que a menina lhe dava. “A         Simony tinha só seis anos, mal sabia ler. Eu a ajudava a decorar         as falas. Por isso o personagem precisou crescer”, explica.
        Fofão ficou tão famoso que virou boneco e vendeu         cerca de quatro milhões de unidades. “Era um presente tanto para         meninos como para meninas. No dia dos namorados, em 1986, as         lojas precisaram pedir uma nova remessa, pois os rapazes estavam         dando bonecos do Fofão em vez de ursos de pelúcia”, conta         Orival.          
Famoso desconhecido 
        
        Além de Fofão, Orival também é conhecido por         personagens como o estudante “riponga” Patropi, o sexólogo         Ranulpho, o faz-tudo Juvenal, entre outros. Todos com máscaras         feitas pelo próprio ator. O fato de sempre aparecer mascarado na         TV o fez passar por situações engraçadas.                           
Como, por exemplo, ouvir comentários na rua sobre seus         personagens, ou ver uma criança segurando um boneco do Fofão,         sem que ela soubesse que o Fofão em pessoa estava bem ali ao         lado. “Eu costumo brincar que sou o ator mais famoso         desconhecido do Brasil”, ri Pessini, que diz não sentir falta de         ser reconhecido.
Até Ivete queria um Fofão                       
Em quase 30 anos de “fofura”, Orival teve diversos momentos         marcantes. Um deles aconteceu em um show no ginásio do         Mineirinho, em Belo Horizonte, mais de 20 mil pessoas presentes.         Antes do espetáculo começar, um pai chegou com um menino de 13         anos na cadeira de rodas. “Ele não falava nem andava, mas         adorava ver o Fofão na TV. Eu abracei o menino e comecei a falar         com ele com a voz típica do personagem. O menino ficou numa         alegria tão grande que murmurou o nome do Fofão. Foi uma         surpresa para o pai, que de tão emocionado começou a chorar”.
        Outra lembrança boa é do Fortal de 2007(carnaval         fora de época em Fortaleza), quando, vestido de Fofão, Orival         pulou por 1h30 no trio elétrico ao lado de Ivete Sangalo.         “Quando ela me viu fantasiado, me deu um abraço e disse que         amava o Fofão. Contou que o sonho dela era ter um boneco do         personagem. Mas como o pai tinha seis filhos, não dava para         comprar tudo que ela pedia sempre”, conta.         
        Para quem acha que se vestir de Fofão dá um         trabalho danado, Orival explica que fica caracterizado em         segundos. Além disso, a roupa não esquenta nem pesa. “O macacão         é feito de um jeans, bem largo. A camiseta é de algodão, e o         tecido foi feito especialmente para o personagem. As mãos e os         pés que esquentam mais, pois são feitos de lã”, diz o ator, que         apesar de parecer enorme na TV, tem o tamanho do brasileiro         médio, 1,73m. “É que o Fofão é cabeçudo...Que bonitinho!”         (risos), brinca Orival, imitando o personagem.
fonte: ego.globo.com
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