Internet Society agendou para esta quarta-feira (06) o início da campanha de troca do atual protocolo IPv4 para a próxima geração IPv6. O objetivo da mudança é ampliar o número de IPs (número que identifica cada dispositivo conectado à rede) disponíveis.
Fornecedoras de equipamentos, provedores e empresas de conteúdo, como Akamai, AT&T, Cisco, Facebook, Google, Bing, Yahoo! etc. são algumas das companhias que apoiam a causa.
Apesar da mudança, a maioria dos usuários não deve sentir diferenças. “99,95% das pessoas será capaz de acessar os serviços sem interrupção. Caso eles não se conectem via IPv6, serão redirecionados para o protocolo IPv4. No entanto, como acontece com qualquer tecnologia de próxima geração, pode haver falhas”, afirmou o Google, em junho do ano passado, ao anunciar um teste de migração.
O IPv6 é o formato que vai substituir o atual padrão IPv4, baseado em 32 bits, que possui limite de 4,3 bilhões de combinações. A popularização de smartphones, tablets e outros dispositivos conectados forçou a ampliação do número de IPs.
Com o novo formato, o total de combinações disponíveis salta para 340 undecilhões (ou 3.4×10 elevado a 38).
Na última quinta-feira (3/2) os endereços IPs do protocolo IPv4 pararam de ser distribuídos em todo o mundo. Com isso, os Registros Regionais de Internet passarão a entregar, a partir de agora, unicamente o protocolo IPv6.
A troca é uma questão de infraestrutura. Na década de 70, quando o IPv4 foi criado, os desenvolvedores da web não tinham ideia do tamanho que a internet teria e, portanto, não se preocuparam em criar um padrão de endereços que suportasse a expansão da rede mundial.
Agora, com o crescimento exponencial da internet, esses números IPv4 estão chegando ao fim. A expectativa é de que já não exista mais disponibilidade de endereços a partir de dezembro de 2011. Então, para que a internet continue crescendo e se desenvolvendo, foi necessário criar um outro sistema de numeração, que irá comportar muito mais computadores, servidores e endereços web. Em vez dos 4 bilhões de números - usados no IPv4 -, o IPv6 suporta uma quantidade que nem sabemos falar: são 3,4x10 elevado à 38ª potencia.
Isso é extremamente positivo, uma vez que, em breve, não só as pessoas e as máquinas estarão conectadas, mas os objetos também. Segundo o coordenador de projetos do IPv6 BR, Antonio Moreiras, o mundo está entrando na era da “Internet das Coisas”, na qual geladeiras, microondas, carros e outros objetos estarão conectados à rede e cada um deles também terá seu número de IP. Com essa nova realidade, é imprescindível ampliar a disponibilidade de endereços no mundo.
Além disso, Moreiras explicou que a mudança para o IPv6 pode significar mais segurança para a Internet, pois o padrão conta com um protocolo criptografado, que pode identificar todo o caminho percorrido por cada IP. Para os usuários finais, essa mudança nem deve ser percebida. “Isso vai acontecer de forma invisível. Caso o internauta tenha um modem ou um roteador sem suporte para IPv6 será necessário comprar outro, mas isso depende da tecnologia usada. Algumas pessoas têm provedores que administram tudo e são eles que deverão disponibilizar o IPv6”, explica.
O executivo acredita que ainda é muito cedo para os usuários finais se preocuparem com isso, até porque existem poucos equipamentos no mundo com suporte IPv6. Os aparelhos devem começar a ser vistos mais no final do ano e, por isso, vale a pena esperar. “A minha dica é conversar com seu provedor pra saber se eles já estão se preparando para esta troca”, sugere.
A verdade é que as empresas de telecom e provedores serão os mais cobrados com essa história. Eles têm cerca de 1,5 ano para se organizarem, mas como o movimento começou em 2008, os investimentos em equipamentos já estão sendo feito desde então. "Ainda é um assunto desconhecido por muitos, mas a CTBC e Global Crossing, por exemplo, já têm suporte IPv6. Outras como Telefônica, Embratel, GVT e Intelig estão se preparando”, conta o coordenador do projeto.
Para ter ideia de como o IPv6 não será um 'bicho de sete cabeças' para os usuários, no evento de tecnologia, Campus Party, a Telefônica fez um experimento e disponibilizou IPv6 para todos os participantes. Durante os seis dias de evento, os internautas usaram o protocolo sem nem ao menos perceber.
Para quem quer saber mais sobre o assunto, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC) criou um site do projeto IPv6 no Brasil. Lá tem cursos disponíveis em módulos que são super explicativos e fáceis de entender. Não deixe de dar uma passada lá.
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