O cantor Silvio Brito é o convidado especial do programa Ensaio desta semana. O programa é produzido originalmente pela TV Cultura de São Paulo e foi ao ar nesse domingo (24/6). Será reprisado hoje (25), pela Rede Minas. O único detalhe: o programa começa à uma da madrugada. Mas vai compensar ficar acordado até mais tarde. Silvio fala dos seus grandes sucessos como “Tá Todo Mundo Louco”, “Espelho Mágico” e “Pare o Mundo que eu Quero Descer”. Lembra a primeira música “Casinha” que foi trilha sonora da novela “Ovelha Negra” na TUPI, em que Rolando Boldrin era protagonista. E conta das dificuldades da censura, lembra de Ivon Cury, Chacrinha e Silvio Santos, além de, relembrar os tempos da TUPI onde comandava um programa jovem. O Programa Ensaio é apresentado por Fernando Faro. Sílvio estará acompanhado por Guilherme David (bateria), Maurílio Kobel (teclado), Fábio Branco (baixo), Clarissa Ribas Brito e Marissol Ribas Brito (filhas de Sílvio, no backing vocal).
Para Silvio Brito, os normais estão no hospício
Os refrões de suas músicas caíram na boca do povo. Viraram bordões populares, temas de novela, foram citados em programas de TV, e ainda hoje seus ecos são ouvidos por aí. Rei da irreverência nos anos 70, o cantor Silvio Brito continua ativo, fazendo shows toda semana pelo Brasil e, eventualmente, no exterior. Se antigamente precisava fugir porque as fãs queriam agarrá-lo, hoje, mais de três décadas depois, ele brinca: “Pode agarrar, minha mulher está longe!”.
Com a mesma alegria que marcou suas músicas, este mineiro de 56 anos concede uma entrevista ao EGO, e diz que sente falta do passado, mas não o quer de volta. “Não se vive direito antes dos 30 anos. É muita ansiedade”.
Com tantos anos de carreira, continua fazendo muitos shows?
SILVIO BRITO - Faço shows toda semana. Costumo me apresentar no interior do Rio, de São Paulo, em Santos, Minas Gerais. Faço excursões de três meses pelo Nordeste. Também faço shows fora do país de vez em quando. Nos últimos anos já cantei nos Estados Unidos, em Portugal, na Espanha, na Itália.
E como é a recepção do público nos seus shows?
SILVIO BRITO - É maravilhosa. Os pais falam de mim para os filhos, despertam a curiosidade dos mais jovens. Então o show tem tanto um público mais velho como mais novo também. Hoje à noite vou fazer um show para 1.500 pessoas. E a internet também está tendo um papel muito importante na divulgação das minhas músicas. No You Tube tem vários vídeos, é impressionante.
Foi você que colocou?
SILVIO BRITO - Eu não, nem sei lidar com computador! (risos) Foram fãs meus que quiseram fazer uma homenagem. Fiquei muito feliz quando vi.
Qual foi a maior platéia que você já teve?
SILVIO BRITO - Foi em Brasília, em 1976. Cantei para 100 mil pessoas. Eu tinha lançado o álbum “Pare o mundo que eu quero descer”. Estava na época da ditadura e fui proibido de cantar. Acharam que era música de protesto, mas não foi feita com essa conotação. Mas o pessoal ficava doido quando ouvia.
Falando em doido... E seu grande sucesso, ‘Tá todo mudo louco’?
SILVIO BRITO - Também foi censurada. Em algumas cidades eu não podia cantá-la. Mas depois, quando liberaram, eu cheguei a fazer palestras e shows em hospícios, clínicas de recuperação. E a música virou jingle da Rádio Globo e tocou também nos programas do Chico Anysio e dos Trapalhões.
Se nos anos 70 você já achava que todo mundo estava louco, o que pensa das pessoas de hoje?
SILVIO BRITO - Hoje ainda existem alguns normais. Mas eles estão nos hospícios e nas emissoras de rádio e TV. (risos)
Você costuma dizer que passou por três vertentes em sua carreira. Foi irreverente, místico e romântico. Quem você é hoje?
SILVIO BRITO - Continuo sendo os três, mas hoje estou mais centrado, mais equilibrado. No início da carreira eu cantava músicas irreverentes de Brenda Lee, Ivon Cury. As italianas mostravam meu lado mais místico, e as músicas espanholas, o lado romântico.
Você tem saudade do passado?
SILVIO BRITO - Tenho muita saudade, mas é uma saudade boa, que não me faz sofrer. Vivi muitos momentos intensamente, mas a gente tem é que viver o presente. Estou sempre tentando me renovar. Prefiro mil vezes o agora do que o ontem.
Por quê?
SILVIO BRITO - Porque antes era muita euforia. Não se vive direito antes dos 30 anos. É muita ansiedade. Hoje um show meu dura duas, três horas. Eu curto mais a platéia. Antes eu tinha que fugir, as pessoas queriam me agarrar. Hoje eu brinco: ‘Pode agarrar, minha mulher está longe!’ (risos).
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