O Rio Grande do Sul recebeu seus primeiros descendentes de italianos em maio de 1875. Três famílias milanesas de Monza instalaram-se em Nova Milano (hoje, Farroupilha), iniciando um núcleo que marcaria de forma definitiva a cultura e a economia do Estado. Até 1914, mais de 80 mil imigrantes, vindos sobretudo da Lombardia, do Vêneto e do Tirol, enfrentaram as condições precárias de travessia nos navios e a instalação no território selvagem e pouco acolhedor da serra gaúcha. Conforme a Lei Estadual do Estado do Rio Grande do Sul, ficou estabelecida a data de 20 de Maio de 1875, como o marco zero da imigração italiana em terras gaúchas.
As primeiras colônias italianas criadas no Rio Grande do Sul foram as de: Conde D'Eu, Dona Isabel e Nova Palmira (atualmente Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, respectivamente).
Em 1877, foi fundada Silveira Martins, conhecida por 4ª Colônia, próximo a atual cidade de Santa Maria. Estas quatro colônias oficiais formaram o núcleo básico da colonização italiana no Rio Grande do Sul.
Boa parte desses retirantes do norte da Itália emigraram num período extremo de conflito entre os liberais e os católicos.
Os colonos buscaram reconstruir, em solo gaúcho, o mundo campesino, a temporalidade das aldeias, reconfigurando suas tradições e a sociabilidade principalmente em torno da Igreja católica. O dialeto, as narrativas, as festas, a massa, o galeto e o vinho, valores caros como o trabalho e a família, são elementos presentes até hoje no imaginário regional, constituindo uma espécie de saga da imigração italiana, envolvendo desde o estereótipo do colono até pequenos e expressivos hábitos arraigados no dia-a-dia.
Em 24 de maio de 1870, o então Presidente Dr. João Sertório, criava as Colônias "Conde D'Eu" e "Dona Isabel".
Os primeiros imigrantes chegados a Dona Isabel, oriundos do norte da Itália, chegaram no dia 24 de dezembro de 1875. Ocuparam uma esplanada onde hoje localiza-se a Igreja Cristo Rei (Bairro Cidade Alta), onde ficaram aguardando a distribuição das terras.
Em 1881 é iniciada a abertura da primeira estrada de rodagem, chamada Buarque de Macedo, ligando as colônias Dona Isabel, Conde D’Eu, e Alfredo Chaves. É a atual RST 470, a mais antiga via do Rio Grande do Sul a ligar Montenegro até o Estado de Santa Catarina.
Em 1884, com a crescente chegada de novos imigrantes, os colonos começaram a atravessar o rio das Antas e assim foram criadas as colônias de Alfredo Chaves, de São Marcos e Antonio Prado, estas duas últimas em 1885. Essas colônias eram formadas por imigrantes italianos de várias proveniências, sendo que a predominância esmagadora era formada por vênetos.
A colônia Dona Isabel foi desmembrada da então colônia de São João de Montenegro através do Ato nº 474, de 11/10/1890 pelo Governador do Estado General Cândido Costa, com a denominação de Bento Gonçalves em homenagem ao General Bento Gonçalves da Silva, chefe da Revolução Farroupilha (que durou de 1835 a 1845) e Presidente da República do Piratini, hoje Estado do Rio Grande do Sul.
Causas da Imigração Vêneta
Emigrantes a bordo de navio
A grande emigração vêneta fez com que milhares de homens, mulheres e crianças tivessem que abandonar, desordenadamente e sem auxílio do governo, a terra natal para, procurar trabalho e melhores condições de vida em lugares distantes e pouco conhecidos. Em primeiro lugar, devemos levar em conta a somatória de fatores locais vênetos, ocorridos nos últimos cinqüenta anos finais do século XIX, os quais, muito contribuíram para romper o relativo equilíbrio existente, agravando a já tão difícil vida de milhares de pobres agricultores, diaristas e pequenos artesãos.
A população vêneta, como de toda a Europa, devido a melhoria das condições de higiene, principalmente com uma maior redução da mortalidade infantil, experimentou nesse período um aumento importante e nunca conhecido.
A agricultura vêneta nesta época, que antecedeu a grande emigração, era muito atrasada. Durante centenas de anos muito pouco foi acrescentado em novas técnicas, desde a introdução da batata e do milho nos séculos anteriores, produtos estes que contribuíram, ainda no governo da Sereníssima República de Veneza, para manter a população vêneta mais ou menos equilibrada. Pelo atraso em que se encontrava, não conseguiu suportar a concorrência de produtos importados de outros países, principalmente dos Estados Unidos da América, que chegavam por preços mais baixos.
Uma série de desastres naturais, também se abateu sobre todo o Vêneto neste período, com secas, inundações, granizo e pragas, contribuindo para agravar a já deficiente produção agrícola vêneta e a conseqüência foi a fome e doenças carenciais, como a pelagra.
O atraso da Itália em geral, e do Vêneto em particular, também ficava evidente no que diz respeito a industrialização, movimento que só apareceu na região em fins do século XIX, ainda que timidamente, não oferecendo trabalho suficiente para aquela mão de obra expulsa do campo.
O confisco das terras da Igreja pelo Reino da Itália, também criou um grande atrito na região do Vêneto, onde a presença de católicos eram a maioria. O desentendimento entre Igreja e Estado durou até próximo ao período republicano.
O tipo de relacionamento entre o capital e o trabalho, ainda herança da era medieval, onde o patrão, dono da terra, detinha o controle quase total do empregado, ao qual, sem leis específicas de proteção, só restava calar sempre, obedecer sempre.
A vontade de libertação do jugo do patrão, exercido ainda de forma medieval, juntamente com a fome crônica que grassava na região, com a falta de perspectivas para o futuro e, posteriormente, a ação desonesta de angariadores de mão-de-obra e divulgadores do "el dorado" brasileiro, foram, sem dúvidas, as causas mais próximas da grande emigração vêneta para o Brasil.
Links:
Fotos Hospedaria Ilha das Flores: http://www.cantoni.pro.br/ilhaflores/antigas.html
Referências Bibliográficas:
Jornal do MARGS (Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli); Maio 2005, número 107.
http://veneti.blogspot.com, acessado em 25 de janeiro de 2007.
http://www.imigrantesitalianos.com.br/
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