No próximo dia 24 de fevereiro o 2º disco d'Os Mutantes, simplesmente chamado de Mutantes, completará 43 anos (1969). Antecipando uma semana, trago todas as novidades desse lançamento... jeje.
Clássico absoluto do rock brasileiro!
Aqui transcrevi as duas primeiras reportagens da banda na revista Veja: a primeira de outubro de 1968, quando a revista tinha apenas 2 meses; a segunda de fevereiro de 1969, que fala exatamente do segundo disco. De quebra ainda tem uma pequena resenha escrita pelo maestro Júlio Medaglia.
Infelizmente não consegui pegar as páginas das reportagens, tendo que me limitar apenas as respectivas capas.
Curiosidade: Rita Lee no início de sua carreira profissional tocou com Tony Campello (ela tinha a banda vocal Teenage Singers com mais três amigas). Em 24 de fevereiro também comemora-se o nascimento de Tony Campello (1936).
PS: Em 24/02/1975 Led Zeppelin lançou Physical Graffiti. Em 24/02/1979 The Police lançou a música "Roxanne". Em 24/02/1984 Léo Jaime lançou o clássico Phodas C.
A música dos Mutantes no Festival
Revista Veja – Edição 4 – 2 de outubro de 1968 (Pág 66)
Eles levaram ao palco do Maracanãzinho, dentro de sua canção, “É Proibido Proibir”, de Caetano Veloso
Sentar nas teclas do piano ou colocar uma barra de ferro nas cordas das guitarras, tudo vale para Os Mutantes, desde que produzam um nôvo som: “Queremos dizer tudo em nossa música, no tema e no som: os ruídos, as vozes, o canto de um pássaro. Novos temas estão em volta do mundo em nós: um dia de sol, um sorriso, muito amor nas pessoas, bancas de jornais, gente”.
Uma família musical – Arnaldo, vinte anos, e Sérgio, dezessete, são irmãos. Faziam parte de um conjunto que só tocava “rock” e “twist” (hoje consideram essa fase de iniciação um lixo), até o dia em que conheceram Rita Lee Jones, dezoito anos, filha de americanos, que integrava por sua vez um conjunto de meninas que cantavam músicas folclóricas americanas. Os dois irmãos convidaram Rita a formar um nôvo conjunto – Os Mutantes (os que mudam, os que transformam). São todos muito versáteis: Rita toca flauta, harpa, guizos, castanhola, cítara e instrumentos de percussão; Arnaldo além de pianista, organista e violoncelista, é um ágil guitarrista; Sérgio estuda quatorze horas por dia a guitarra, o violão e a harmonica-de-bôca. Há também outros instrumentos estranhos, inventados pelo irmão mais velho, Cláudio, especialista em eletrônica: uma espécie de “cello” elétrico, um baixo elétrico com três registros diferentes, e uma guitarra cuja freqüência é alterada sem amplificador, no próprio instrumento. Todo êsse arsenal sonoro é completado pela voz do pai dos rapazes, César Dias Batista, tenor do Coral Paulistano, e pela mãe, uma exímia pianista.
Mutantes, as novidades do segundo LP
Revista Veja – Edição 25 – 26 de fevereiro de 1969 (Pág 61)
Em apenas uma semana, os 3 jovens fizeram um nôvo disco que é para a sua gravadora um futuro sucesso de vendagem. Segundo a crítica, é um avanço musical.
Os Mutantes mudaram? Desde seu primeiro LP, lançado em julho do ano passado, até o segundo, colocado a venda essa semana, os dois rapazes (Arnaldo e Sérgio) e a môça (Rita) mudaram muito, e para melhor, segundo a crítica. “Enquanto os Beatles lançam um álbum bem comportado, de rock açucarado, com lindos efeitos de cordas e cravos, três jovens brasileiros, com a média de vinte anos de idade, surgem com um nôvo LP e conseguem, através do humor e da total desmistificação, ampliar efetivamente os limites da música.” É a opinião do maestro Julio Medaglia, músico de vanguarda para quem as barreiras entre o “erudito” e o “popular” já caíram há muito tempo. Carlos Gonçalves, chefe de divulgação da gravadora Phillips, está apostando no disco, e garante mesmo que “será o campeão de vendagem, o nosso carro-chefe para depois do carnaval.” O primeiro álbum dos Mutantes vendeu 20 000 discos e a gravadora espera uma vendagem mínima de 50 000 para o segundo LP.
Beatles brasileiros? – O nôvo LP dos Mutantes, mais que o primeiro, é uma criação do próprio grupo: apenas quatro faixas contaram com a participação de orquestra. A participação do maestro Rogério Duprat – com quem Os Mutantes colaboraram em seu primeiro disco e no LP “Tropicália” – está bastante reduzida. Em compensação os três técnicos de som trabalharam mais do que nunca atrás de efeitos inéditos. Na faixa “Fuga Nº 2” o acorde final bate um recorde – dura dois segundos mais que o acorde com que termina “A Day in the Life”, dos Beatles. O primeiro LP levou um mês e meio de gravação; o segundo foi feito em uma semana e meia, às vésperas da viagem do conjunto para à Europa, para apresentar-se no MIDEM, em Cannes. Sempre comparados aos Beatles – o “Nice Martin”, diário de maior circulação no sul da França, os chamou de Beatles brasileiros –, Os Mutantes usam acordes dos ingleses na faixa “Rita Lee” (“Ob La Di Ob La Da”) e pistons em acordes repetidos em outras faixas, lambrando o clima de “Penny Lane”.
Os Mutantes – Volume II (Pág. 65)
Julio Medaglia
fonte: http://setedoses.blogspot.com/