domingo, 12 de agosto de 2012

Copa da maconha no Uruguai

Amparados pelo plano do governo de legalizar a maconha no Uruguai, alguns produtores e consumidores do entorpecente criaram um concurso para descobrir quem cultiva a melhor cannabis do país.

A competição contou com 60 cultivadores locais e estrangeiros. Os jurados avaliam "não só a substância, mas a apresentação, o sabor, a cor, o cheiro e, por último, seu teor psicoativo", detalhou Laura Blanco, organizadora da Cannabis Cup (ou Copa da Maconha, em tradução livre).

"Foi um dia fantástico. As pessoas sabem se portar, são muito pacíficas e costumam se divertir muito. Durante todo o evento, nenhum inconveniente foi registrado", narrou a ativista, presidente da Associação de Estudos da Cannabis do Uruguai (Aecu), entidade organizadora e uma das mais ativas do setor.

Blanco aponta que o objetivo da Aecu, um grupo de 80 associados em um país de 3,3 milhões de habitantes, é "multiplicar os cultivadores" para desvincular a maconha de outras drogas mais pesadas e que são vendidas nos mesmos lugares do perigoso mercado negro.

Essa justificativa é basicamente a mesma apresentada em junho pelo presidente uruguaio, José Mujica. Na ocasião, o ex-guerrilheiro, de 76 anos, declarou que pretendia descriminalizar a maconha e que o Estado ficaria responsável pela produção, distribuição e comercialização da droga.

De acordo com Mujica, do bloco esquerdista Frente Ampla, o aumento dos crimes violentos no país se deve, sobretudo, ao consumo de drogas pesadas, como o crack.

No Uruguai, a posse de maconha para consumo pessoal não é tida como um crime, mas o cultivo e a comercialização sim, um fato que pode resultar em uma condenação de 20 meses até dez anos de prisão.

Contabilista, atriz e mãe de três filhos, Blanco, de 47 anos, apoia Mujica sem restrição, ressaltando que "o primeiro erro" é acreditar que as pessoas terão um maior acesso à droga após a descriminalização. "Atualmente, a maconha pode ser encontrada em qualquer esquina", diz.

Legalidade
A ideia dos responsaveis pela competição é realizá-la todos os anos, algo que pode ser concretizado perfeitamente com o sucesso dessa primeira edição.

Os organizadores acreditam que o concurso, realizado no final de julho em um prédio particular do bairro de Prado, em Montevidéu, possa ser feito de uma forma mais pública no futuro, fato que depende da aprovação do novo plano governamental.

Cientes de que a Cannabis Cup do Uruguai foi realizada à beira da ilegalidade, seus responsáveis não permitiram o registro de imagens no local, exceto pelo fotógrafo da própria organização.

"O ato em si era legal, mas nos preocupamos em proteger a identidade dos cultivadores", afirmou Blanco.

Fontes judiciais opinaram que "se os participantes fossem surpreendidos nessa situação seguramente teria ocorrido alguma prisão devido à quantidade de droga presente, além das questões relacionadas ao cultivo".

Para essas fontes, a degustação não deixa de ser "uma espécie de ato de provocação por parte das pessoas que defendem a legalização da maconha".


tags: maconha, cannabis, liberação, copa, torneio,


fonte: G1

Um comentário:

Anônimo disse...

como se consegue cidadania uruguaia?