Vento Negro, de 1975, do extinto grupo Almôndegas – grupo pelotense, precursor da dupla Kleiton & Kledir.
Para quem nunca ouviu falar, Vento Negro está para o Rio Grande do Sul como Andança está para o resto do Brasil. É a música mais tocada em rodas de viola e é a primeira a ser ‘tirada’ quando se aprende a tocar violão. Ou pelo menos era. É uma música significativa, bonita demais, nativista misturada à MPB, e lançada em plena ditadura, cantada por um grupo vocal e musicalmente muito competente. Confira a letra. Era o início da chamada Música Popular Gaúcha.
Onde a terra começar
Vento negro, gente eu sou
Onde a erra terminar
Vento negro, eu sou
Quem me ouve vai contar
Quero lutas, guerras não
Erguer bandeiras sem matar
Vento negro é furacão
Com a vida, o tempo
A trilha, o sol
O vento forte
Se erguerá
Rasgando o que houver
No chão
Vento negro
Canto afora
Vai correr
Quem vai embora
Tem que saber
É viração
Nos montes, vales que venci
No coração da mata virgem
Meu canto, eu sei, há de se ouvir
Em todo meu país
Não creio em paz sem divisão
De tanto a mor que eu espalhei
Em cada céu, em cada chão
Minha alma lá deixei
Com a vida...
Almôndegas foi
uma das bandas pioneiras em criar uma linguagem particular para a
música pop gaúcha. Oriundos da cidade de Pelotas/RS. Os Almôndegas
misturavam velhas canções do folclore gaúcho, MPB e rock.
O
trabalho do almondegas virou referência para artistas posteriores do
pop rock gaúcho como Thedy Corrêa, Wander Wildner, Duca Leindecker entre
outros. Em eleição promovida pelo portal gaúcho clicrbs, três canções
dos almôndegas ("vento negro", "até não mais" e "haragana") foram
lembradas por outros artistas entre as músicas que melhor representam o
Rio Grande do Sul.
Os
Almôndegas surgiram oficialmente com a gravação do primeiro LP, em
1975, mas desde quatro anos antes os irmãos Ramil, o primo Pery Souza e
os amigos Gilnei Silveira e Kiko Castro Neves lideravam uma gurizada que
se reunia num apartamento no bairro Petrópolis, em Porto
Alegre, para cantar. Músicos de formação eclética, eles só pensavam em
se divertir quando venceram o I Festival Universitário da Canção
Catarinense com a música Quadro Negro.
Em
1974, realizaram sua primeira gravação: a música "Testamento", com
letra de José Fogaça, música que virou trilha sonora de um programa
(Opinião Jovem) que o próprio Jorge tinha na rádio Continental 1120 AM.
A
mescla de regionalismo com música pop, espécie de marca registrada dos
Almôndegas, surgiu meio por acaso. Em um show no antigo Encouraçado
Botequim, o grupo cantou Amargo, de Lupicínio Rodrigues, e a reação da
platéia foi calorosa. Com o aval do público, os músicos passaram a
repetir a apresentação em outros shows e levaram a experiência para o
primeiro disco.
Gravaram
o primeiro LP ("Almôndegas"), em 1975 (mesmo ano de "Aqui", trabalho
que colocou a faixa "Canção da Meia-noite" na novela Saramandaia, da
Rede Globo de Televisão). Em 1977, a banda partiu para o Rio de Janeiro.
Kleiton, Kledir e Gilnei levavam outros sonhos na bagagem e contavam
com o auxílio precioso dos novos integrantes João Baptista e Zé Flávio.
Neste ano, vieram mais dois discos: "Gaudêncio Sete Luas" (na verdade,
uma coletânea dos anteriores) e "Alhos com Bugalhos". Os registros da
carreira do Almôndegas culminou com "Circo de Marionetes", de 1978. No
seguinte - 1979 - o grupo se desfez.
Mesmo
iniciando sua carreira no circuito universitário e sendo lançados junto
com as sementes do que seria o Rock do Sul, o grupo nunca negou as
raízes Rio-grandenses, tanto que participaram, em 1975, da quinta
"Califórnia da Canção Nativa", com a música "Piquete do Caveira". Seus
componentes mais famosos foram os irmãos Kleiton e Kledir Ramil.
Seus dois últimos LP's foram reeditados em CD, pela Gravadora Universal: Alhos com Bugalhos e Circo de Marionetes.
tags: musica, fogaça, sucesso, 1975, almondegas, vento,
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