quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Almondegas - Vento Negro





 Vento Negro, de 1975, do extinto grupo Almôndegas – grupo pelotense, precursor da dupla Kleiton & Kledir. 
 Para quem nunca ouviu falar, Vento Negro está para o Rio Grande do Sul como Andança está para o resto do Brasil. É a música mais tocada em rodas de viola e é a primeira a ser ‘tirada’ quando se aprende a tocar violão. Ou pelo menos era. É uma música significativa, bonita demais, nativista misturada à MPB, e lançada em plena ditadura, cantada por um grupo vocal e musicalmente muito competente. Confira a letra. Era o início da chamada Música Popular Gaúcha.


 

Onde a terra começar
Vento negro, gente eu sou
Onde a erra terminar
Vento negro, eu sou
Quem me ouve vai contar
Quero lutas, guerras não
Erguer bandeiras sem matar
Vento negro é furacão

Com a vida, o tempo
A trilha, o sol
O vento forte
Se erguerá
Rasgando o que houver
No chão
Vento negro
Canto afora
Vai correr
Quem vai embora
Tem que saber
É viração

Nos montes, vales que venci
No coração da mata virgem
Meu canto, eu sei, há de se ouvir
Em todo meu país
Não creio em paz sem divisão
De tanto a mor que eu espalhei
Em cada céu, em cada chão
Minha alma lá deixei

Com a vida...


Almôndegas foi uma das bandas pioneiras em criar uma linguagem particular para a música pop gaúcha. Oriundos da cidade de Pelotas/RS. Os Almôndegas misturavam velhas canções do folclore gaúcho, MPB e rock.
O trabalho do almondegas virou referência para artistas posteriores do pop rock gaúcho como Thedy Corrêa, Wander Wildner, Duca Leindecker entre outros. Em eleição promovida pelo portal gaúcho clicrbs, três canções dos almôndegas ("vento negro", "até não mais" e "haragana") foram lembradas por outros artistas entre as músicas que melhor representam o Rio Grande do Sul.


Os Almôndegas surgiram oficialmente com a gravação do primeiro LP, em 1975, mas desde quatro anos antes os irmãos Ramil, o primo Pery Souza e os amigos Gilnei Silveira e Kiko Castro Neves lideravam uma gurizada que se reunia num apartamento no bairro Petrópolis, em  Porto Alegre, para cantar. Músicos de formação eclética, eles só pensavam em se divertir quando venceram o I Festival Universitário da Canção Catarinense com a música Quadro Negro.

Em 1974, realizaram sua primeira gravação: a música "Testamento", com letra de José Fogaça, música que virou trilha sonora de um programa (Opinião Jovem) que o próprio Jorge tinha na rádio Continental 1120 AM.
A mescla de regionalismo com música pop, espécie de marca registrada dos Almôndegas, surgiu meio por acaso. Em um show no antigo Encouraçado Botequim, o grupo cantou Amargo, de Lupicínio Rodrigues, e a reação da platéia foi calorosa. Com o aval do público, os músicos passaram a repetir a apresentação em outros shows e levaram a experiência para o primeiro disco.
Gravaram o primeiro LP ("Almôndegas"), em 1975 (mesmo ano de "Aqui", trabalho que colocou a faixa "Canção da Meia-noite" na novela Saramandaia, da Rede Globo de Televisão). Em 1977, a banda partiu para o Rio de Janeiro. Kleiton, Kledir e Gilnei levavam outros sonhos na bagagem e contavam com o auxílio precioso dos novos integrantes João Baptista e Zé Flávio. Neste ano, vieram mais dois discos: "Gaudêncio Sete Luas" (na verdade, uma coletânea dos anteriores) e "Alhos com Bugalhos". Os registros da carreira do Almôndegas culminou com "Circo de Marionetes", de 1978. No seguinte - 1979 - o grupo se desfez.


Mesmo iniciando sua carreira no circuito universitário e sendo lançados junto com as sementes do que seria o Rock do Sul, o grupo nunca negou as raízes Rio-grandenses, tanto que participaram, em 1975, da quinta "Califórnia da Canção Nativa", com a música "Piquete do Caveira". Seus componentes mais famosos foram os irmãos Kleiton e Kledir Ramil.
 

Seus dois últimos LP's foram reeditados em CD, pela Gravadora Universal: Alhos com Bugalhos e Circo de Marionetes.











tags: musica, fogaça, sucesso, 1975, almondegas, vento,  

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