quinta-feira, 26 de julho de 2012

História e Cânhamo: uma história recente?



Introdução:
Por que escrever sobre a produção de cânhamo no Brasil?

Há muito estamos discutindo em nosso país o plantio da cannabis para vários fins. Pesquisas comprovam sua eficácia na produção de medicamentos, na produção de tecidos, plásticos, entre outros produtos. Mas este plantio é novidade no Brasil?

Este texto nos apresenta um caso de plantio da cannabis para a produção de linho cânhamo no período do Império. Comprovando que esta prática já foi utilizada sem ser associado com uma produção ilícita em nosso país. Desta forma, podemos afirmar que o plantio desta tão temida erva pode sim ser gerador de emprego e renda, para além de ser qualificado como ilícito.

O cânhamo é uma planta da família das moráceas, de nome científico “cannabis sativa”.Seu uso na fabricação de tecido e suas propriedades intoxicantes, se remete a tempos antigos, ligando-o a lendas antigas gregas e orientais. Segundo alguns autores, os filamentos compridos e sedosos da planta serviam para fazer cordas que amarravam os cavalos e os bois em Roma, bem como serviam para a produção das velas dos navios que eram feitas de seu tecido forte e grosso.

No Brasil, seu uso na produção têxtil se remete ao período colonial. Há registros de sua cultura em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a partir de 1770. Mas, para Manoel Pio Correia, a planta já havia sido trazida para país para fins hipnóticos pelos escravos que chegaram na primeira leva de africanos ao Brasil em 1549.

As propriedades do cânhamo não se restringem a sua função têxtil ou hipnótica, ele também, se administrado na medida certa, serve como um ótimo medicamento calmante e antiespasmódico, moderador da contração muscular, sedativo de dores gástricas e cólicas uterinas. Desta forma podemos pensar que o motivo para que a planta tenha sido trazida ao país pelos escravos, possa ser seu uso como planta medicinal e não somente como uma droga de uso recreativo.

1. Uma história: 31 anos da Real Feitoria de Linho Cânhamo
Para exemplificar a produção de cânhamo no Brasil, tomemos como exemplo a Real Feitoria de Linho Cânhamo, no Rio Grande do Sul em 1783. Esta fazenda funcionou durante 31 anos produzindo linho cânhamo para venda no mercado externo e produzindo também seus gêneros de necessidades básicas. Os esforços seriam voltados somente para o plantio do cânhamo, pois não era objetivo a montagem de instalações para o processamento dos tecidos.

Para tal função foram importados do Rio de Janeiro, da Fazenda Santa Cruz, 21 casais de escravos, todos jovens e com potencial para a produção e reprodução da escravaria. Os casamentos eram incentivados, desta forma se garantia o aumento da mão-de-obra futuramente. A constituição de família e de laços de amizade propiciaram que os escravos, em uma certa medida, começassem a negociar com os administradores da fazenda conseguindo algumas concessões. Conseguiu-se, por exemplo, a dedicação de dois dias na semana para o cultivo de suas próprias roças, a realização de festas, o incentivo ao casamento entre os escravos, entre outras.

Com o crescimento da família a produção de gêneros alimentícios também teve que crescer, assim o tempo dedicado a roça familiar aumentou e o tempo dedicado à produção do cânhamo começou a diminuir. Outro fator importante que contribuiu com a diminuição na produção, foi a inexperiência dos feitores contratados para o trato com os escravos e a experiência na produção agrícola dos escravos. Assim os escravos “ditavam as regras produtivas”, pois detinham o conhecimento necessário dos andamentos produtivos e podiam utilizar parte do seu tempo na comercialização de seus produtos em feiras livres.

canhamo fino

2. confrontos entre escravos e clero
Os confrontos e revoltas por castigos aplicados, as ameaças de levantes, o amedrontamento através de festas e cerimônias religiosas eram freqüentes nos relatos desde 1802. Destaca-se como liderança desta insurreição Manoel José. Ele fugiu da fazenda e foi fazer um requerimento contra o inspetor da fazenda ao governador, contando com a apoio de um patrono na sociedade de Porto Alegre. Acredita-se que os escravos queriam que o inspetor, Padre Cruz, se demitisse do cargo, e para concretizar seus planos organizavam ações que aterrorizavam o Padre.

Da mesma forma que Manoel José, o Padre recorreu ao governador queixando-se dos motins realizados pelos escravos. Pelos registros de cartas ao governador da província, constata-se que o Padre. Cruz conseguiu reverter a situação, pois o escravo Manoel José foi preso, afastando-se assim da escravaria. Entretanto a estratégia de desmobilização utilizada pelo Pe não deu o resultado esperado, os escravos continuaram seus motins e agora com mais uma motivação: a punição de um de seus líderes.

toalha de canhamo fino recortada

Em 14 de dezembro de 1814, Joaquim Maria da Costa Ferreira relata a morte de Padre. Cruz ao governador da província de Porto Alegre, Marques Alegrete: ele fora assassinado pelos escravos. Depois de 11 anos, os conflitos entre escravos e inspetor chegavam ao fim. A administração da fazenda foi passada então para outra pessoa, que não constam nos registros da província.

Em 1822, sob a influência das idéias liberais, surge um novo projeto para a fazenda, onde se fortaleceria o cultivo para mercados locais, trocar a cultura do linho cânhamo por outras culturas, como algodão. Mesmo neste período, pós Padre Cruz, os escravos continuam com suas ações de resistência ao controle escravista. Além da concentração na produção de suas hortas, consta em relatos que sistematicamente cabeças de gado eram roubadas pelos escravos, e rapidamente vendidas no mercado local. O que comprova uma rede comercial para receber não só a produção agrícola escrava como também outras mercadorias, neste caso a carne.

A tentativa de repressão da nova inspetoria se dá em convocar soldados para prendê-los. A reação dos escravos foi fantástica, não se entregando a prisão e saindo das senzalas com suas ferramentas e enfrentando os soldados O que comprova mais uma vez, o controle dos escravos de alguns meios de produção, já que as ferramentas ficavam com eles dentro da senzala.

No ano de 1824 a Real Feitoria do Linho Cânhamo é extinta. Em seu lugar foi formada uma colônia de alemães. Os escravos foram enviados novamente para a Fazenda Santa Cruz no Rio de Janeiro, pelo menos é o que consta em documentos relativos a sua extinção.

Considerações finais
Vale pensarmos nos elementos que fizeram com que esta fazenda não prosperasse. O solo de qualidade imprópria para o cultivo do cânhamo, a inexperiência no cultivo, falhas na administração, são os principais fatores para o fracasso da Real Feitoria segundo a historiografia brasileira. Entretanto para Maximiliano Menz, foi a luta dos escravos que inviabilizaram o projeto da Real Feitoria do Linho Cânhamo. Através da organização de uma rede de solidariedade que embasou os enfrentamentos realizados pelos escravos da fazenda.

Canhamo grosso - colorido

canhamo grosso

Para Menz: “a família escrava e “retaguarda natural”, que deveriam servir a reprodução e o fortalecimento do regime escravista, transformaram-se nas bases da resistência ao regime”.

Através deste exemplo podemos perceber que a extinção da produção de cânhamo nada tem a ver com seu uso entorpecente ou com a criminalização da produção. A falência do regime escravista levou junto todas as fazendas que utilizavam esta mão-de-obra, produtoras de café ou cânhamo, tanto faz.

Assim fica a reflexão do início: Como tornarmos real a geração de emprego e renda com o plantio da tão temida erva? Para isso temos que inicialmente, reconhecer os outros potenciais que a cannabis apresenta, deixando de lado o censo comum criminalizante. Desta forma poderemos enxergar as outras possibilidades que esta produção nos apresenta.

Referencias bibliográficas
MENZ; Maximiliano M. “Os escravos da Feitoria do Linho Cânhamo: Trabalho, conflito e negociação” – artigo ....

CORREIA; Manoel Pio “Cânhamo verdadeiro – Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas”

Ana Gualberto - Graduanda em História – UERJ e Assessora do Programa Egbé TN


tags: canhamo, maconha, canabis, sativa, fibra, tecido

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Arena Bus leva Grêmio a cidades do sul do Brasil



Proposta leva aos fãs uma loja improvisada da GrêmioMania, uma maquete da nova casa do clube tricolor e dirigentes da equipe
Equipe Universidade do Futebol

Com o objetivo de divulgar sua marca e se aproximar de seus torcedores onde quer que estejam, o Grêmio tem viajado para o interior gaúcho e para outros estados. Mas em grande estilo. Em um ônibus temático chamado Arena Bus, que faz referência ao futuro estádio gremista, a Grêmio Arena, prevista para estar pronta em dezembro.

O Arena Bus leva aos fãs uma loja improvisada da GrêmioMania, uma maquete da nova casa do clube tricolor e dirigentes da equipe, que sorteiam brindes e produtos oficiais e realizam outras atrações.

“Já passamos por vários lugares. Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Passo Fundo, Farroupilha, oeste catarinense, oeste paranaense e muitos outros”, contou Paulo Cesar Verardi, diretor de marketing do Grêmio.

No próximo domingo, dia 29, o Arena Bus estará em Florianópolis, Santa Catarina, das 11h às 18h.

tags: arena, gremio, onibus, produtos oficiais,
Fonte: Máquina do Esporte
- www.maquinadoesporte.com.br

A seleção brasileira da Copa de 1970 e a ditadura militar

Momento histórico marcou consolidação de um regime e de uma entidade que rege o futebol no país até hoje
Frederico Machado Fagundes Rodrigues


Quem nunca ouviu a música tema da Copa do Mundo de 1970, que emociona até quem nasceu em época posterior à competição, e não se sentiu empolgado com um sentimento de nacionalismo aflorado com a esperança de que um dia o Brasil vai dar certo? A letra da música "Pra frente Brasil" nos conduz a imaginar que a nação está trilhando no caminho certo e que os governantes (da época), nada mais queriam do que nos "salvar" dos riscos que corríamos com os "comunistas malvados" que aprontavam uma enorme baderna sem um motivo aparente só para atingir a moral e os bons costumes ditados pela sociedade elitista da época.

A música é bem clara quanto ao apelo do governo militar de que a população deveria se unir para seguir em frente e não deixar quebrar a corrente: "noventa milhões em ação... É aquela corrente pra frente... Parece que todo Brasil deu a mão...", fazendo uma analogia dos jogos da seleção nacional de futebol no mundial do México com a luta do governo contra a "ameaça vermelha" citada acima.



Vamos aos fatos históricos:
No torneio sul-americano das eliminatórias do mesmo mundial, no ano de 1969, João Saldanha era o técnico da esquadra canarinho e classifica o Brasil, com Pelé em campo, para o torneio máximo do futebol mundial organizado pela Fifa. Saldanha montou a base dos melhores jogadores brasileiros, preparados e organizados para que a seleção brasileira trouxesse a posse definitiva da taça Jules Rimet. A situação política no país era tensa e no mesmo ano da disputa das eliminatórias foi instituído o AI5 (Ato Institucional número 5), um ato autoritário imposto pelo então presidente da República Arthur da Costa e Silva, que praticamente sufocava por completo os direitos de livre expressão do cidadão e que prometia uma verdadeira "caça às bruxas" contra aqueles que eram contrários ao governo militar e seus propósitos, coibindo por completo as ações dos movimentos sociais.



O general Costa e Silva afastou-se do governo por problemas de saúde e em 30 de outubro de 1969 assume Emílio Garrastazu Médice, que era entusiasta do futebol e entendia muito bem como aproveitar a paixão nacional pelo esporte para fazer a propaganda pró-ditadura, provocando, inclusive, a saída do técnico João Saldanha (que nutria uma grande simpatia aos movimentos de esquerda e há quem diga de uma estreita ligação dele com o PCB), exigindo a convocação de Dario, o Dadá Maravilha.



Com personalidade forte, o comandante da seleção afirmou que o presidente deveria se preocupar em escalar o ministério e que o time que iria para Copa do Mundo era preocupação da comissão técnica, custando, assim, seu cargo frente à CBD (atual CBF). Quem foi chamado para assumir a vaga foi Zagallo, que havia sido campeão da Copa como jogador em 1958 e 1962, vindo conquistar o título de 1994, no mundial dos EUA, como auxiliar técnico. O Brasil vivia período de incertezas políticas e os ânimos precisavam ser acalmados. Para isso, Médice usou uma tática dos imperadores romanos para que se esquecesse do período turbulento dos anos de chumbo: a política do "pão e circo". A CBD recebeu todo o respaldo governista para que o time fosse comparado com o próprio país, ficando a imagem de que se o Brasil desse certo no futebol, também daria certo no regime proposto pelos militares até então, mostrando que a ditadura não era tão ruim quanto se mostrava (na visão da propaganda militar).



O Brasil tinha em seu elenco o melhor jogador de todos os tempos (menos para os argentinos, que elegeram Maradona.), que foi aclamado rei: Pelé era o modelo ideal de atleta e disciplina o qual se pregava na ditadura. Era o principal jogador do elenco e todas as atenções estavam voltadas para ele, mostrando não só sua habilidade técnica, mas também sua postura de um verdadeiro cidadão brasileiro (para os padrões da propaganda proposta) disposto a defender a causa nacional a qual lhe foi imposta, sendo submisso a um propósito maior: todos em defesa do Brasil contra os subversivos que ameaçavam a ordem nacional. Enfim, a ditadura mostrava a que veio e utilizou do artifício do esporte, sobretudo o futebol, para aplicar sua ideologia do milagre brasileiro.



O Brasil saiu vitorioso, conquistando em definitivo a taça Jules Rimet, fortalecendo ditadura e CBD, mostrando que a proposta imposta pelo braço de ferro dos militares brasileiros, de certa forma, penduraria por mais algum tempo, precisamente mais 14 anos, onde muitos brasileiros e o país, como um todo, pagaram muito caro, colhendo, até hoje, o fruto das sequelas deixadas pelos militares e pensamentos como: "O Brasil só dá certo no futebol...".

*Frederico Machado Fagundes Rodrigues é graduado em História pela UCG e consultor de relacionamento na Atento Brasil S/A.


http://www.universidadedofutebol.com.br

Casa do Imigrante - São Leopoldo

Construída em 1788 e hoje conhecida como A Casa do Imigrante (A Casa da Feitoria), situa-se no então denominado Real Feitoria do Linho Cânhamo.

Na época, parte de uma estância conduzida pela coroa portuguesa, onde a produção de linho cânhamo (planta utilizada na produção de fibras para velas e cordas para as naus portuguesas) era explorada na região.


Em março de 1824, a Real Feitoria foi desativada, dando lugar em 25 de julho ainda do mesmo ano resguardo aos primeiros imigrantes alemães, contardos pelo comando brasileiro, iniciando-se então a primeira colônia alemã na cidade de São Leopoldo.


No decorrer dos anos, a casa teve diversos donos até o ano de 1939, quando sofreu uma restauração, passando a ser um museu destinado a história da imigração alemã. O antigo prédio da Feitoria de arquitetura Lusitana, modificou sua estrutura para estilo Enxaimel, lembrando os imigrantes ali abrigados em 1824.


No ano de 1980 a Casa da Feitoria passou ao Museu Histórico Visconde de São Leopoldo.


Hoje tombado como Patrimônio Histórico Estadual, o interior do local reune um acervo peculiar da época. Apresenta ainda salas temáticas com elementos do passado, trazendo à memória a história dos descendentes alemães.

Horário de atendimento:

Terça, das 8h30 às 11h30. Quarta e sexta, das 14h às 17h30.










terça-feira, 24 de julho de 2012

Entrevista com Marcelo Rubens Paiva - Autor do livro " FELIZ ANO VELHO"




Outro dia, quando procurava por alguns documentos antigos, encontrei um relato histórico, perdido entre papéis antigos. No verão de 1984, Marcelo Rubens Paiva, então um jovem de 24 anos, era recebido em Santos, no auditório das Faculdades Santa Cecília. Relatei o debate, que seria matéria do jornal O Estudante, do Centro dos Estudantes de Santos (CES), do qual eu era secretário geral na época. O Estudante era o órgão oficial do CES, tinha uma tiragem de15 mil exemplares, impresso no jornal A Tribuna, sob a responsabilidade do jovem jornalista e meu amigo Raul Christiano, com distribuição gratuita para todas as faculdades existentes à época em Santos e no Guarujá. Por problemas com a diretoria e com os patrocinadores do jornal, cancelamos a tiragem, e o artigo com Marcelo Rubens Paiva nunca saiu. Ficou esquecido no meio de alguns documentos. 24 anos depois, a ler o artigo, vi que tinha um excelente documento histórico. Decidi finalmente publicá-lo aqui no VIRTUÁLIA.
É uma agradável viagem através do tempo, quando surgiu o fenômeno Marcelo Rubens Paiva e o seu livro Feliz Ano Velho, lançado em 1982, livro que se tornou um dos símbolos da década de oitenta. Na época questionava-se se o jovem autor ao relatar a sua vida até o acidente que o deixara paraplégico, seria um modismo ou se tínhamos um novo escritor. Tudo era especulação, que passadas mais de duas décadas, já temos as respostas. Marcelo Rubens Paiva hoje é um senhor que atinge a idade madura, com vários romances publicados e peças escritas para o teatro.
Com um atraso de 24 anos, segue o artigo que feitas as devidas correções de linguagem, procurei transcrevê-lo na íntegra, conservando aquela atmosfera do verão de 1984, momentos antes da explosão do movimento Diretas Já, que sacudiria o Brasil e a ditadura militar, já agonizante na UTI da história.



Artigo do Jornal O Estudante com Marcelo Rubens Paiva em 1984 – Por Jeocaz Lee-Meddi

Marcelo Rubens Paiva foi recebido no auditório do Santa Cecília, num cenário que se via de um lado espaços cobertos por faixas de propaganda do PT, e de um outro, pessoas sentadas ou em pé, lotando o auditório. Marcelo Rubens Paiva entrou, trazendo o seu olhar maroto, meio infantil, meio adolescente. Percebia-se a satisfação de encontrar tanta gente a sua espera. Correu com os olhos todo o salão, sorriu satisfeito com o que via, como se acumulasse uma certa vitória em voltar a Santos, lugar onde viveu há anos atrás, como um ídolo.
Nos últimos tempos falar de Marcelo Rubens Paiva tornou-se moda nos bastidores da juventude anos oitenta. Instantaneamente nasceu um novo ídolo nacional. O mais curioso é que não é um ídolo imponente e de vigor inatingível, mas frágil pelas limitações de se encontrar em cima de uma cadeira de rodas. Sua presença trouxe ao auditório além dos candidatos e militantes do PT, pessoas de várias tendências políticas do grande balaio que chamam de Frente Democrática, agregadas às diversas alas do PMDB. Divergências políticas à parte, todos estavam ansiosos para ouvir o filho de Rubens Paiva falar. Curiosos para saber suas posições políticas, sua visão de mundo e de Brasil, suas experiências como escritor, enfim, não havia uma pauta ou um tema escolhido. O debate era aberto, à deriva dos curiosos e da capacidade carismática do jovem escritor. Numa época em que os eleitos em 1982 começam a decepcionar, talvez ter um ídolo limitado pela deficiência física traga a esperança de que o brasileiro e a juventude sejam maiores do que o Brasil que se constrói debaixo de uma ditadura. Um ídolo sem a demagogia dos políticos é tudo que essa juventude anseia. Uma esperança além das limitações.
Como explicar o fenômeno Marcelo Rubens Paiva? Mesmo tão jovem, já com uma história que ao se olhar para o seu passado, podemos dividi-lo em antes e depois do acidente que o vitimou, deixando-o paraplégico. A primeira fase da sua vida foi marcada pelo desaparecimento do pai, o deputado Rubens Paiva, levado pela ditadura militar no início dos anos setenta. Apesar da subtração do pai na sua vida, viveu aqui por Santos uma adolescência tão comum quanto a de qualquer um de nós. Fez parte desta cidade, estudando inclusive no mesmo colégio que eu estudei. Santos é uma lembrança tenaz, conforme ele mesmo afirma:
“Santos para mim representa o meu passado. Representa os meus pais, os meus avós, os meus amigos. Eu passei a minha adolescência aqui, estudei no Tarquínio Silva. Minha relação com Santos é sexual. Aqui tive minhas primeiras relações.”
Ao ouvi-lo falar, parece que estamos a ouvir qualquer um de nós que tomou cerveja no Gonzaga e apanhou onda no José Menino. Não nos damos conta da roda-viva que de repente este jovem foi atirado, fazendo com que seja obrigado a tomar posições e ter idéias formadas sobre todos os temas, porque ser escritor neste país é sinônimo de engajamento intelectual.
Após a adolescência em Santos, Marcelo Rubens Paiva foi parar aonde a maioria dos jovens santistas vão, São Paulo. O fato de ter tido um pai deputado e assassinado pela repressão, fez com que crescesse tendo uma visão política consciente e engajada. Muito cedo descobriu o que significava o regime autoritário que se instaurou no Brasil desde 1964. Em 1977, freqüentava a UNICAMP, é das dificuldades no movimento estudantil dessa época que ele nos fala:
”Naquela época fazer movimento estudantil era difícil. Não havia liberdade. Havia liderança de verdade. Quando um líder estudantil falava em greve, havia greve. Só haviam dois partidos políticos. Hoje o estudante tem mais opções, isso dividiu o movimento, porque o estudante não faz só movimento estudantil, ele faz política partidária também.”Há uma distância muito grande entre o estudante de engenharia da UNICAMP e o Marcelo Rubens Paiva atual, cerceado de jovens a idolatrá-lo e a fazê-lo um ídolo. Percebe-se que assim como o sucesso o fascina, causa-lhe uma ligeira intimidação e uma perturbação ao cotidiano. São tantas as cobranças de posições mais claras, definições mais elaboradas, obrigando-o a refletir sobre todos os temas impostos, que diante da pressão de tantas perguntas sobre temas diversos e delicados fazem com que se assuste e vocifere tenazmente:
“Oh gente, não sou nenhum gênio.”
A curiosidade em saber se ele já superou o fato de ter se tornado um deficiente físico incomoda-o, principalmente quando as pessoas olham-no com uma certa tristeza, comentam que moço tão bonito não deveria estar em cima de uma cadeira de rodas. Foi contra esse tipo de preconceito e comiseração humana que ele mais lutou. Lutar contra os preconceitos foi o ponto de partida que deu origem ao livro Feliz Ano Velho.
“Eu queria mostrar para todo mundo que queria ser tratado como normal, apesar de ser deficiente. Escrevi esse livro para mostrar o lado leve da minha deficiência física, que foi o lado que eu encontrei. De repente, é difícil ver alguém que anda em cadeira de rodas sorrindo. Eu tive muito preconceito. E ainda tenho. Eu não me sinto um deficiente, mas já me acostumei com isso. É claro que é um tabu. Na minha faculdade eu tenho um cara que anda de cadeira de rodas e eu digo ‘olha que coitado’, até me esqueço que eu também ando sobre uma. A vida do deficiente é uma barra, você não tem como sobreviver em uma cadeira de rodas, não dá, em São Paulo ou em qualquer lugar do país. Eles não oferecem condições para isso. Mesmo a medicina, é um lado da Ciência que é difícil, microscópica, e, no entanto, ninguém faz investimento nisso, pois um ataque cardíaco dá mais dinheiro do que um deficiente. Todos têm preconceitos. É uma vida difícil, sem futuro, a não ser quando você escreve um livro.”





Feliz Ano Velho tornou-se um dos maiores best-sellers do Brasil. Um fenômeno em vendas. Tornou-se leitura obrigatória entre os universitários brasileiros. Seu sucesso fabuloso ganhou uma adaptação para o teatro, a peça homônima do livro, dirigida por Paulo Betti, foi a maior revelação dos palcos paulistanos no ano passado. Há a cogitação de uma adaptação também para o cinema. O fenômeno Marcelo Rubens Paiva é uma exceção em um país que se fabrica ídolos através da música, do cinema e mais comumente, da televisão, mas nunca através de um livro. Tornar-se um escritor consagrado com um único livro publicado raramente aconteceu na história da literatura brasileira. Escrito como um relato pessoal, sem maiores pretensões literárias, traz uma história direta, sem utilizar uma linguagem rebuscada, pelo contrário, traz uma linguagem próxima da falada pelos jovens de hoje, com os seus tradicionais palavrões, aliás, palavrões que o próprio Marcelo Rubens Paiva usa em sua linguagem com o público. Tentar explicar o porque de Feliz Ano Velho ser um fenômeno editorial no Brasil daria páginas e páginas de teses, sem nunca se chegar a um consenso. Talvez seja um espelho que reflete imagens turvas da juventude atual. O próprio autor surpreende-se com este sucesso que o transformou em uma pessoa famosa tão repentinamente:
“Entrei na literatura por um lapso. De repente, passei por uma transformação de vida que me fazia sentir vontade de ficar só, e, passar para o papel o que eu sentia. Tive sorte de ter um amigo que era dono de uma editora. Isso já facilitou muito. Foi assim que me tornei um escritor.”



Já como uma celebridade, é hora de assumir bandeiras e posições em um país que luta pela volta da democracia e pela volta dos generais à caserna. E na sua escolha partidária, definiu-se pelo Partido dos Trabalhadores:
“O PT entra como um pedaço da nossa crise externa. Fazer política com toda essa confusão é um sacrifício. Hoje, eu nem sei o que eu quero, não sei mesmo. Há vinte anos nós tínhamos exemplos claros, como Cuba, onde poderíamos seguir. Hoje, nós só temos uma dívida enorme e não sei como vão pagar isso.”
Mesmo diante de uma suposta confusão ideológica dos modelos a ser seguidos dentro do atual panorama mundial, está muito seguro na escolha partidária que fez, considerando-a a mais viável:
“O PT não vai resolver as coisas, mas é uma pequena fatia. Quem vai resolver é você. É você reivindicando através da sua casa, do seu sindicato, é você mudar o micro para poder mudar o macro. Nós não somos operários e estamos num partido operário. Uma boa maneira que o Brasil, a Colômbia e a Venezuela tinha de pagarem a dívida externa era plantar cocaína e maconha e exportá-las para os EUA, porque lá eles adoram coca, seria uma forma da gente se vingar de tudo o que eles fizeram com a gente.”


Marcelo Rubens Paiva usa uma forma descontraída e irreverente para responder às questões que lhe são feitas, tratando-as com uma leveza latente. Quando o assunto é o pai, a leveza dá passagem para uma reflexão mais intimista, trazendo uma resposta mais contida:
“Fazer um paralelo entre o meu pai e eu é simples, é que ele mergulhou de cabeça no mundo da política e foi assassinado, e eu mergulhei de cabeça na juventude e aconteceu o que aconteceu.”E parece mergulhar um pouco mais dentro de si, permitindo-se ir mais longe diante de um público tão afoito:
“Deus, para falar sinceramente, eu não acredito em Deus com D maiúsculo, um Deus como o que me apresentam. Acredito no acaso, na energia. Deus é um adjetivo. Sócrates para mim é deus, porque o que ele fez no campo de futebol é incrível.”Novamente a leveza toma conta do seu discurso e entusiasma o auditório, que procuram arrancar mais conceitos do nosso jovem escritor, ansiosos para ouvir o que ele pensa sobre a liberdade, sem defini-la existencial ou ideológica:
“Liberdade? Não acho que liberdade ‘é uma calça velha, azul e desbotada’. A liberdade nunca vai existir totalmente. Eu não me considero livre. Calma, também não preciso saber de tudo.”Pára e toma fôlego. Assustado ou cansado, prossegue após pedir calma. Se aquela juventude que ali está quer se espelhar nele, então dá mais pistas da sua forma de ver o mundo. Fala inclusive sobre o machismo:
“Por menos que a gente queira não ser machistas, não dá, nós fomos criados numa sociedade machista. O homem de hoje está numa crise profunda, o homem não é mais romântico, mas também não é aquele durão. Nós não queremos ser machistas, mas somos, não adianta. A gente continua cantando as mulheres nas ruas, mas não somos cantados por elas. Eu nunca fui. Até gostaria.”Como insistiu em dizer que Feliz Ano Velho foi um relato, um desabafo de vida que deu certo, há a expectativa se continuará a escrever, seja relatos pessoais ou pura ficção. Mas ele prefere não fazer planos sobre a sua eventual carreira como escritor literário:
“Escrever sobre a minha vida foi fácil. Agora pretendo fazer personagens fictícios. Continuo escrevendo para a Veja, para a Status, até mesmo para a Capricho. A literatura no Brasil é uma coisa chata. O escritor de hoje, de repente, está tendo um descompromisso com o sério, deixando de ser apenas uma pessoa séria, que fuma cachimbo e está distante das pessoas. Ele é uma pessoa normal.”
Se entrará para a história da literatura ou não, Marcelo Rubens Paiva é hoje um fenômeno de consenso nacional. Nesse período do desgaste de vinte anos da ditadura, a juventude brasileira faz dele um símbolo de perseverança diante das limitações. O que era para ser um desabafo de vida, um grito diante da fatalidade humana, foi transformado em um grande acontecimento literário. Se o jovem autor fará novos best-sellers, ninguém sabe, segue o estigma do sucesso imediato da primeira obra que às vezes, persegue o seu autor para o resto da vida. Se nasceu um escritor ou um fenômeno fugaz, só o tempo o dirá. Entre a personagem agressiva, cáustica e revoltada de Feliz Ano Velho e o autor de hoje, encontramos um homem mais tranqüilo, mais leve e condescendente com a sua limitação física. Tenta ser apenas um jovem comum, que vive o seu tempo e o momento da sua juventude.
Já fora do auditório, longe das perguntas da platéia, encontro-o frente a frente, fazendo-lhe uma última pergunta: se Feliz Ano Velho fosse escrito hoje, seria diferente? Pela primeira vez não dá uma resposta de imediato, um breve silêncio parece revelar que ele prefere pensar antes de dar a resposta. Apesar de levar mais tempo para responder, dá a resposta mais curta:
“Seria.”
Não diz mais nada. Segue o seu caminho, levado por alguém que lhe empurra a cadeira de rodas. Vou seguindo com os olhos a cadeira de rodas se distanciar, ali vai a maior sensação revelada nos últimos anos através de um livro. Tem um ar de menino, uma juventude que pulsa além das suas mãos trêmulas e sem coordenação motora. Parece estar aliviado depois de responder a tantas perguntas. A fama tem o seu preço. Fazer-lhe reverências é como um acerto de contas que todo o país tem para com ele, afinal os pássaros amargos do Brasil tiraram-lhe o pai. A imensa fome de viver intensamente a sua juventude tirou-lhe os movimentos das pernas. Relatar os dissabores devolveu-lhe os sonhos da juventude. Fenômeno passageiro ou não, herói frágil ou leveza irreverente da alma, as nossas homenagens a este sobrevivente do Brasil.

Obras de Marcelo Rubens Paiva:

Ficção:
1982 – Feliz Ano Velho
1986 – Blecaute
1990 – Ua: brari
1992 – As Fêmeas
1994 – Bala na Agulha
1996 – Não És Tu Brasil
2004 – Malu de Bicicleta
2006 – O Homem Que Conhecia as Mulheres

Teatro:

1989 – 525 Linhas
1998 – Da Boca Pra Fora (E Aí, Comeu?)
2001 – Mais Que Imperfeito
2003 – Closet Show
2003 – No Retrovisor
2006 – Amo-te



tags: marcelo paiva, feliz ano novo, escritor, ditadura

fonte: http://virtualiaomanifesto.blogspot.com.br

BOLSONARO E O REGIME MILITAR, TORTURA E DIREITOS SEXUAIS.




Esse é o FDP filho da ditadura que hoje se esconde como gente no congresso nacional. Esse é um daqueles vermes em costumo falar. Nem sei se não chega a ser uma ofensa pra ele, mas para o bicho chamado verme, tenho certeza que é!!!! Comentem, critiquem o defendam o traste!!! O machão que torturava até mulheres grávidas, como se não fosse uma mulher que lhe deu a vida!! Pra este tipo de "gente" é que eu defendo a pena de morte. Pra covardes escondidos atras de uma farda! Pra mim só tem uma coisa pra esse vagabundo. Morte, mais nada!! E ainda querem puni-lo com a perda do mandat??? Isso tras a vida que este covarde exterminou pelo simples fato de irem contra suas porcas idéias?? Esse é o Brasil, pois deixa este tipinho fazer uma coisa dessas na China e vamos ver quantos projéteis a famíla desse animal terá de pagar que serão devidamente usadas no meio daquela testa!!!
Nada de perda de mandato, marginal tem que apodrecer na cadeia ou morrer do mesmo jeito covarde em que matava inocentes!!
Conheçam este covarde e tem muitos deste tipinho se fazendo de amiguinho do povo pra levar seu voto e depois fazer o que nunca deixaram de fazer: COVARDIA

BOLSONARO PODE SER PUNIDO COM A PERDA DO MANDATO






Mais uma vez Bolsonaro lutando contra os Direitos Humanos, desta vez fez tumultuo na primeira reunião da Comissão Parlamentar da Memória, ligada à Comissão de Direitos Humanos, xingando e ofendendo funcionários, deputados e convidados que prestavam depoimentos - ex-integrantes do Exército e camponeses, envolvidos na Guerrilha do Araguaia.

Ele tentou de tudo para obstruir os trabalhos e paralisar as atividades da comissão, não conseguindo, ele ficou no corredor, aos berros, fazendo ameaças a todo mundo.

“Na reunião, ele ameaçou depoentes, xingou um funcionário da casa, destratou outros parlamentares e deixou a coordenadora da Subcomissão, a deputada Luiza Erundina (PDT-SP), completamente constrangida”, conforme contou o presidente da CDH, deputado Domingos Dutra (PT-MA).


A reunião era fechada para proteger os depoentes, no entanto Bolsonaro tentou intimidar os depoentes, tirando fotografias, inicialmente, ele teria pedido o nome e o endereço dos depoentes ao secretário da comissão, depois aos berros, Bolsonaro chamou os depoentes de mentirosos, segundo narração dos integrantes da comissão, “seus gritos constituíram visíveis ameaças aos depoentes a ponto de um deles não conter seu choro de medo e indignação”.



Quando não conseguiu a lista com o nome e o endereço dos depoentes o deputado quis tomar os papéis e documentos de um servidor, que teria se negado a entregar argumentando que precisava da autorização do presidente da comissão, então Bolsonaro xingou o servidor de "cachorrinho".


Quando começou a fotografar os depoentes foi alertado pelo servidor da proibição, afirmou que “Não, eu sou deputado e você cale a boca que a conversa ainda não chegou no chiqueiro”, humilhando o pobre servidor. Bolsonaro teria repetido a mesma expressão ao referir-se ao deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), que tentava evitar o tumulto na reunião.


Bolsonaro, com maior cara de pau, ainda confirmou o que disse ao servidor: “‘A conversa não chegou no chiqueiro, na pocilga’. Falei para ele, qual o problema?”



A REAÇÃO


O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) cobrou uma ação efetiva da corregedoria. "A postura de Bolsonaro é de incitação à violência. Se a Câmara permitir isso, porque as ruas não irão reproduzir o mesmo?", afirmou Chico, alertando para o perigo de a Casa tratar a atitude de Bolsonaro como uma normalidade.


Bolsonaro é um reincidente, que se posiciona de forma agressiva em relação a todas as causas ligadas aos direitos humanos. Representa os herdeiros da ditadura militar e, por isso, tenta prejudicar os trabalhos da Subcomissão, criada para acompanhar, fiscalizar e ajudar a Comissão Nacional da Verdade, que será instituída pela presidenta Dilma Rousseff.


Apesar de reservada, a reunião foi registrada pela TV Câmara, apenas para uso interno dos deputados. De acordo com a comissão, a gravação servirá de prova contra o parlamentar.


Se for comprovada a quebra de decoro, Bolsonaro pode ser punido com a perda do mandato.


Para Dutra, o entrevero com Bolsonaro revela a exata dimensão de como a investigação dos crimes da ditadura ainda gera polêmica. Muita gente não quer que se descubra o que aconteceu neste período da nossa história.




Bolsonaro é defensor da ditadura, opositor dos direitos sexuais, e defensor da tortura.


Ele afirmou que os anos da ditadura militar “Foram 20 anos de ordem e de progresso” e “O regime, dito de força, negociou e foi além das expectativas dos derrotados ao propor anistia até mesmo para crimes de terrorismo praticados pela esquerda. Agora, no poder, eles [os que eram da esquerda] querem escrever a história sob sua ótica, de olhos vendados para a verdade.”




E continuou, “é notório que a esquerda quer passar para a história como a grande vítima que lutou pelo Estado democrático atual, invertendo completamente o papel dos militares, que, em 1964, por exigência da imprensa, da Igreja Católica, de empresários, de agricultores e de mulheres nas ruas intervieram para que nosso país não se transformasse, à época, em mais um satélite da União Soviética”.


Ele ainda diz que foram os militares (que construíram a ditadura) que lutaram pelo Estado democrático atual... Bela inversão de papeis.


Ele fixou na porta de seu escritório um cartaz que dizia aos familiares dos desaparecidos da ditadura militar "quem procura osso é cachorro".


De acordo com a entrevista de 2000 dada à IstoÉ, Bolsonaro ainda defende a censura, embora a reportagem não especifique qual tipo. Em entrevista concedida no sítio da revista Época, em julho de 2011, o parlamentar afirmou que o regime militar não foi uma ditadura.


Nesta mesma entrevista à revista IstoÉ (2000), ele defende a utilização da tortura em casos de tráfico de droga e sequestro e a execução sumária em casos de crime premeditado. Bolsonaro justifica o uso da tortura pois, segundo ele, "O objetivo é fazer o cara abrir a boca. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico."





Isto tudo sem falar em seus pronunciamentos recheados de preconceitos contra homossexuais.


DIA SEGUINTE


Pela manhã, em discurso no plenário, Bolsonaro criticou a Comissão da Verdade, criada no âmbito do governo pela presidente Dilma Rousseff. "Comissão da patifaria! Comissão da patifaria! Eu quero saber quem são os sete venais ou os sete sem caráter que vão aceitar fazer parte (da comissão)", disse Bolsonaro.



DESEJO


Desejo muito que o Bolsonaro seja punido por falta de decoro e apologia ao crime.


INFORMAÇÕES


Qualquer pessoa que tenha informações sobre o período militar e queira se manifestar na comissão pode entrar em contato pelo e-Democracia ou pelo telefone da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (61) 3216-6570.





Fontes:
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,bolsonaro-pode-responder-a-processo-na-camara-por-mau-comportamento,857370,0.htm



processo:

http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/DIREITOS-HUMANOS/413887-DIREITOS-HUMANOS-PEDE-PROCESSO-CONTRA-BOLSONARO-POR-QUEBRA-DE-DECORO.html

BRUCE LEE: O LUTADOR, FILÓSOFO E ATEU



Bruce Lee nasceu no dia 27 de Novembro de 1940, filho de um famoso cantor de opera. Foi batizado como Lee Jun Fan e foi apelidado ainda na maternidade, de Bruce por sua enfermeira, mas só passou a adotar o nome mais tarde, quando entrou para escola.

Começou a praticar arte marcial por causa de uma briga de rua quando tinha 13 anos. Lee apanhou de um garoto, essa seria a primeira e última vez que perderia uma luta. Começou então a treinar um estilo de Kung Fu chamado Wing Chun instruído pelo lendário mestre Yip Man, que tem alguns filmes inspirados em sua trajetória. Bruce Lee treinou com Yip Man até os 18 anos.



Não é raro encontrar pessoas que acreditam que Lee foi apenas um ator, desconhecendo completamente seus feitos e influencia para o mundo das artes marciais. Talvez nenhum homem tenha mudado tanto o mundo da luta como Bruce Lee fez.

Bruce nunca se limitou apenas ao Kung Fu, demonstrava grande interesse em várias outras artes. Bruce Lee foi o primeiro a agregar várias artes marciais, utilizando apenas o que era eficiente em cada uma, transformando-se em um lutador mais eficiente.



Antes de desenvolver o Jeet Kune Do - um conceito de arte marcial criado por Bruce que mescla várias artes marciais catalogando o que há de mais eficiente em cada uma delas - Bruce treinou pelo menos dez outros estilos, desde a esgrima, até o wrestling e o jiu-jitsu tradicional. Aos 18 anos entrou para um torneio de Boxe, derrotando o campeão que estava invicto por três anos.





Bruce Lee era graduado em Filosofia, pela Universidade de Washington, entrou na universidade em 1961, aos 21 anos. E a visão adquirida desta forma transborda para seus métodos e mesmo para seus livros de artes marciais. Seus livros são famosos por não abordarem o combate de uma forma direta, mas por tratar as artes marciais em pontos de vista filosóficos.


O próprio Bruce Lee afirmou que a luta servia apenas como uma metáfora para os seus ensinamentos. Frequentemente influenciado pelo Budismo, Taoísmo, e pelo Krishnamurti




Quando perguntado por Little John, em 1972, qual era sua religião, Lee respondeu: Nenhuma. Também em 1972, quando perguntado se acreditava em Deus, ele respondeu: Para ser perfeitamente franco, eu não acredito.

Não se limitando a qualquer linha especifica de filosofia, Bruce Lee leu centenas de livros, reunindo aspectos ocidentais, orientais, modernos e antigos em princípios que contribuíram para o amadurecimento de sua filosofia. Nesse processo de aprendizado que se tornaria sua filosofia pessoal, focado na libertação do espírito por um autoconhecimento maior. As artes marciais foram apenas uma ferramenta para expandir seu potencial e compartilhar seu ideal com os outros.


Não vou entrar no mérito se ele foi ou não um grande filósofo, mas seu pensamento sobreviveu à sua morte e isso deve bastar para a maioria das pessoas.



Bruce Lee foi um autor, estudioso, educador, filósofo, bem como um artista inovador marciais; um homem cuja energia criativa e vontade de crescer trouxe-lhe o respeito de centenas de milhares de pessoas.




Entre Seus pensamentos e frases, optei por citar esta lista, que tanto resume sua filosofia, como serve de Lições de vida:


1. OBJETIVO

“Um objetivo nem sempre é para ser atingido, frequentemente serve apenas como algo a ser mirado.”

2. FLEXIBILIDADE

“Limpe a sua mente e seja como a água, sem forma. Você coloca a água num copo e se torna o copo, coloca água em uma garrafa, se torna a garrafa.”

3. TEMPO

“Se você ama a vida, não desperdice tempo, é de tempo que a vida é feita.”

4. PROPÓSITO

“Viver de verdade é viver para os outros.”

5. ACEITAÇÃO

“Não pense sobre quem está certo ou errado ou quem é melhor que o outro. Não seja nem a favor nem contra.”

6. FOCO

“Eu não temo o homem que praticou 10.000 chutes uma vez, eu temo aquele que praticou um chute 10.000 vezes.”

7. SIMPLICIDADE

“Simplicidade é a chave para algo brilhante.”

8. ENCONTRE O SEU CAMINHO

“Absorva o que lhe é útil, descarte o que não é, e adicione algo único.”

9. EGO

“Artes-marciais são principalmente fonte de auto-conhecimento. Um soco ou um chute não é para arrancar os males do cara a sua frente, mas para arrancá-los seu próprio ego, medo e obstáculos.”

10. COMECE AGIR

“Saber não é o suficiente, você tem que aplicar; querer não é o bastante, você tem que fazer.”

Um pouco da história de Brandon Lee



"Keep the faith" - Brandon Lee
Resolvi fazer esse post depois que o SBT transmitiu ontem, na Tela de Sucessos, o último filme de Brandon Lee: “O Corvo”. Propositalmente ou não, a emissora fez esse feito na véspera do aniversário de morte do ator, que hoje completa 19 anos.
Fazia muito tempo que não assistia O Corvo. E é claro que não há como assistir e não se lembrar da tragédia que tirou a vida do filho do mestre Bruce Lee.


Era 31 de março de 1993. Uma das cenas filmadas para o filme (“O Corvo”) requeria que uma arma fosse carregada, engatilhada e apontada para a câmara, mas, por causa da curta distância do tiro, a munição carregada era de verdade, mas sem pólvora. Após a realização desta cena, o assistente do armeiro limpou a arma para retirar as cápsulas, derrubando um dos projéteis no cano. A arma foi carregada com festim (que normalmente tem duas ou três vezes mais pólvora do que um projétil normal, para fazer um barulho alto). Lee entrou no set com um saco de supermercado contendo uma bolsa explosiva de sangue artificial.


O projétil que estava preso no cano foi involuntariamente disparado em Lee, atravessando o saco que ele trazia, causando perfurações em seus órgãos internos e partindo sua coluna vertebral, causando sua morte por hemorragia interna, mesmo com a desesperada tentativa de uma cirurgia de seis horas para retirar a bala. Houve rumores de que os negativos com a filmagem de sua morte teriam sido destruídos sem que nunca fossem revelados. No entanto, segundo fontes extraoficiais, a trágica cena foi incluída na edição final do filme. Nos créditos finais do filme, os produtores incluíram uma homenagem a ele e sua noiva, Elisa Hutton. Sobre o fundo preto, aparece escrita a frase em branco: "For Brandon and Elisa." O casamento de ambos se realizaria no dia 17 de abril de 1993, no México. Brandon, porém, morreu menos de três semanas antes.
Se estivesse vivo hoje, ele teria 47 anos. 



Consequentemente teríamos um ator brilhante para nos presentear com maravilhas da sétima arte.
Brandon tinha apenas 28 anos. Seu personagem no filme, Eric Draven, tinha o rosto pintado semelhante a do Coringa de Heath Ledger (que coincidentemente também faleceu aos 28 anos). O próprio Brandon tinha muitos traços parecidos com Ledger. Enfim, o que quero dizer é que um faz lembrar o outro. E é tão triste saber que dois talentos com uma carreira em expansão tenham terminado seus dias de forma tão repentina, misteriosa e trágica.
Abaixo, um pequeno relato do site The Brandon Lee Movement, contando um pouco sobre a Eliza Hutton, a noiva de Brandon.


'Sempre houve um grande interesse em saber por que Eliza nunca falou com a mídia, e o que aconteceu com ela. Muitos dos amigos de Brandon, bem como Eliza nunca falaram com a mídia, e talvez nunca falem. Brandon era uma pessoa muito reservada, apesar de sua profissão exigir viver uma vida pública. Eliza parecia ter tomado o lado mais difícil (o que é compreensível). A partir dos relatos depois que ela e Linda (mãe de Brandon) haviam trabalhado duro para conseguir que “O Corvo” fosse lançado, Eliza deixou Hollywood no final de 1994 para voltar a costa leste, onde ela já tinha vivido. Supõe-se que ela fez isso provavelmente porque LA pode ter lembrado muito da indústria cinematográfica e o que aconteceu com Brandon.



Também é assumido que ela provavelmente quis ser consolada e ficar perto de muitos de sua família e amigos, que não estavam na costa oeste, e tentar juntar os cacos de sua vida. Eliza voltou para Los Angeles no final de 1990, e voltou a trabalhar novamente a indústria cinematográfica em extras casting. Nos últimos dez anos, ela fez trabalho voluntário e caridade com algumas crianças grupos sem fins lucrativos em Los Angeles, como Hollygrove, que trabalha com órfãos de lares abusivos e negligenciados. Nos últimos anos, Eliza encontrou um pouco de alegria novamente, casando-se na área de Los Angeles, onde ela ainda mora. Uma grande parte de seu coração, sem dúvida sempre será reservado para Brandon, e para o tipo de amor verdadeiro que compartilharam, mas ela mudou - como todos ao redor de Brandon em vida, que é o que ele teria querido por eles.'
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fonte: http://maristabile.blogspot.com.br