sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Por onde anda? Farah Jorge Farah ( O esquadrejador )


Dois anos após condenação, Farah Jorge Farah diz esperar a hora da morte

Farah Jorge Farah, 61 anos, estudante de direito e gerontologia [estudo de questões relacionadas à velhice], diz sentir falta de ternura e carinho. Ele sabe que, se não fosse pelo “ocorrido”, receberia mais abraços e beijos, demonstrações de afeto das quais diz ter saudade.

O “ocorrido” a que ele se refere é o assassinato da ex-amante Maria do Carmo Alves, em 2003, pelo qual Farah foi condenado a 13 anos de prisão por esquartejamento e ocultação do fígado e do coração da vítima. A decisão da Justiça, da qual ele apela em liberdade, completa dois anos neste sábado (17). Após quatro anos preso, o advogado de Farah, Roberto Podval, o mesmo do caso Isabella, conseguiu decisão judicial que permite ao condenado ficar solto até que se esgotem todos os recursos.

Não há data para o julgamento da apelação no STF (Supremo Tribunal Federal). Os processos de Farah não têm movimentação desde 2008 em todas as instâncias, segundo consultas processuais nos sites da Justiça.

Desde que o caso veio à tona, Farah passou a ser reconhecido como “estripador” ou “assassino”, rótulos que ele refuta por dar a ideia de “alguém que já cometeu vários crimes”. Apenas uma vez, ele matou e guardou os pedaços do corpo de Maria do Carmo em cinco sacos plásticos no porta-malas de seu do carro.

A reportagem do R7 almoçou com ele no refeitório da USP Leste (Universidade de São Paulo), onde Farah cursa gerontologia, e viu quando ao menos duas jovens apontaram o dedo para o condenado, do lado de fora do salão. Na Fuvest, o vestibular da USP, ele passou em 17º, entre os 210 admitidos no curso – o R7 noticiou com exclusividade a entrada dele no campus leste da instituição. Por ter sido aprovado, Farah teve que trancar a faculdade de filosofia que fazia na Unesp (Universidade Estadual Paulista).

Confira também:

Farah Jorge Farah passa na USP
Antes do crime, ele chamava atenção por suas habilidades como cirurgião plástico. Maria do Carmo conheceu Farah quando o então médico removeu uma marca da perna dela. Ele recorda como era respeitado por colegas de profissão e pela família.

– Eu era o grande doutor Farah. Hoje sou apontado como o esquartejador na rua.

Depois do crime, Farah foi expulso de todas as associações de que participava. Seu registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) foi cassado em 2006. Com voz levemente aguda, Farah diz que é o mesmo homem de antes do crime, salvo pela decadência de seu corpo.

– Depois dos 60 anos, o corpo humano começa a definhar. Eu estou aqui fazendo hora extra no mundo. Estou esperando a hora da morte.

Farah tem uma carteirinha de posto de saúde cheia de registros de consultas. A saúde frágil fica clara já no caminhar. Ele usa uma bengala, porque teve um nódulo retirado das costas e, por isso, perdeu parte do equilíbrio da perna esquerda.

– Eu, não tenho a menor vergonha de admitir, estou usando fraldas desde o ano passado. Meus pais também usaram fraldas um ano antes de morrer.

Farah, que hoje vive sozinho num apartamento da Vila Mariana (zona sul), fica visivelmente agitado quando fala sobre os pais; o hábito de roçar as unhas compridas das mãos umas nas outras fica mais evidente. Mas, longe desse assunto, o ex-médico mistura, com propriedade, filosofia e questões cotidianas. Nas duas horas em que esteve com o R7, Farah citou os iluministas franceses Voltaire e Montesquieu e os pensadores gregos clássicos Platão e Sócrates – a este, chegou a chamar de “titio”. Quando usa um desses nomes difíceis, pede desculpa e diz que não quer parecer “esnobe”.

Os pais de Farah morreram enquanto ele cumpria pena na carceragem do 13º Distrito Policial, na zona norte de São Paulo. Ao saber da notícia, tentou se matar três vezes. Por isso, passou a ser vigiado 24 horas pelos policiais. Quando pensa no que o levou a tentar se matar, Farah diz não querer lembrar. E chora. Para ele, a pena de morte é melhor do que a vida na cadeia, "uma escola de criminosos que não ressocializa ninguém".

O crime
Sobre o assassinato, Farah conta que sua última lembrança foi a luta que travou com Maria do Carmo em seu consultório. Quando fala disso, Farah puxa uma folha da pasta em que carrega. É a notícia de um vereador que surtou e virou catador de papel, em 2007 - história que compara ao seu "surto". Farah e Maria do Carmo começaram uma relação atribulada em 1996, com vários registros de boletins de ocorrência de ameaças.

Ele diz que não é “anjinho” e que tem culpa. Questionado se a punição é suficiente, Farah tenta desviar do assunto, dizendo que ainda está estudando e não poderia avaliar o caso. Além do curso de gerontologia, o ex-médico está no terceiro ano de direito na Unip (Universidade Paulista). Promete que, “se estiver vivo, um dia vai concluir os todos os cursos” - a rotina se divide entre as faculdades e as consultas médicas.

Questionado mais uma vez sobre a condenação, Farah não altera a voz suave, em ritmo pausado, e vai ao ponto com apenas uma frase.

– Perante Deus, já paguei os meus pecados.

Adventista, Farah não deixou de frequentar os cultos, onde tem amigos. O ex-cirurgião, que também diz seguir alguns dogmas judaicos, afirma não ver incoerência na mistura ecumênica. Apesar de ser apontado nas ruas como "aquele" Farah Jorge Farah, o ex-médico não se intimida e segue em frente com a nova vida. Nas faculdades, diz ter sido discriminado quando os colegas se davam conta de seu passado. Já foi abordado por pessoas indignadas no ônibus e no metrô, mas não deixa de usar o transporte público.

– Aqui as pessoas não abraçam, não beijam. Na cadeia, eu recebia até mais carinho do que aqui fora.


post: farah, esquadrejador,

Sérgio Bittencourt ( Naquela Mesa )

Sérgio Freitas Bittencourt (Rio de Janeiro, 3 de fevereiro de 1941 — 9 de julho de 1979) foi um compositor e jornalista brasileiro.

Filho de Jacob do Bandolim, foi criado em volta dos chorões e das rodas de choro. Na escrita, seu estilo de escrita era duro e desaforado, mas era considerado sentimentalista.

Abalado com a morte de seu pai, compõe a canção Naquela mesa, se tornando grande sucesso na voz de Elizeth Cardoso. Sendo regravada, posteriormente, pelo cantor Nelson Gonçalves e pelo maestro e arranjador francês Paul Mauriat.

Eu não sabia que doía tanto/uma mesa no canto, uma casa e um jardim./Se eu soubesse quanto dói a vida,/essa dor tão doída, não doia assim./Agora resta uma mesa na sala/e hoje ninguém mais fala no seu bandolim./Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele/tá doendo em mim. (...)

Filho que retrata o pai

No dia em que Jacob estaria completando 60 anos (vivo fosse), o jornalista Jésus Rocha, de Última Hora, à época editor do “Segundo Caderno”, pediu ao filho, Sérgio, um depoimento sobre o pai. Ao correr da máquina, Sérgio Bittencourt, jornalista e compositor, escreveu comovente texto acerca da pessoa de Jacob do Bandolim. Eis o retrato que o filho hipersensível traçou do pai idem:

“Sou avesso a biografias, cronologias, datas, números, quando se trata de querer saber quem é quem, quem foi quem. Muito mais hoje, 14 de fevereiro de 1978, dia em que, se vivo estivesse, o cidadão Jacob Pick Bittencourt completaria, ao lado de poucos, porém, enquanto vivos, fiéis amigos — nada mais do que 60 anos de idade.

Filho de uma polonesa da cidade de Lodz, refugiada da Primeira Grande Guerra e de um pacato, quieto, injustiçado — até pelo filho — farmacêutico vindo de Cachoeiro do Itapemirim, o Sr. Francisco Gomes Bittencourt (lá ia eu esquecendo de registrar o nome “duvidoso” de minha avó paterna; a colônia de judeus a chamava de “Regina”. No registro estava Sra. Raquel Pick).

A bem da verdade, “Regina” era o chamado “nome de guerra”.

Jacob nasceu na maternidade de Laranjeiras, fruto de um descuido da polaca e do tranqüilo dono da farmácia Bittencourt, na Rua Uruguaiana, ao lado da “Casa Garson”. Nasceu e ficou nascido! Cresceu na Rua Joaquim Silva e na Avenida Gomes Freire.


Estudou no “Anglo-Americano”, depois de conhecer de perto e ser protegido em menino, por Miguelzinho, Edgar, Camisa Preta. Do “Anglo-Americano”, onde jogou basquete e não cantou o hino em homenagem ao Príncipe de Gales, preferindo, pela vez primeira, “bater gazeta”, o que lhe resultou fratura na perna em três partes, foi para o CPOR e trabalhou no arquivo do Ministério da Guerra.

Já tocava bandolim. Donga, mestre Donga, foi quem o convenceu a prestar concurso para a Justiça — cargo: “Escrevente Juramentado”. Passou em 13º lugar. Na ordem de classificação, vindo de fora, obteve a 1ª colocação. Afinal estava na hora, mulher, dois filhos, sendo um deles, o mais velho, portador de hemofilia, o jeito foi meter a cara nos livros e ir para a grama da Quinta da Boa Vista, onde minha mãe lhe tomava os pontos e com muito amor, ternura e subserviência, lhe preparava lautos sanduíches de pão com pão!...

Nem para uma rapinhada de manteiga, dinheiro havia. Havia, sim: garra. De ambos. Dois filhos, uma vontade de responder ao mundo mais ou menos nestes termos:
– Nasci de uma aventura, cresci no meio do lixo, conheci o lixo, não vivi dele, meu velho pai era quem pagava tudo e eu não sabia, ou tocador de bandolim, artista de rádio ou marginal, como querem, mas, um dia vou ser a lei. E foi.


Embora filho da velha polonesa resmunguenta, que amava mais o papagaio de estimação do que o próprio chamado "fruto do seu pecado" — no caso ele — Jacob só fez lutar, na vida. Eu seria mais franco se dissesse — e vou dizer: Jacob só fez brigar na e pela vida. Minha avó paterna, doce criatura para os netos e o marido, massacrou-o bastante. Ele resistia por amor. Adília Freitas Bittencourt, sua mulher, era tudo para ele — menos na música. Ele era a criatividade. Ela, o artesanato. Sabia de todas as suas preferências: arroz, muito arroz, bife e batatas fritas. Doces, todos os doces.
Pegou-o pelos beiços e soube segurá-lo até o dia 13 de agosto (sempre insano agosto!), de 1969, quando dirigindo sozinho seu carro, Jacob chegava à sua casa, em Jacarepaguá, vindo da residência de um de seus poucos ídolos, Pixinguinha, já ofegante, avisando que estava morrendo, sendo recostado pela mulher e o sogro no chão da grande varanda — onde morreria.

Eram 6 horas da tarde. Diagnóstico: infarto e edema pulmonar.

Já estava fumando seis maços de cigarros por dia. Fez de tudo para largar o único vício, de tratamentos psiquiátricos, até solenes sessões de macumba e hipnose. Nada adiantou. Não jogava, não bebia, em futebol seu time chamava-se “Zizinho Futebol Clube”. Fumava. Apenas.

Um temperamento puramente emocional. Chorava e xingava, numa fração de segundo. Quando ouvia um “acorde” bem feito ao violão, não se continha e gritava: – Bonito!!!

Amava, com a mesma força e sinceridade, seus dois pólos opostos: a Justiça onde chegou a Escrivão-Chefe da 11ª Vara Criminal e a Música; o estudo, a busca, a análise da genuína música popular brasileira.

Jacob do Bandolim Sempre nos amamos, com o amor sério e fiel de dois guerreiros, muitas vezes em trincheiras opostas.

O que fiz por ele, fiz e não digo. O que fez por e de mim, foi um tudo. Me lembro: jamais me mentiu. Era capaz de esbofetear um mentiroso, apenas pela mentira. Fosse de que gravidade.

Me lembro: Papai, vai doer? A perna toda roxa, a enfermeira da Santa Casa, ele: – Vai!

No dentista: – Muito, papai? Ele: – Bastante.

Repito e gosto de repetir: jamais me mentiu. Mas, nos momentos em que estive “cara a cara” com a morte, ele também não me mentiu. E, como nas outras ocasiões, não me mentiu, mas soube, sempre, me estender a mão. Quando eu agarrava, mordia, deixando naquelas mãos santas de datilógrafo e músico, as marcas incuráveis da minha dor.

De tudo que me ensinou, certo ou errado, hoje, dentro dos meus já então parcos e paupérrimos preconceitos, retiro, inapelavelmente, uma solução, uma saída, uma parada para pensar, um pouco de coragem para enfrentar, muita coragem para não “aderir” — na última das hipóteses, um sofisma, uma frase feita — estamos conversados!


Seus ídolos: Almirante, Orestes Barbosa, Noel Rosa, Nonô (pianista, tio de Cyro Monteiro e parente de Cauby), Bonfiglio de Oliveira, Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Sinhô e Frei Fabiano, que passou a viver promiscuamente, com alguns “orixás”, dos mais respeitáveis que surgiam lá em casa para tentar dar um jeito nas três úlceras duodenais, na vesícula (que acabou extirpada), na hipertensão, que Dr. Manoel sempre agüentava, no “bico de papagaio”, da eterna suspeita de câncer, na doença incurável do filho.

Meu pai, em momento algum admitiu morrer. (Observem: seu ídolo, Pixinguinha, morreu dentro de uma igreja. Ele, na hora santa da “Ave Maria”. Não sei, não, mas a vida às vezes, nos mostra algum sentido.)

Estudou Ernesto Nazareth tanto, que agindo policialescamente, uma espécie de “Holmes Jacarepaguense”, provou, pericialmente, que o grande pianista e compositor suicidou-se, quando passeava pelas matas do sanatório da Taquara, num rápido e fatal estado de lucidez. Percebendo-se louco, deixou-se morrer afogado. Desta tese, meu pai não admitia nenhuma contrapartida.

Um dia apaixonou-se pela fotografia. Comprou todo o equipamento, ingressou na ABAF e concorreu com uma foto de uma máscara de ráfia com fumaça em 1º plano. Venceu. Era o que queria.

Não foi homem de botequins. Gostava do “ajantarado” dos sábados e domingos. Sempre naquela mesa. Regime: absolutamente patriarcal. Depois do almoço, ia dormir. O silêncio se fazia, debaixo de todos os medos.

E ensaiava. Ensaiava sempre, com seu conjunto, que, de repente, ele chamou de “Época de Ouro”. Além da sua genialidade, só deu à MPB Elizeth Cardoso — e precisava mais? — e esse menino, Déo Rian.

Sentia-se um pouco “guru” de pessoas como Sérgio Cabral, Hermínio Bello de Carvalho, Ricardo Cravo Albin, a quem respeitava muito, embora, como secretário do tal Conselho Superior de Música Popular Brasileira, discutissem sempre. Ricardo, verdade seja dita, “perdeu” a discussão com ele, apenas por uma simples, porém fatal, questão de tom de voz. Meu pai a tinha linda. Ele próprio, era lindo. Exatamente: um homem lindo. E sabia disto. O que lhe faltasse, talvez, em cultura, sobrava-lhe em inteligência e tirocínio e emoção. Algumas vezes esteve para morrer... diante do belo!

Era homem de saraus, que amanheciam. Incrível: “Escrivão Criminal”, respeitadíssimo na Justiça conseguia ser também, ladrão. Sim: ladrão! Ele sabia que você guardava um disco velho, daqueles da “Casa Edson do Rio de Janeiro”. Aí ele pedia para ele. Você não dava. Então, cismava que você deveria emprestar o disco para ele passar para a fita magnética. Você dizia “não”. Ele simplesmente, furtava. Em casa, no seu Arquivo, muito mais do que um santuário, passava pro gravador, para partitura, pro microfilme e devolvia. Quando devolvia, sejamos sinceros.

Ah, sim outros ídolos: — Radamés Gnattali, Paulo Tapajós, João Pernambuco, Capiba, Luiz Vieira. Detestava o Carnaval: não perdia um desfile de frevos! Vibrava. Chegou a compor e gravar alguns. Dormia cedo, para acordar de madrugada e se enfurnar no seu Arquivo. Ali, era a “Toca do Leão”. Lá conviviam, em perfeita harmonia, seus sonhos e realidades; suas buscas e certezas; seus mortos e vivos.

Suas duas manoplas, tanto serviam para batucar, numa ligeireza fantástica, a máquina de escrever durante o interrogatório (odiava ladrão), como para criar um som que nunca foi de bandolim. Foi dele.

O que Luperce Miranda fazia com estrondosa agilidade, ele fazia com humildade e sentida emoção. Tocava de olhos fechados, apertando o minúsculo e pobre instrumento contra o peito. Muitas vezes, chorou tocando. Ou melhor: sempre tocou chorando.

Admirava a cultura musical de Lúcio Rangel e de Tinhorão. Era um radical. Sempre foi, um radical que se anunciava “tradicionalista”. Mas, que, numa certa noite de 1969, no Teatro João Caetano, ao lado de Elizeth e do Zimbo Trio, tocou de tudo — e quando resolveu executar o “Chega de Saudade”, ficou estabelecido que, realmente, ninguém mais poderá tocar alguma obra de Tom e Vinícius! Uma noite! Uma loucura!

Hoje, sinto pena de seus amigos, da sua mulher e de minha irmã. Todos viram-no morto. Eu, não. Cumpri sua ordem.

Toda vez que ele me vem à mente — e me vem sempre — ou é discutindo com um cassetete na mão e um “32” na outra, ou é interrogando, com a carranca fechada, um punguista da Central, ou é me ensinando naquela mesa, o que, para ele, significava “viver melhor” — ou tirando do seu bandolim, o som liberto e puro do coração. Do coração

. Aos 37 anos de idade, descrente e exausto, sem Deus nem diabo, é que posso afirmar: Jacob Pick Bittencourt foi mais do que um pai. Do que um amigo. Do que um Ídolo. Foi e é, para mim, um homem.

Com todas as virtudes, fraquezas, defeitos e rastros de luz que certos homens, que ainda escrevemos com “agá” maiúsculo, souberam ou sabem ser. E homem com H maiúsculo, para mim é Gênio.

Tenho certeza e assumo: não sou nada, porque, de fato, não preciso ser. Me basta ter a certeza inabalável de que nasci do Amor, da Loucura, da Irrealidade e da Lucidez de um Gênio.

Sérgio Bittencourt

Naquela Mesa
(Sérgio Bittencourt)

Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre, o que é viver melhor,
Naquela mesa ele contava estórias
Que hoje na memoria eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente e contava contente
O que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho, eu fiquei seu fã
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa no canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguem mais fala no seu bandolim
Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele
Tá doendo em mim.



tags: naquela mesa, sérgio bittencout,

Lupicínio Rodrigues



16 de setembro de 1914, Porto Alegre, RS (Brasil)
27 de agosto de 1974, Porto Alegre, RS (Brasil)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
[creditofoto]

Lupicínio Rodrigues, um dos compositores mais originais da MPB, transformou o banal em obra de arte

Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em um bairro pobre da cidade, a Ilhota, no dia 16 de setembro de 1914. Chovia tanto que o córrego próximo da sua casa inundou, obrigando a parteira a chegar lá de barco. Seus pais, Francisco e Abigail, tiveram 21 filhos - e Lupicínio foi o quarto.



Francisco era funcionário público e mandou Lupicínio para a escola logo aos cinco anos de idade. Dizem que o menino se distraía muito cantando na sala de aula e que, por essa razão, teve de parar os estudos, para retomá-los dois anos mais tarde. Enquanto cursava o primário e o ginasial (correspondentes ao atual primeiro grau), trabalhou como aprendiz de mecânico.


Aos catorze anos, ele compôs sua primeira música, "Carnaval", para um cordão chamado Prediletos. Precocemente, já freqüentava a boemia e suas amigas inseparáveis: as bebidas e as serenatas. O pai não gostou e o obrigou a se alistar no Exército, aos quinze anos, como "voluntário".

Em 1933, ele foi transferido para Santa Maria, cidade do interior do estado, e promovido a cabo. Lá, conheceu Iná, que se tornaria uma grande musa inspiradora de sua obra. A relação chegou ao noivado, durando cinco anos, mas acabou porque a família da moça não aceitou a vida boêmia que Lupicínio levava.


Lupi, como era chamado pelos amigos, continuou cantando e compondo. Como cantor, sua maior influência era Mário Reis. E, como compositor, Noel Rosa, que ele chegou a conhecer em 1932. "Esse garoto vai longe", disse Noel, depois de ouvir Lupicínio cantar.


Em 1935, Lupicínio Rodrigues deu baixa do Exército e voltou para Porto Alegre, onde foi trabalhar como bedel na Faculdade de Direito. No mesmo ano, venceu um concurso musical da prefeitura, em comemoração ao centenário da Revolução Farroupilha, com a canção "Triste história", uma parceria com Alcides Gonçalves, que a gravou em 1936, junto com "Pergunte aos meus tamancos", outro samba da dupla.

O sucesso

A consagração veio em 1938, com "Se acaso você chegasse", que revelou também a voz de Ciro Monteiro. O samba estabeleceu a parceria com o compositor e pianista Felisberto Martins. Como ele morava no Rio e trabalhava em gravadora (tornou-se diretor da Odeon), Lupicínio Rodrigues o incumbiu de divulgar músicas suas em troca de parceria.

Lupicínio jamais deixou Porto Alegre. Somente por alguns meses, em 1939, viveu no Rio. Cantou, então, para Francisco Alves, que passou a gravá-lo e tornou-se um dos seus principais intérpretes. O chamado Rei da Voz transformou em sucessos "Nervos de aço", em 1947, "Esses moços" e "Quem há de dizer", em 1948, e "Cadeira vazia", em 1950.


Para o cantor Orlando Silva, Lupicínio deu, em 1947, as canções "Brasa" e "Zé Ponte". Nesse mesmo ano, Lupi obteve projeção nacional com "Felicidade", na gravação do conjunto Quitandinha Serenaders. Em 1949, Lupicínio se casou com a gaúcha Cerenita Quevedo Azevedo. No fim da década de 1940, o compositor abriu uma churrascaria, o primeiro de uma série de bares e restaurantes com música ao vivo que ele viria a ter - uma forma de reunir o trabalho com o que ele mais amava: a boemia.


No início da década de 1950 sua obra ganhou uma importante intérprete: a paulista Linda Batista. Em 1951, ela estourou com o samba-canção "Vingança", talvez o maior sucesso do compositor. No ano seguinte, Lupicínio Rodrigues gravou seu primeiro álbum como cantor: "Roteiro de um boêmio". E, em 1959, compôs o hino oficial do Grêmio Futebol Porto-alegrense. No mesmo ano, a canção "Ela disse-me assim" inaugurou com sucesso a série de gravações que Jamelão faria das músicas de Lupi.


Em 1960, uma regravação que Elza Soares fez de "Se Acaso Você Chegasse" transformou a música em um sucesso novamente. Nos anos seguintes, porém, o nome de Lupicínio caiu no esquecimento.


De tempos em tempos, contudo, Lupicínio Rodrigues é cantado, gravado ou homenageado. Em duas dessas vezes, na década de 1980, a regravação de suas músicas alcançou grande popularidade: "Nunca", na voz de Zizi Possi, e "Loucura", com Maria Bethânia. Entre os intérpretes que fizeram releituras de canções suas na década de 1990 estão Arnaldo Antunes e Adriana Calcanhoto.

O banal sem banalidade

Lupicínio é um dos compositores mais originais da música popular brasileira. Além das inúmeras qualidades do seu trabalho, ele se destacou como o criador da "dor-de-cotovelo". A expressão, graças a ele, passou a designar um estilo de canção que trata das desventuras amorosas, um tema sobre o qual Lupicínio foi um criador imbatível.

"Suas músicas podem lidar com o banal, mas não são banais", escreveu o poeta Augusto de Campos sobre ele. De fato, poucos foram capazes de tanta imprevisibilidade no âmbito da poesia da nossa música popular. De tanta força, fluência, precisão e contundência nos versos. "Eu não sei se o que trago no peito/ É ciúme, despeito, amizade ou horror;/ Eu só sei é que quando eu a vejo,/ Me dá um desejo de morte ou de dor": é o que diz Lupicínio num de seus sambas mais famosos, "Nervos de aço".


Imagens surpreendentes, verdadeiros achados, podem ser encontrados também em várias outras canções de sua autoria, que formam um dos conjuntos mais expressivos da música popular brasileira.


Em 1995, o filho de Lupicínio, Lupicínio Rodrigues Filho, organizou o livro "Foi Assim" (Editora L&PM), com uma seleção das crônicas publicadas por seu pai no jornal "Última Hora", de Porto Alegre, em 1962 e 1963. Na maior parte desses textos, o compositor conta a história das suas músicas: "Eu tenho sofrido muito nas mãos das mulheres, porque sou muito sentimental, mas também tenho ganhado fortunas com o que elas me fazem...", revelou ele numa das crônicas.


Dizem que, para compor, Lupi não usava nem o violão. Criava de maneira peculiar, assoviando. Assim, ergueu uma obra de cerca de uma centena e meia de canções gravadas. Fazia questão de dizer que todos os casos de amor que cantou foram verdade: "A minha vida". Lupicínio Rodrigues faleceu em Porto Alegre, RS, em 27 de agosto de 1974, aos 59 anos, com problemas no coração.


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Lupicínio Rodrigues , por Carlos Rennó.

Lupicínio Rodrigues - entrevista concedida ao jornal "O Pasquim".

Jamelão: Um ícone do samba brasileiro que deixou saudade!

Nascido em São Cristovão, criado em Engenho Novo, ele se tornou um dos maiores ícones do samba.





Apaixonado pela Estação Primeira de Mangueira, Jamelão passou a maior parte da sua vida dentro da escola: começou com ritmista, tocando tamborim e mais tarde se tranformou em intérprete. Dizia que tinha duas grandes paixões na sua vida: O Vasco da Gama e a Mangueira.

Nos temos de sua juventude, costumava dançar e cantar gafieiras onde ganhou o apelido de Jamelão!

O resto da história deste grande intérprete, todos sabem. Alguns diziam que ele ela muito bravo, que detestava ser chamado de "puxador de samba" e que perto dele, não deveria nem pronunciar o nome "Cartola".

Mas a injusta fama de mal-humorado que alguns lhe atribuíram, não era de tudo verdadeira: na verdade Jamelão gostava de fazer "trocadilhos", brincar mesmo: Se fosse convidado a se sentar, dizia: "eu não sento, me acomodo". Se fosse chamado para "tomar alguma coisa", dizia com um sorriso nos olhos, "eu não tomo, eu bebo".

Tinha sim, uma personalidade forte, momentos de impaciência, mas era educado, gentil e divertido com amigos mais próximos. Que o diga sua neta Manoela, uma das grandes paixões do avô.


O amigo, jornalista, cronista e produtor cultural Airton Gontow, reuniu em matéria publicada no ano da morte de Jamelão, algumas histórias engraçadas e curiosas que demonstram bem, como ele mesmo afirmou "o bom humor, do mal-humorado Jamelão", as quais transcrevemos abaixo:





No Sujinho, de madrugada
Estávamos no Sujinho, tradicional reduto da noite paulistana, com a bisteca mais famosa da cidade. Era a noite do jogo do Internacional de Porto Alegre contra o São Paulo, no Morumbi, pela Taça Libertadores. Percebemos alguns colorados, discretos e disfarçados no meio daquele bar lotado de são-paulinos cabisbaixos pela derrota em casa. Lá pelas três da manhã um grupo se aproximou da mesa: "Jamelão, somos gaúchos e teus fãs. Tu podes dar um autógrafo para a gente?" Jamelão olhou fixo para eles e disparou: "só se vocês acertarem qual é a minha musica predileta!". Cheio de generosidade, deu uma dica: "é do Lupicínio".

"Nervos de Aço"", exclamou um. "Vingança", disse outro. "Esses moços, pobres moços, ah se soubessem o que eu sei...", cantarolou um terceiro. Após mais tentativas, ele finalizou a conversa: "Você erraram, não tem autógrafo". Deu um leve pontapé em mim por baixo da mesa e começou a cantarolar: "até a pé nós iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos, com o Grêmio onde o Grêmio estiver". Os colorados olharam atônitos. Ele abriu um largo sorriso e disse: "sou gremista em Porto Alegre, santista em São Paulo e, principalmente, vascaíno no Rio, mas vocês estão de parabéns pela bela vitória. Para quem dou os autógrafos?" Todos rimos saborosamente...





Jamelão explica por que não dá a mão
De cima do palco, Jamelão não percebeu de imediato o braço estendido. O homem pegou na barra da calça do famoso sambista carioca e puxou-a, com relativa força. Jamelão olhou, olhou, mas não teve a provável reação zangada. Inclinou o corpo e pegou o bilhete. Não satisfeito, o homem burlou a vigilância dos seguranças do bar, subiu no palco e logo se aproximou de Jamelão novamente com a mão estendida.

Temi pelo pior e imaginei que Jamelão empurraria ou no mínimo passaria um pito histórico no intruso do palco sagrado. Jamelão olhou, olhou e, finalmente, estendeu a mão para o aperto pedido pelo homem.

O sujeito desceu do palco e Jamelão prosseguiu cantando.

Ao final da canção, Jamelão interrompeu rapidamente os aplausos e disse:
"Há pouco eu quase não dei a mão para aquele homem que agora está sentado lá na frente e que subiu aqui no palco. Mas logo imaginei que no dia seguinte os jornais diriam: 'o Jamelão é antipático', 'o Jamelão é mal educado',. 'o Jamelão é isso, o Jamelão é aquilo'. Além disso essa música é tão bonita que não valia a pena interrompê-la. Por isso retribuí o cumprimento, mas agora eu vou contar por que não gosto de dar a mão para ninguém que não conheço:

Em 1963 eu estava indo para o morro da Mangueira, começou a chover e busquei abrigo na cobertura de um ponto de ônibus. Havia um homem de costas, fazendo xixi em um barranco. Quando ele terminou, virou-se, me viu e gritou: 'Jamelaaaaão!!' E veio em minha direção, com a mão aberta, para me cumprimentar. Então eu falei: 'sai pra lá, você estava pegando no seu e agora que me dar a mão!'

Depois disso pensei: sou um homem público. Aquele homem eu vi onde estava com a mão antes de tentar pegar na minha. Mas dos outros eu não vejo. De repente, aquele homem que está agora sentado lá na frente nem saiba que eu estava no bar, tomou umas cervejas a mais, foi ao banheiro, não lavou as mãos, saiu, ouviu a música e perguntou quem estava cantando. Aí veio até o palco, subiu e tive de pegar no dele por tabela. Por isso não pego na mão de ninguém!", disse Jamelão, para ser ovacionado pela platéia.
No dia 14 de junho, fazem três anos da morte deste carioca de São Cristóvao, que marcou tanto nossas vidas, com sua voz inconfundível e seu humor único. Todos que tiveram o prazer de o conhecer se orgulham de dizer que estiveram ao seu lado um dia. E aqueles que receberam a honra de estar em seu coração se orgulham ainda mais:

O Vasco da Gama, tem orgulho de dizer que ele fez parte da sua torcida, e que talves, hoje, lá do céu, ainda assista as partidas e puxe o coro "Vamos todos cantar de coração...".
Os componentes da Estação Primeira de Mangueira, se emocionam ao relembrar o tempo em que ele estava ali, juntinho com todo mundo.
A família, os amigos, todos relembram saudosos do bom e forte Jamelão que não se sentava, se acomodava, para presentear a todos, com uma canção:

" Saudade, diga a essa moça por favor/
Como foi sincero o meu amor/
Quanto eu a adorei tempos atrás/
Saudade, não esqueça também de dizer/
Que é você quem me faz adormecer/
Pra que eu viva em paz..."

Matéria: Lília Araújo
inspirada nos textos de Airton Gontow (jornalista, cronista e produtor cultural)


tags: musica, jamelão, samba, ícone

Mestre Jamelão


Na história da Cultura e do Samba Brasileiro,
José Bispo, mais conhecido como Jamelão,
tem uma posição muito especial.

Vários aspectos deste artista carioca de múltiplos talentos
o fazem uma personalidade única na Música Brasileira.

Como cantor, o timbre de sua voz, e a maneira com que interpreta tanto
um Samba, Samba de Roda ou Jongo, sempre fiel às raizes Africanas
o colocam na posição de um dos maiores interpretes de nossa Música,
sendo inclusive a voz que impulsiona os desfiles da Estação Primeira de Mangueira
nos últimos 40 anos.


Como compositor, assina alguns dos mais populares sambas de todos os tempos,
como Quem Samba Fica, em parceria com o grande compositor Bahiano
Tião Motorista, ou Eu agora sou feliz, com Mestre Gato ou ainda
Cântico da Natureza, com os pêsos pesados da Mangueira Nelson Matos
(Nelson Sargento) e Alfredo Lourenço (Alfredo Português).

Mas suas glórias não param por aí. Jamelão, gravou um album histórico
com a Orquestra Tabajara de Severino Araújo, (um mestre e inovador de
orquestração) que se tornou a Bíblia da interpretação do Samba Canção.
Êste album transformou-o no maior intérprete de Samba Canção de todos os
tempos e popularizou uma dezena de composições de Lupiscínio Rodrigues.

Atualmente, aos 86 anos Jamelão está sempre em atividade fazendo,
apresentações no Brasil e no exterior, e seguindo sua missão de intérprete
dos Sambas Enredo da Mangueira nos desfiles do Rio de Janeiro.

As gravações de Jamelão são essenciais para quem como êle
ama a Cultura Afro Brasileira, especialmente o Samba e suas derivações.

Aqui, você pode ter um gostinho do enorme talento deste herói Brasileiro.


Apoteose do Samba
Silas de Oliveira/Mano Décio
Real Audio

Quem samba fica
José Bispo/Tião Motorista
Real Audio

Exemplo
Lupscínionio Rodrigues
Real Audio

Exaltação à Mangueira
Eneas da Silva/Aloisio da Costa
Real Audio

tags: jamelão, cantor, compositor, samba, lupicinio, mangueira, verde rosa


Google troca Windows pelo Linux

GOOGLE Google decide abandonar o sistema operacional Windows

Foi decidido pela Google na semana passada que todos os computadores desktops de seus escritórios ao redor do mundo não irão mais utilizar o falho sistema operacional Windows. Ao invés disso, os computadores terão sistemas Linux ou serão trocados por Mac OSX.

A notícia, que foi anunciada no Financial Times, mostra que a gigante da internet decidiu essa troca para mais de 20.000 funcionários em todo o mundo, que serão submetidos à essa mudança. Para provocar um pouco mais, a Google também culpou o windows e sua fragilidade de segurança como um dos fatores que possibilitaram o ataque realizado por hackers no começo desse ano.


Assim, os funcionários vão começar a utilizar computadores Apple ou somente PCs com Linux instalado, além de um incentivo, é claro, para utilizarem o Chrome OS, novo sistema operacional que está para sair no mercado, como uma nova opção.

Depois do boicote total à Microsoft, resta aguardar para saber se o Chrome OS será mais confiável do que seus concorrentes, assim como a companhia espera e aposta.


tags: sistema operacional.microsoft,chrome,windows,linux,troca

Como aparecer na primeira página do Google sem pagar?



A resposta é extremamente simples: faça com que seu site seja o melhor resultado para aquela determinada busca. Apesar do conceito ser simples, a sua aplicação estratégica e prática é complexa, depende de um site bem programado, otimizado, com conteúdo de qualidade em um processo frequente de manutenção, com vários links de redirecionamento e com um razoável número de visitantes na comparação com os concorrentes do mesmo setor.

Para aparecer na primeira página do Google não há uma receita de bolo ou um "milagre" em termos de programação. Por mais que a linha mestra de raciocínio seja a mesma para todos os sites, a estratégia para cada um pode ser diferente.

Conheça agora as principais etapas do processo:

1. Um site bem programado:

Para o Google tanto faz se o seu site é bonito ou feio. Quem se importa com isso é o seu internauta, não os robôs dos sistemas de busca. Um site bem programado tem o código conciso, imagens formatadas no tamanho correto, com CSS bem aplicado e não possui links quebrados.

2. Conteúdo de Qualidade e Manutenção Frequente:

Um site precisa ter conteúdo de qualidade. A ideia central de ter uma página na internet é disponibilizar mais dados e informações sobre produtos e serviços, tirar dúvidas, dar dicas e suporte aos clientes, criar experiências de marca e assim auxiliar as pessoas a formarem opiniões e tomarem decisões acerca do que você estiver oferecendo.

Este conteúdo precisa ter qualidade e ter manutenção frequente para que seu cliente permaneça mais tempo navegando em seu site e que retorne frequentemente em busca de novidades.

3. Otimizado:

Otimização significa preparar o seu site para ser encontrado pelos buscadores. Esse é o trabalho do SEO (Search Engine Optimization). Dentre as ações de SEO para um site, destacam-se: definições de palavras-chave, descrições de páginas e nomenclaturas de títulos, desenvolvimento de sitemaps, reescrita de URLs, identificação de imagens, reestruturação de links e sublinks.

4. Links de redirecionamento:

Quanto mais links estiverem indicando e redirecionando visitas para o seu site, melhor. Com conteúdo de qualidade muitas empresas vão lhe procurar para vender anúncios e trocar banners (o que pode ser visto como um inconveniente, mas é como se negocia propaganda na internet). Por outro lado, pessoas podem postar e comentar sua marca em blogs e outros sites. Incentive essa prática e monitore tudo o que está acontecendo através de ferramentas de análise, como o Google Analytics.

5. Visitantes:

O número de visitas é um dos fatores chave para a classificação de um site. Seguindo os passos anteriores naturalmente o número de internautas navegando dentro do seu site tende a aumentar, mas não na velocidade que você gostaria que acontecesse.

A vantagem é que existem inúmeras estratégias para acelerar esse processo por meio de anúncios na internet (pagos ou não). Assim, canalize visitantes anunciando através de links patrocinados, catálogos empresariais on line, fazendo banners em portais e até mesmo pagando para que um blogueiro fale bem (ou mal) da sua marca na internet.


Fonte: http://www.conceitoideal.com.br

Vendedora obrigada a imitar galinha deve ser indenizada

A rede de lojas Lins Ferrão Artigos de Vestuário deve indenizar em R$ 15 mil uma vendedora que alegou ter sido obrigada a imitar uma galinha cacarejando e batendo asas como represália pelo descumprimento de uma meta. O caso aconteceu em Alegrete, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. De acordo com a trabalhadora, o gerente costumava dividir os vendedores em dois grupos e estabelecia prendas para a equipe que vendesse menos ao fim de determinado período.

A decisão é da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul (TRT-RS) e confirma sentença do juiz Alcides Otto Flinkerbusch, da Vara do Trabalho de Alegrete. Os desembargadores do TRT-RS, entretanto, diminuíram o valor da indenização, arbitrada em R$ 40 mil no primeiro grau. Tanto a empresa como a empregada ainda podem recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

A vendedora afirmou que, em certas prendas, os homens tinham que se vestir de mulheres e vice-versa. Segundo ela, o gerente também fazia comentários depreciativos diante dos outros colegas, até mesmo na presença de clientes. Em uma ocasião, fez com que os vendedores utilizassem pulseiras (rosa para os homens e lilás para as mulheres), que não podiam ser retiradas até que o empregado não atingisse o valor diário de R$ 3 mil em vendas. Abalada, a reclamante afirmou que precisou realizar tratamento para estresse e depressão, e ajuizou ação trabalhista pleiteando indenização por danos morais.

O juiz do Trabalho de Alegrete julgou procedente o pedido. Para seu convencimento, considerou o depoimento de testemunhas que confirmaram as declarações da reclamante. Segundo um dos relatos, entre os "micos" impostos aos vendedores, estavam a obrigação de dançar funk, vestir-se com roupas da loja e imitar bichos. A mesma testemunha declarou que havia perseguição aos vendedores que não atingiam as metas, e que muitos empregados pediam demissão por não suportar a pressão.

Outra testemunha, que também trabalhou na empresa, disse ter presenciado em diversas ocasiões o comportamento agressivo do gerente, que gritava com seus subordinados. Declarou, também, ter solicitado providências ao gerente-geral, sem obter quaisquer resultados. Com base nestes elementos, o juiz determinou o pagamento da indenização. A empresa, inconformada com a decisão, apresentou recurso ao TRT-RS, mas os desembargadores da 3ª Turma mantiveram a sentença, alterando apenas o valor a ser pago como reparação do dano.

Fonte: TRT4

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Isenção de Pagamento de multa de transito - Art. 267

Estou repassando para voces, pois achei interessante e aconteceu comigo e tive que pagar pois os nossos amados Detrans não nos passam essas informações. Na verdade o que eles nos passam são apenas nossos deveres e nada de nossos direitos. Mesmo porque esse dinheiro deixa de entrar no bolso deles, é alguns reais que não serão desviados e que no final do mês certamente farão falta a eles.

Então estou fazendo o papel que deveria ser deles, mas tudo bem para um Detran como o nosso aqui no Rio Grande do Sul que desviou mais de 40 milhões de reais, deve ser mesmo muito dificil passar certas informações! Abraço e espero que seja útil!!!


Algumas coisas que chegam no meu email ainda são interessantes como estas dicas de hoje!

A indústria das multas movimentam milhões de reais, sem contar com as licitações ilícitas onde os nossos políticos enchem o bolso com altas propinas!

Acontece que você tem direito de não pagar uma multa de trânsito, você sabia?! Eu não!

Se a multa for por infração leve ou média, e se você não foi multado pelo mesmo motivo nos últimos 12 meses, não precisa pagar multa.

Diriga-se ao DETRAN e peça o formulário para converter a infração em advertência com base no Art. 267 do CTB.

Tenha em mãos cópia da habilitação e a notificação da multa. Em 30 dias você receberá pelo correio a advertência por escrito. Deste modo você perde os pontos, mas não paga nada.

Código de Trânsito Brasileiro

Art. 267 – Poderá ser imposta a penalidade de advertência por escrito à infração de natureza leve ou média, passível de ser punida com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma infração, nos últimos doze meses, quando a autoridade, considerando o prontuário do infrator, entender esta providência como mais educativa.



tags: informação, transito, multa, detran, multa, multa de transito

FIM DA KODAK – POSSÍVEL FALÊNCIA DA KODAK

FIM DA KODAK – O grupo americano de fotografia, Eastman Kodak, tradicional empresa que se tornou um ícone, anunciou que talvez peça falência após 131 anos de existência.

FIM DA KODAK POSSIVEL FALENCIA DA KODAK FIM DA KODAK   POSSÍVEL FALÊNCIA DA KODAK

A companhia recebeu um aviso da Security and Exchange Commission (SEC, órgão regulador do mercado de capitais americano) de que poderia ter suas ações retiradas da Bolsa de Nova York além de precisar de 1 bilhão de dólares para continuar funcionando. A empresa estaria tentando vender patentes de seu portfólio para impedir a falência, mas como prevenção a Kodak já começa a esperar pelo pior resultado e prepara a documentação caso seja necessário entrar com o pedido. A medida é reflexo da dificuldade de não conseguir mudar seu modelo de negócio acompanhando os avanços tecnológicos dos últimos anos.

A empresa prevê uma reestruturação com a constituição de duas grandes divisões, uma voltada para profissionais e outra para o público não especializado. Esses segmentos substituirão a comunicação gráfica, imagens digitais para o grande público e películas, retoques e lazer.

Visando a decadência da marca, pois entre tantas opções de câmeras fotográficas, a Kodak investiu no ramo de impressoras e jatos de tinta. Contudo, o mercado de cartuchos de tinta também se encontra saturado com alto grau de concorrência. Gradualmente, sem inovação, infelizmente a empresa foi perdendo espaço em todos os mercados.

Mesmo entre todas as dificuldades, a Kodak anunciou uma novidade, o lançamento da câmera wireless Kodak Easyshare M750, desenvolvida para facilitar no compartilhamento de fotos. Ela contém um botão que compartilha suas imagens e vídeos para diversas redes sociais como Facebook, Flickr, YouTube, Kodak Gallery entre outros.

George Eastman, fundador e inventor do filme fotográfico em rolo, foi uma personalidade notável. Em 1888, ele lançou a câmera Kodak, tornando a fotografia acessível a todos. Sua criação inspirou a base de gravação da imagem em movimento. Desde 1900 a empresa já produzia câmeras fotográficas modernas na época. Porém um fato trágico aconteceu em 1932, quando aos 77 anos, Eastman cometeu suicídio, após sofrer por dois anos de uma doença degenerativa.

Atualmente, os produtos da Kodak estão disponíveis em quase todos os países do mundo.

tags: kodak, falencia, mercado de capitais, bolsa de valores, ações, fotografia,

Fonte: pontoxp

GELADEIRA DO FUTURO QUE FUNCIONA SEM ENERGIA ELÉTRICA

BIO ROBOT REFRIGERATOR – As geladeiras correspondem em média a 8% do consumo energético em uma residência. Agora imagine a economia de energia resultante de uma geladeira que não utiliza eletricidade para manter os alimentos resfriados? Pois esta é a proposta do Bio Robot Refrigerator.

BIO ROBOT REFRIGERADOR BIO ROBOT REFRIGERATOR   GELADEIRA DO FUTURO QUE FUNCIONA SEM ENERGIA ELÉTRICA

O Bio Robot Refrigerator na realidade é um refrigerador conceito desenvolvido pelo russo Yuriy Dmitriev, para participar de um concurso da Electrolux denominado Electrolux Design Lab. O projeto foi tão bem recebido que o estudante de design ficou entre os 25 finalistas do concurso, que contou com mais de 1,3 mil projetos inscritos.

O objetivo do Design Lab é fazer com que alunos de design enviem projetos de eletrodomésticos, de acordo com um tema previamente escolhido.

A geladeira funciona sem eletricidade porque utiliza um gel feito de biopolímeros, que através de reações químicas mantém os alimentos resfriados. Este gel preenche a região central do aparelho, que pode comportar vários alimentos.

De acordo com o criador do projeto, o gel empregado é inodoro e não é grudento, e possui densidade suficiente para comportar os alimentos adequadamente no refrigerador, até o momento do consumo.

Como utiliza o gel a geladeira não possui prateleiras, portanto é possível colocar os alimentos em qualquer disposição, otimizando o espaço disponível no aparelho, que já é bem grande: até 90% de seu espaço pode ser utilizado para armazenar alimentos.

GELADEIRA DO FUTURO BIO ROBOT REFRIGERATOR   GELADEIRA DO FUTURO QUE FUNCIONA SEM ENERGIA ELÉTRICA

Outra vantagem do refrigerador conceito é que como ele não possui motor, o usuário não precisará lidar com o incomodo barulho que os aparelhos tradicionais fazem. Além disso, o aparelho possui um quarto do tamanho das geladeiras tradicionais.

Um inconveniente desta geladeira é que ela não tem porta, deste modo qualquer pessoa pode ver o que está dentro dela. Embora isso seja prático na hora de colocar e pegar alimentos sem necessidade de ficar abrindo a porta, pode se tornar desagradável ou destoar da decoração.

Mas este pequeno empecilho pode ser contornado através da imersão de objetos decorativos no gel.

Embora o refrigerador seja apenas um conceito é uma ideia promissora para o futuro, pois ao dispensar energia o Bio Robot Refrigerator auxilia não só na economia de dinheiro, mas também na economia de recursos naturais.


tags: geladeira, refrigerador, futuro, energia eletrica, conceito,

EXPULSÃO DE DANIEL DO BBB12 – HISTÓRIA, MOTIVOS

EXPULSÃO DE DANIEL DO BBB12 – O participante do Big Brother Brasil, Daniel Echaniz, modelo de 31 anos, foi eliminado da 12ª edição do programa. A direção do programa decidiu afastá-lo depois que a Polícia Civil esteve no Projac alegando estar fazendo investigações do possível abuso sexual cometido por Daniel em outra participante, Monique Amin. O participante foi um dos últimos membros a entrar na casa. Ele fazia parte do grupo que estava na plateia onde foi chamado após a apresentação dos outros 12 participantes do reality show.

DANIEL ECHANIZ DO BBB12 EXPULSÃO DE DANIEL DO BBB12   HISTÓRIA, MOTIVOS

Tudo começou em uma festa promovida pelo programa, onde Daniel e Monique começaram a se relacionar. Algum tempo depois Monique demonstra querer se afastar dele, pois pede para que Daniel não fique perto dela. A participante aparentava estar embriagada. Após algumas horas, o casal foi filmado em um quarto chamado “floresta” onde ficaram embaixo do edredom. Era perceptível a troca de beijos e abraços entre eles, porém, Monique depois de alguns minutos pareceu estar dormindo. Aí começa a polêmica. Enquanto Monique permanece aparentemente dormindo, Daniel continua com movimentos embaixo do edredom. Em outra cena Monique aparece com as pernas abertas, mas imóvel, e Daniel supostamente acariciando partes intimas da moça.

No dia seguinte Monique afirmou não se lembrar de nada por causa de uma suposta amnésia alcoólica. Foi questionada pelo programa, mas disse estar confusa sobre o ocorrido. Ela perguntou a Daniel o que aconteceu no dia anterior e ele afirmou só ter dado alguns beijos e acariciado seu corpo.

A polêmica do BBB ganhou grande repercussão nas redes sociais. A hashtag #DANIELexpulso entrou no Trending Topics do Twitter, onde usuários acusavam Daniel de abuso sexual.

A direção do programa não considerou a expulsão do participante, pois afirmaram que não tinham como garantir se houve abuso sexual e ainda disseram que Daniel estava sofrendo racismo na casa. O diretor do programa, Boninho, diz ter conversado com Monique e ela afirmou que na estava acordada e consciente e quando o clima esquentou pediu para Daniel sair da cama.

Entretanto, ontem a medida de expulsar o participante foi anunciada ao público pelo apresentador do reality show, Pedro Bial. A emissora alegou ter sido um grave comportamento inadequado do participante. Em 12 anos, esse é o primeiro caso de expulsão na história do "Big Brother Brasil".


Fonte: Pontoxp

Elis Regina, a Ditadura Militar e Luis Inácio Lula da Silva

Sair da vida para um cemitério, é comum, acontece com todo mundo. Mas sair de um cemitério para a vida, só mesmo simbolicamente. Pois foi o que aconteceu com uma gaúcha chamada Elis Regina Carvalho Costa que, em 36 anos de vida, gravou 27 LPs, 14 compactos simples e seis duplos, que venderam um total de quatro milhões de cópias – um número até hoje impressionante.


Em poucos anos, Elis sai do Inferno para o Paraíso. Ao Inferno, ela chega ao ser “enterrada” no Cemitério dos Mortos-Vivos do Cabôco Mamadô – para onde o cartunista Henfil, no semanário O Pasquim, mandava pessoas que, na opinião dele, colaboravam com a ditadura militar no início da década de 70. Ao Paraíso, Elis ascende ao liderar um grupo de artistas de esquerda (Fagner, Belchior, Gonzaguinha, João Bosco, Macalé e Carlinhos Vergueiro, entre outros), que faz vários shows para levantar dinheiro para o Fundo da Greve do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, no ABC paulista, em 1979.


Essa vivência política é um lado pouco conhecido de Elis Regina que, aos 18 anos, foi sozinha para o Rio de Janeiro, onde chegou a morar num quarto-e-sala na Rua Barata Ribeiro, 200, em Copacabana (um prédio tipo balança-mas-não-cai, celebrizado numa peça de teatro, “Um Edifício Chamado 200”, de Paulo Pontes).


Em 1965, acontece o estouro: Elis vence o I Festival de Música Popular, da TV Excelsior, com “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Elis fez pelo menos três shows antológicos: Falso Brilhante (1975), Transversal do Tempo (1977) e Saudade do Brasil (1980).


Dos seus discos, a maioria de qualidade acima da média, o melhor é o que gravou com Tom Jobim, em 1974, nos EUA, considerado uma obra-prima, mesmo por quem não gosta de Elis Regina. Por causa do seu gestual no palco, agitando os braços como se nadasse de costas, Elis foi chamada de Elis-Cóptero e Élice-Regina, mas o apelido que pega, mesmo, é o que lhe dá Vinicius: Pimentinha. Sim, porque, dali em diante, já como estrela conhecida no país inteiro, ela iria, por assim dizer, apimentar muitos aspectos da vida cultural brasileira, durante praticamente duas décadas.


Do cemitério à anistia – O episódio mais apimentado da vida de Elis, sem dúvida, foi o seu “enterro” no Cemitério do Cabôco Mamadô. Lá, ela fez companhia a gente como Wilson Simonal, Amaral Neto (um deputado carioca de direita, defensor da pena de morte e alcunhado de Amoral Nato), e Flávio Cavalcanti (um apresentador de TV que liderou, metralhadora na mão, a invasão e depredação do jornal Última Hora, no Centro do Rio de Janeiro, logo no início de abril de 1964).




Elis foi “enterrada” por Henfil por duas atitudes em relação ao Governo Federal, na época chefiado pelo ditador-de-plantão general Garrastazu Médici, o mais sanguinário dos militares-presidentes. Primeiro, foi a gravação de uma chamada veiculada em todas as TVs, a partir de abril, conclamando o povo a cantar o Hino Nacional no dia 7 de setembro de 1972. Foi o ano do Sesquicentenário da Independência, uma data que a ditadura aproveitou ao máximo (inclusive com a organização de uma Mini-Copa de futebol, vencida pela Seleção Brasileira).



Vários outros artistas também apareceram em chamadas de TV, promovendo a Olimpíada do Exército, em filmes produzidos pela Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República. A AERP foi uma reedição atualizada do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) do Estado Novo (1937-1945). Por isso, Marília Pêra, Paulo Gracindo, Tarcísio Meira e Glória Menezes, entre outros, também foram “enterrados”.


A segunda atitude de Elis que provocou a ira-santa de Henfil (e um segundo “enterro…”) foi a apresentação dela na Olimpíada da Semana do Exército, em setembro do mesmo ano, 1972.


Hoje, mais de 30 anos depois do Cemitério do Cabôco Mamadô do Pasquim, é preciso entender aqueles tempos-de-chumbo para compreender a postura radical de Henfil. Vivia-se um momento de intensa repressão política. Mas a razão principal do “enterro” de Elis, está no próprio Henfil – um artista engajado que não fazia concessões, e pagou por isso –, que tinha um irmão exilado, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, um militante que fugiu do Brasil para não ser assassinado pelos órgãos de segurança.


E Betinho, indiretamente, teve a ver com um dos motivos para a passagem de Elis do Inferno para o Paraíso: a gravação, em março de 1979, de uma das músicas politicamente mais engajadas da MPB, “O Bêbado e a Equilibrista”. De João Bosco e Aldir Blanc, a música foi uma espécie de hino de um dos mais importantes movimentos políticos da História do Brasil: a luta pela anistia ampla, geral e irrestrita. A campanha foi lançada em janeiro de 1978, com a criação do Comitê Brasileiro de Anistia (CBA), no Rio de Janeiro. “O Bêbado e a Equilibrista” – que emociona até hoje, fala na “volta do irmão do Henfil”. Na época, Betinho – que, como Henfil e o outro irmão, Francisco Mário, era hemofílico e pegou Aids numa transfusão de sangue – estava no México, esperando, justamente, a anistia.


Elis e Henfil: cara-a-cara – O “coveiro” Henfil e sua “defunta” Elis acabaram se encontrando, por iniciativa dela. Sobre esse momento, Henfil deu, três anos depois da morte da cantora, um depoimento tão sincero quanto comovente a Regina Echeverria, autora de “Furacão Elis” (Nórdica – Rio de Janeiro, 1985). O cartunista não pediu desculpas por tê-la “enterrado”, mas se arrependeu. Os dois acabaram amigos sinceros, trabalharam juntos e se falaram até dois meses antes da morte da cantora. Com a palavra, Henfil:



– Foi igualzinho a hoje. De repente, os artistas são arrebanhados pelo Governo, só que – eu não sabia – debaixo de vara, de ameaças, para fazerem uma campanha da Semana do Exército. O que eu vi, na realidade, foi o comercial de televisão. Me aparece o Roberto Carlos dizendo: “Vamos lá, pessoal, cantar o Hino Nacional”. E, de repente, a Elis surge regendo um monte de cantores, de fraque de maestro, regendo o Hino Nacional. E nessa época nós estávamos no Pasquim e eu, mais que os outros, contra-atacando todos aqueles que aderiram à ditadura, ao ditador-de-plantão. (…). Eu só me arrependo de ter enterrado duas pessoas – Clarice Lispector e Elis Regina. (…) Eu não percebi o peso da minha mão. Eu sei que tinha uma mão muito pesada, mas eu não percebia que o tipo de crítica que eu fazia era realmente enfiar o dedo no câncer. Quando nos encontramos anos depois, (…) fomos jantar numa cantina perto do Teatro Bandeirantes e ela fez questão de sentar na minha frente. (…) De repente, ela começou a falar: “Pô, bicho, eu te amo tanto, bicho, te gosto tanto”. E eu já não estava gostando dessa história de “bicho”, porque eu não gostava do jeito que ela falava, nunca gostei. Daí me irritei e disse: “Elis, o que você está querendo dizer com isso? ”. Aí, ela começou a chorar. As pessoas na mesa enfiaram a cara no prato, todos sabiam o que eu tinha feito, só eu não sabia. Ela disse: “Pô, você me enterrou”, e começou a me esculhambar, dizendo que aquilo foi uma covardia, que ela estava ameaçada. (…) Elis nunca me perguntou se eu estava atacando porque ela estava defendendo um regime militar que queria matar meu irmão. (…) Resolvi engolir. Ela terminou de falar, entendeu meu subtexto: “Tá, Elis, eu aceito”. (…) Evidente que os militares estavam pressionando o país inteiro. Eu sabia disso, os militares faziam censura prévia no meu jornal (Pasquim), presença física, todo dia. (…) Então, tinha todo o direito de criticar uma pessoa que ia para a televisão se entregar. Eu não mudei em nada e ela percebeu isso. (…)




– Ela tinha a preocupação de me provar que tinha mudado. Que continuava uma pessoa de confiança ideologicamente. (…) Como se eu fosse inspetor de quem não é de esquerda. Aí, mandava dinheiro: do show que fez no Canecão, inclusive para que eu entregasse aos grevistas de São Bernardo. (…)


No enterro, uma roupa censurada – A atividade política de Elis Regina não se limitou apenas aos shows para os grevistas do ABC ou à gravação do Hino da Anistia. Por exemplo: ela se engajou no esforço de vários artistas para saber o paradeiro do pianista Tenório Júnior, que fazia uma excursão a Buenos Aires, acompanhando Vinicius de Moraes e Toquinho. O músico foi preso na rua, em março de 1976 – sem documento, quando ia a uma farmácia comprar remédio para asma – possivelmente confundido pela repressão argentina com um guerrilheiro.

Elis casou duas vezes (com o compositor Ronaldo Bôscoli e com o músico César Camargo Mariano), e teve três filhos (o músico e produtor João Marcelo Bôscoli e os cantores Pedro Mariano e Maria Rita).




Morreu em São Paulo por overdose de cocaína, às 11h45 do dia 19 de janeiro de 1982. O velório foi no Teatro Bandeirantes, por onde passaram mais de 60 mil pessoas. No dia seguinte, 20 de janeiro, Elis é enterrada no Cemitério (de verdade) do Morumbi. Seu corpo vestia uma roupa que ela foi proibida, pela Censura, de usar no show Saudade do Brasil – uma camiseta com um desenho da Bandeira do Brasil onde, no lugar do “Ordem e Progresso”, estava escrito: ELIS REGINA. Quer dizer: Elis Regina Carvalho Costa, politicamente falando, riu por último ao ser enterrada com a roupa censurada. Tanto que, hoje, é lembrada pela música “O Bêbado e a Equilibrista” e a anistia, e não pela sua “passagem” pelo Cemitério dos mortos-vivos.

tags: elis, musica, mpb, overdose, cantora,ditadura, militar, lula

Fonte: Blog o apedeuta